VANDALISMO: Você escreveu seu nome AQUI?

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Atualizado há 9 anos

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Na Coronel Amazonas, bancos são arrancados do chão: tudo por um lugar ao sol. (Fotos: Mariana Honesko).

O corretivo que deveria ser usado nos erros do caderno, se transforma em tinta nas mãos de quem não sabe muito bem o que fazer com aquele tubinho, comprado nas papelarias. Em pouco tempo, “obras de arte” se espalham em ambientes públicos. São xingamentos, recadinhos, assinaturas… Tudo em prol de uma rebeldia nem sempre justificada.

O problema dessa liberdade de expressão é o seu direito. Como diz a regra, “ele termina onde começa o do outro”. Por isso, preocupados com a invasão de danos, as prefeituras de União da Vitória e Porto União, trabalham com mais intensidade, dê olho em soluções. E punições também.

No lado catarinense, por exemplo, repercute bem a campanha “Cidade Limpa e bem Cuidada”, da secretaria de Cultura e Turismo. Ela acontece de maneira paralela às ações da secretaria de Meio Ambiente, que foca no lixo jogado na natureza. Mas, os resultados não são apenas favoráveis. “Embora estejamos com as campanhas, estamos com dificuldade grande do pessoal mais jovem em entender que o patrimônio é de todos, não da prefeitura”, lamenta o secretário da Cultura, José Carlos Gonçalves.

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No mirante de Porto União, até cercas de proteção foram arrancadas

Nesta semana, de novo  o mirante em Porto União foi pichado. A recuperação já aconteceu, mas se depender da velocidade vândala, a prefeitura vai ter mais trabalho em breve. “Estamos fazendo o máximo, mas a depredação ainda ocorre”, lamenta. Para conter as intervenções, a prefeitura conta com apoio da Polícia Militar, que tem ajudado na fiscalização deste tipo de crime.

Além disso, as dez câmaras de monitoramento, já instaladas, começam a revelar os rostos dos “artistas” anônimos. Propositalmente, elas estão em locais de movimento e nos ambientes de patrimônio, como praças e monumentos. Também está em vigor na cidade a aplicação do artigo 257 do Código de Posturas. O documento proíbe o vandalismo e pune o vândalo com multa e ressarcimento do dano. O valor, de acordo com a lei, é calculado conforme a dimensão do prejuízo.

O secretário da Cultura de União da Vitória trabalha justamente de frente para um flagrante de desrespeito. A pasta, na Estação Ferroviária, fica diante do Terminal de Passageiros, completamente depredado. Praticamente todos os tijolos que protegiam os passageiros do vento e embelezam o ambiente foram arrancados. E sabe-se lá como. “A pichação é pouco ainda. O que a gente vive hoje é uma onda pior. O vandalismo propriamente dito, é constante”, lamenta, Antônio Oscar Nhoatto.

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Monumentos pintados com corretivo, na Coronel Amazonas

Na cidade, outro exemplo clássico de dano está na Praça Coronel Amazonas. Por lá, até bancos chumbados no chão são arrancados. “Simplesmente porque os vândalos querem colocar os bancos na grama”, explica o secretário. “Se o pessoal cuidasse, poderíamos investir muito mais”, completa.

Entram na lista do “furor artístico”, ainda, as constantes quebras de lâmpadas, de lixeiras, de monumentos e até do recém-inaugurado Parque Linear. Na popular passagem do vau, às margens do Iguaçu, por exemplo, até a foto histórica, que mostrava a travessia dos animais dentro do rio, foi arrancada. O caso é sério, mas parece sem uma solução palpável. “Ninguém ganha nada com isso”, afirma Nhoatto.

 

Arte, com “A” maiúsculo

Na contramão de todo este processo de danos, acadêmicos do curso de Publicidade e Propaganda do Centro Universitário da Cidade de União da Vitória (Uniuv), trabalham na revelação de talentos e na preservação de muros e espaços urbanos.

O projeto “Murocromia”, iniciado na metade do ano passado, tem a orientação do professor Fernando Gohl. “Nosso projeto busca unir aspectos da arte urbana com a propaganda por meio de ações realizadas nos muros das cidades”, explica a acadêmica do sexto semestre, Gabriela Borges Souza. “No início, nosso principal objetivo era fazer painéis que unissem a publicidade e a arte, mas, no decorrer do projeto, passamos a ter interesse nas intervenções urbanas também e buscamos mostrar como a publicidade e arte urbana estão de alguma maneira ligadas”, completa.

Todas as intervenções têm autorização do proprietário do espaço, seja um muro, uma parede, uma divisão. Na prática, a mistura de cores e temas se transforma em obra de arte, bem diferente das manifestações chulas espalhadas nas Cidades Irmãs.

 

Vandalismo em primeiro grau

No final do ano passado, O Comércio publicou o apelo da secretaria de Cultura em relação ao vandalismo. Na época, Gonçalves mostrava Boletins de Ocorrência e uma enorme frustração.