Já são mais de 40 dias desde o fenômeno natural que deixou a comunidade do Legru e de Antônio Candido, no interior de Porto União, bastante comprometida. Uma pessoa morreu e alguns animais também perderam suas vidas com o que os meteorologistas classificaram como microexplosão.
Mas, quem viveu no “olho do furacão”, garante que foi exatamente isso, um furacão, o responsável pelas perdas e destruição. “Não escutamos explosão, apenas um barulho forte que foi se aproximando e se afastou. Como eu estava na casa, o vento era sugado, com toda a violência”, lembra o professor aposentado Bernardo Knapik sobre o inesquecível 15 de maio. “Foi um caso extremo para nós. A gente não entende porque a natureza às vezes é tão violenta”, completa. Knapik defende sua tese. “Fui pesquisar. O Brasil é o segundo maior País com tornados. Não entendo o que ocorreu como sendo uma microexplosão”, diz.
Knapik tem uma chácara no Legru e tinha planos de viver com a esposa, também professora aposentada, por lá. A decisão vai ser adiada, não por temor de novos fenômenos, mas pelo medo de ladrões, mais constantes desde o episódio de maio. O professor acredita que a região ganhou visibilidade a partir da microexplosão e que no meio de curiosos e de pessoas com boas intenções, também está o “alheio”, como ele define. “Não temos coragem de morar lá, por enquanto, por causa disso. Outras propriedades também tiveram o mesmo problema”, conta.
Impasse na negociação da madeira
Conforme Knapik, a venda da madeira que caiu com a força do vento e daquela que ainda ficou na terra, mas em “tocos”, ainda depende da liberação dos órgãos ambientais. Embora a derrubada tenha sido “natural”, a ação depende do aval legal ou permanece como está. “Mas minha filha está cuidando disso tudo e acredito que nesta semana deve estar tudo liberado”, sorri Knapik.
Relembre o que acontece no Legru
No dia 15 de maio, chuva e vento forte duraram dois minutos, aproximadamente. Rápido e sorrateiro, o fenômeno microexplosão foi suficiente para assustar os moradores do interior de Porto União. Como mostrou O Comércio há um mês, além da morte de Arthur e de alguns animais, houve ainda destruição de vários imóveis, plantações e florestas. Na ocasião, um caminhão tombou, com a força da natureza. A estimativa é de que 20 anos, em média, sejam necessários para a recuperação da mata devastada.
Campanhas
A maioria dos moradores está conseguindo sozinha se reerguer. Contudo, as campanhas que arrecadaram material de construção, especialmente, foram fundamentais para os primeiros passos pós-tragédia. A solidariedade parece ter aumentando inclusive entre os moradores do Legru e comunidades vizinhas. No dia 9 de julho, por exemplo, vai acontecer na chácara de Knapik uma festa junina solidária. Isso mesmo. Ela é restrita aos amigos. Vai ter comida típica, almoço, mas, antes de tudo, muito trabalho.
Caseiro passa bem
Reinaldo Rubin, de 54 anos, de acordo com o Knapik, passa bem. Ele foi levado para Joinville e lá ficou internado e passou por cirurgia. Uma nova intervenção deve ser feita em julho. Até lá, o caseiro vive na casa da irmã, na comunidade de Porto Almeida. Na noite da microexplosão, ele e o irmão – que faleceu – estavam em casa, imóvel que ficava há alguns metros.