Doze quilos mais magra, Elis Cristina Mazur, de 20 anos, não lembra direito do acidente. Na verdade, por conta da batida forte, perdeu os detalhes na memória de toda a viagem. Por vezes, se esquece até de que embarcou no ônibus da Costa e Mar no dia 13 de março.
Depois de 24 dias internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), no Hospital Dona Helena, de Joinville (SC), foi transferida nesta terça-feira para a Associação de Proteção à Maternidade e à Infância (APMI), de União da Vitória. Ela chegou de avião, em uma viagem de 55 minutos. “Balança mais que ônibus. Dá medo”, brincou.
Durante a internação no Dona Helena, Elis ficou sob coma induzido. Fez pelo menos três cirurgias: no joelho, tornozelo e clavícula e só deve ficar livre da traqueotomia no final de semana. Ontem, tirou a sonda e se alimentou bem, pela primeira vez desde a tragédia. Na APMI, fica internada até sábado, quando deve ganhar alta. “Quero ir para casa. Estou com muita saudade da minha casa, das minhas coisas”, diz.
Elis morava com a mãe, vítima fatal do acidente, e com outros seis membros da família no Bairro Santa Rosa, em Porto União. É a irmã caçula de Luan, que zela pela “maninha” desde o acidente, no dia 14 de março, na Serra Dona Francisca, em Santa Catarina. “Por conta dessa memória mais afetada dela, a gente tem poupado algumas coisas, contando aos poucos”, diz, cauteloso, Luan. Foi ontem que Elis soube que perdeu a mãe e dois sobrinhos na tragédia. Ela não lembra do embarque, da queda do veículo, tampouco o número de sua poltrona.
A jovem, que trabalhava como atendente de uma padaria em União da Vitória, acredita que ganhou uma nova chance. Por isso, já anunciou aos familiares o desejo de ser novamente batizada na igreja católica. “É um recomeço, um novo ano pra mim”, sorri, determinada.
Arthur passa por nova cirurgia
Com um ano e dez meses, o pequeno Arthur é o único sobrevivente ainda hospitalizado longe da “terrinha”. Ele está no Hospital Infantil Jesser Amarante Faria, também de Joinville. Como já mostrou O Comércio, a recuperação dele é boa e tem contagiado a família e especialmente o pai, Wilton Telles de Abreu, com bastante ânimo.
O espírito de esperança foi compartilhado por ele ontem, na rede social, antes da entrada do menino no Centro Cirúrgico. Conforme postagem, Arthur passou pela intervenção para a retirada dos pinos. “Graças a Deus deu tudo certo. Ele está com as perninhas engessadas, parece um robozinho, tadinho”, postou o pai, animado com a recuperação do filho.
Ainda não há previsão de alta para o garotinho. Ele estava no ônibus da Costa e Mar com a mãe e com a avó. Ambas faleceram no acidente.
Rosângela Linhares já está em casa
Transferida em 30 de março para o Hospital São Camilo, de União da Vitória, Rosângela Linhares, de 36 anos, já está em casa. A alta, segundo informações extraoficiais, teria acontecido no começo desta semana (a direção da unidade não informa o quadro clínico dos pacientes).
Desde o acidente, a sobrevivente estava em tratamento no Hospital São José, de Joinville. Conforme seu filho, o também sobrevivente Danrlei Linhares, ela passa bem. Rosângela, entre outros ferimentos mais leves, fraturou uma das pernas.