EM PORTO UNIÃO: População ainda resiste ao trabalho dos agentes da Dengue

Por não acreditar na existência de possíveis focos ou até por receio, comunidade dificulta entrada dos profissionais

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Atualizado há 6 anos

Jaqueline Bughay é coordenadora da Vigilância Ambiental de Porto União
Jaqueline Bughay é coordenadora da Vigilância Ambiental de Porto União

Dá até para entender o medo. Diante de um bombardeio de notícias ruins, que escancaram a violência, a comunidade também se ressente. Por isso, até com a visita dos agentes da Dengue, o olhar é receoso. Mas, não é preciso temer: afinal, neste caso, apenas o mosquito transmissor da doença é quem pode ficar com uma “patinha atrás”. “Tem donos que não deixam a vistoria. Muitas pessoas não acreditam que exista o foco. Outros acham que a nossa obrigação é limpar o terreno delas. Mas nossa obrigação é orientar”, pontua Jaqueline Bughay, coordenadora da Vigilância Ambiental de Porto União.

A visita dos agentes da Dengue só traz benefícios. Além das orientações sobre o mosquito, o dono da casa vê, ao vivo, o trabalho de identificação dos pontos para proliferação. E são muitos. “Temos casas com piscinas sem proteção e também sem tratamento. É importante que caixas d´’agua sejam tampadas, que o lixo não se acumule nos quintais, que a água não se acumule em potinhos, tampinhas, lona”, lista. “Com o Verão, é importante redobrar a atenção”, completa.

E engana-se quem pensa que no Vale do Iguaçu, apenas os bairros correm risco. Na verdade, na lista dos endereços onde o foco já foi encontrado, o Centro aparece. Completam a lista o Cidade Nova, São Bairro, São Francisco e Santa Rosa. “Em 2016, Porto União registrou 16 focos e quatro casos, mas todos importados”, afirma. Os ‘importados’, refere-se ao mosquito que chega vindo de outra cidade. Isso acontece quando ele pega carona na carga de caminhões, na bagagem de quem viajou para longe.

Em Porto União, no ano passado, foi criado o Plano de Erradicação do Vetor, um programa para combate total ao mosquito, atualizado todos os anos.

Como saber se é Dengue

É preciso conhecer o mosquito e também os sintomas. “O transmissor é um mosquito silencioso, com hábitos diurnos. Ele ataca geralmente de manhã e no final da tarde. O mosquito se reproduz em qualquer local que tenha água.  Ele tem pintas brancas no corpo e um desenho nas costas. É fácil identificar”, detalha Jaqueline. Conforme ela, a picada é dada pela fêmea do mosquito, que suga o sangue.

E aí, quando isso acontece, uma série de sintomas bem pontuais aparece. Para entender a força deles, vale lembrar a força da própria Dengue que sim, pode até matar. “Ela casa febre alta, fadiga, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dores musculares, vermelhidão em áreas da pele, náuseas. A Dengue é uma doença febril aguda, um dos principais problemas de saúde pública”, ressalta Jaqueline.

O mosquito é rápido e silencioso, diferente da maioria dos pernilongos, sempre acompanhados por um zunido incomodo. Até hoje, não há nada eficiente para destruir o mosquito e a doença. “A única forma é a prevenção mesmo”, sinaliza. No cotidiano, além dos cuidados com os focos, o uso de repelente, também ajuda.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 50 milhões e 100 milhões de pessoas são infectadas anualmente em mais de 100 países de todos os continentes, exceto a Europa. No Brasil, as condições socioambientais favoráveis à expansão do mosquito Aedes aegypti possibilitaram a dispersão do vetor desde sua reintrodução no país, em 1976. Desde então, o mosquito transmissor da dengue mostrou altíssima capacidade de adaptação ao ambiente criado pela urbanização acelerada e pelos novos hábitos da população.

Outras doenças

Além da Dengue, a Chikungunya e a Zika são outros dois vírus que estão circulando ao mesmo tempo no Brasil, colocando a saúde pública em alerta. Todos, são transmitidas pelo mesmo vetor, o mosquito Aedes aegypti. Embora apresentem sinais clinicamente parecidos, como febre, dores de cabeça, dores nas articulações, enjoo e exantema (rash cutâneo ou manchas vermelhas pelo corpo), há alguns sintomas marcantes que diferem as enfermidades.