CBN Vale do Iguaçu aborda o tema: Síndrome do Pânico

A doença repercutiu após o Padre Fábio de Mello revelar estágio de sofrimento psíquico

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Atualizado há 7 anos

Recentemente o padre Fábio de Melo revelou em sua rede social sofrer da Síndrome do Pânico. O sacerdote admitiu que ficou uma semana trancado em casa, com sensação de morte e tristeza profunda; além de assumir que pensa em fazer terapia. Fábio de Melo chegou a se esconder embaixo da cama por causa do medo, mas agora está medicado e cumprindo seus compromissos.

Após essa revelação, várias outras pessoas admitiram sofrer de Síndrome do Pânico, como afirma a psiquiatra do Vale do Iguaçu, Luisa Oliveira.

Embasada em sua experiência profissional – com atuação no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de União da Vitória e Porto União, e a Clínica HJ em União da Vitória, ela confirmou que várias pessoas a procuram relatando os sintomas, inclusive descritos pelo Padre. “Penso que ele (O Padre) contribuiu para que as pessoas procurem ajuda e não tenham vergonha de assumir que estão em sofrimento psíquico”.

De acordo com a psiquiatra o sintoma básico é um medo enorme sem explicação, medo infundado; você acha ridículo sentir esse medo, mas não consegue controlar. Ela é caracterizada pela presença de ataques de pânico. “São crises súbitas, espontâneas, com forte sensação de medo (medo de tudo e sem motivo), de perigo, de desmaio, de derrame cerebral, loucura ou morte iminente (o que nunca ocorre); sensação de alerta ou de fuga, necessidade de socorro imediato. É um terrível mal-estar”, conta.

De repente a pessoa sente um mal-estar estranho na cabeça como se fosse perder a razão, a consciência. É comum uma sensação de estar fora da realidade; ou um mal-estar generalizado, como um pressentimento algo muito grave fosse acontecer. E é nesse momento que um outro sintoma aparece: a necessidade de estar ao lado de alguém que traga segurança.

Podem surgir desde palpitações no coração, falta de ar ou dificuldade de respirar, sensação de sufocação, mãos e pés frios, formigamentos nos braços, pernas ou nos rostos, suor ou tremedeira generalizado, mal-estar geral, insônia ou sono excessivo, ondas de calor ou frio, tonteiras.

Porém, pessoas predispostas à síndrome podem desencadeá-la depois de passar por situações traumáticas. Dias, semanas ou meses depois de determinados problemas como perda de entes queridos, desemprego, doenças no lar, pré ou pós-operatórios, assaltos, sequestros, acidentes, entre outros. “Na minha experiência, a crise do pânico pode ser classificada em leve, moderada, grave e muito grave. Alguns portadores do pânico, apesar de muito desconforto, conseguem trabalhar com dificuldades, devido à necessidade; porém outros não conseguem nem mesmo sair da porta de sua casa, ficando confinados, reclusos em seu lar”.

O portador do pânico sofre duplamente, pois além do sofrimento físico que a própria doença proporciona, sofre por não ser compreendido por alguns familiares. “É comum o portador da síndrome ouvir frases como “reaja!”, “isso é frescura…”, “pára de chilique”, “você tem medo do quê?”, conta a psiquiatra.