Em meio à crise da saúde, custo médico-hospitalar registra nova alta

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Atualizado há 8 anos

O custo das operadoras de planos de saúde com consultas, exames, terapias e internações, apurado pelo Índice de Variação de Custos Médico-Hospitalares (VCMH) do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), teve alta de 17,1% nos 12 meses encerrados em junho de 2015. Novamente, o crescimento foi bastante superior à variação da inflação geral no País, medida pelo IPCA, que registrou elevação de 8,9% no mesmo período. Em relação aos indicadores aferidos em março de 2015, o VCMH acelerou 1,6 ponto porcentual (p.p.) enquanto o IPCA avançou 0,8 p.p..

“O ritmo de crescimento do VCMH liga um grande alerta para o setor de saúde suplementar no País. É preciso debater a sustentabilidade do setor, que é extremamente importante não só por cuidar diretamente de 51 milhões de vidas”, enfatiza Luiz Augusto Carneiro, superintendente-executivo do IESS. “O aumento do VCMH continua em um ritmo quase duas vezes superior ao da inflação medida pelo IPCA, como constatado no último levantamento, reforçando a necessidade de debater as causas desse problema e apontar as soluções”, ressalta.

O VCMH/IESS é o principal indicador utilizado pelo mercado de saúde suplementar como referência sobre o comportamento dos custos. O cálculo utiliza os dados de um conjunto de planos individuais de operadoras, e considera a frequência de utilização pelos beneficiários e o preço dos procedimentos. Dessa forma, se em um determinado período os beneficiários usavam em média mais os serviços e os preços médios aumentam, o custo apresenta uma variação maior do que isoladamente com cada um desses fatores. A metodologia aplicada ao VCMH/IESS é reconhecida internacionalmente e aplicada na construção de índices de variação de custo em saúde nos Estados Unidos, como o S&P Healthcare Economic Composite e Milliman Medical Index.

O superintendente-executivo do IESS destaca que o principal fator para a alta do VCMH são os gastos com internação, que respondem por aproximadamente 59% do total dos custos médico-hospitalares. O gasto com consultas corresponde a 11% do total dos custos do setor. Os custos de Exames e Terapias respondem por 15% e 6%, respectivamente.

O VCMH apresenta uma tendência de crescimento para todos os itens de despesa desde fevereiro de 2015. O custo do gasto com consultas, por exemplo, entre fevereiro de 2015 e junho de 2015, teve o maior aumento em pontos percentuais: 6,6. O gasto com internação (maior responsável pelos custos médico-hospitalares) teve aumento de 2,9 p.p..

Carneiro aponta, ainda, que a faixa etária dos beneficiários de planos de saúde é um fator crucial na VCMH. “É natural que seja mais caro tratar pessoas acima de 59 anos, dado o surgimento ou agravamento, por exemplo, de doenças crônicas e outros problemas relacionados ao avanço da idade. O fato de os beneficiários de planos de saúde serem mais idosos do que a população como um todo incide diretamente no aumento dos custos médico-hospitalares”, explica. Na base de cálculo do VCMH/IESS, 23,3% dos beneficiários têm mais de 59 anos.

Sobre o VCMH

O índice de Variação do Custo Médico Hospitalar do IESS – VCMH/IESS- expressa a variação do custo médico hospitalar per capita das operadoras de planos de saúde entre dois períodos consecutivos de 12 meses cada. A amostra utilizada para o cálculo do índice VCMH representa aproximadamente 10% do total de beneficiários de planos individuais (antigos e novos) distribuídos em todas as regiões do país.

Essa metodologia é reconhecida internacionalmente e aplicada na construção de índices de variação de custo em saúde, como o S&P Healthcare Economic Composite e Milliman Medical Index. Além disso, o índice VCMH/IESS considera uma ponderação por padrão de plano (básico, intermediário, superior e executivo), o que possibilita a mensuração mais exata da variação do custo médico hospitalar. Ou seja, se as vendas de um determinado padrão de plano crescerem muito mais do que as de outro padrão, isso pode resultar, no cálculo agregado, em VCMH maior ou menor do que o real, o que subestimaria ou superestimaria o VCMH.

 Sobre o IESS

O Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) é uma entidade sem fins lucrativos com o objetivo de promover e realizar estudos sobre saúde suplementar baseados em aspectos conceituais e técnicos que colaboram para a implementação de políticas e para a introdução de melhores práticas. O Instituto busca preparar o Brasil para enfrentar os desafios do financiamento à saúde, como também para aproveitar as imensas oportunidades e avanços no setor em benefício de todos que colaboram com a promoção da saúde e de todos os cidadãos. O IESS é uma referência nacional em estudos de saúde suplementar pela excelência técnica e independência, pela produção de estatísticas, propostas de políticas e a promoção de debates que levem à sustentabilidade da saúde suplementar.