RESIDÊNCIA: No Vale do Iguaçu, casas são preferência da maioria

Apartamentos ficam em segundo lugar: imóveis nos prédios atraem especialmente jovens e casais sem filhos

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Atualizado há 6 anos

Vale do Iguaçu registra crescimento vertical, mas a maioria prefere morar em casas
Vale do Iguaçu registra crescimento vertical, mas a maioria prefere morar em casas

Já faz tempo que o prédio da extinta Loja Olga e o ainda atual Executive Center, eram os maiores do Vale do Iguaçu. Pioneiros para suas épocas, eles vêm sendo ultrapassados com facilidade nas últimas décadas. O boom na construção civil e o próprio apoio do governo para a criação de conjuntos residenciais verticais, vão modificando a paisagem de Porto União e União da Vitória. Cada vez mais, tijolo por tijolo, as cidades crescem para cima.

Quem mora na região central e em prédios, entende melhor tudo isso. Em algumas quadras, três, quatro prédios altos são vizinhos. O desenho é realmente novo. Tem cerca de dez anos, fruto da expansão do mercado imobiliário – especialmente entre 2007 e 2013.

Curiosamente, porém, segundo as empresas imobiliárias no Vale do Iguaçu, a maioria das pessoas que procuram locais para morar ainda prefere morar bem pertinho do chão. As casas, especialmente as grandes, com gramado, garagem e três quartos (pelo menos), são as queridinhas no mercado. “As famílias geralmente preferem casa, por conta do espaço mesmo. Tem saído bastante as casas geminadas, pelo fato de serem casas”, confirma Alessandra Mara dos Santos, funcionária da Imobiliária Casa & Imóveis, de União da Vitória. Os apartamentos estão em segundo lugar e são preferência entre o público mais jovem, que faz curso superior na região. “Eles preferem algo menor, que pode ficar fechado no final de semana quando viajam para casa”, explica.

Moradias na região central de União da Vitória e de Porto União, também é um dos pedidos mais comuns entre os clientes da Vargas Imóveis, empresa que fica em União da Vitória. Conforme uma das atendentes, as casas precisam ser grandes, com, no mínimo, três quartos. Os apartamentos também aparecem como preferência dos idosos. Na contratação, alegam buscar por segurança e comodidade.

Valores

O preço dos aluguéis na região do Vale do Iguaçu varia bastante. Mas há uma “regra” que define a regulamentação do valor: quanto mais longe do centro, mais barato é. Nestas localidades, imóveis pequenos, de um ou dois dormitórios, podem ser encontrados a partir de R$ 350,00. No centro, casas e apartamentos podem custar até R$ 2 mil mensais, em média, mais a despesa de condomínio (para quem gosta de subir escadas ou andar do elevador).

Censo 2010

O último censo do IBGE, em 2010, mostrou um pouco mais sobre o perfil da habitação do brasileiro. Naquele ano, cerca de 57,3 milhões domicílios foram considerados particulares e permanentes. Em 2000, eram 44,7 milhões. Moravam em casas, na época, 87% da população. No Piauí, em Tocantins e no Maranhão, a proporção de casas chegou a 97% das habitações do Estado.

Ao mesmo tempo, em 2010, o Brasil teve um aumento de 43% no número de apartamentos, que passou de 4,3 milhões em 2000 para 6,1 milhões em 2010. Mais da metade dos prédios está na região Sudeste, sendo que são 1,8 milhão de apartamentos em São Paulo e 1 milhão no Rio de Janeiro. Tocantins tem a menor concentração, são apenas 5.447 apartamentos.

Matéria especial publicada pelo órgão em agosto do ano passado, para a comemoração do Dia Nacional da Habitação, mostrou ainda que no País, 11,4 milhões de pessoas vivem em favelas.

Pensando no coletivo

O arquiteto e urbanista, Murilo Passos, defende que a infraestrutura de uma cidade precisa ser pensada de maneira coletiva. Por isso, é preciso sim, que toda a construção respeite a história daquela região, bem como a legislação local. “Por isso, hoje em dia, dizer que não precisa de fiscalização, é algo ingênuo. É necessário até se checar em um conceito de ética que não seja preciso fiscalizar.  Existe um compêndio de leis que cria e norteia o que é preciso, é atribuição do poder executivo em parceria com o Legislativo”, defende. Neste grupo, entra o Plano Diretor, por exemplo. “É formado e montado por uma equipe técnica, em parceria com audiências públicas, passa por maturidade e é colocado em prática. “Você implementa o plano, todos homologam e é posto em prática”, completa.

Para Passos, um dos pontos que merecem atenção de todos, comunidade e autoridades, é a questão de acessibilidade. “Temos no Vale do Iguaçu herança do petit pavê, mas também um festival de calçadas que não estão corretas. Com carrinho de bebê ou com cadeiras de rodas é muito complicado andar”, ressalta. Por isso, o arquiteto defende o pensamento coletivo. “O olhar diferente, para ver o que realmente é necessário, para atender todos. Antes das obras, deveria acontecer uma conversa para se chegar à estes resultados. A locomoção ainda é complicada”, pontua.