Hemocentro precisa de mais doadores

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Atualizado há 9 anos

Enfermeiros e médicos estudam novas possibilidades de horários. Intenção é a partir de fevereiro atender aos sábados

Saúde 02
(Foto: Bruna Kobus)

São 40 minutos. Não dói. A agulha, você nem sente, e o resultado? salva vidas. Para doar sangue é simples, ir bem alimentado até um Hemocentro, levar uma carteira de identificação com foto, pesar mais que 50 quilos e não tomar nenhum medicamento. Contudo, mesmo com esses poucos pedidos e com o novo horário de atendimento em União da Vitória, parece que tem muita gente que ainda não conhece o caminho do Hemocentro, o que está causando problemas por lá.

Conforme a enfermeira Daiane Rodrigues o Hemocentro da cidade está trabalhando no limite. As tipagens que mais faltam são as negativas. “Está faltando agora A-, B- e AB-. Esse é um dos mais raros, mas tem muita gente que usa”, lembra. “Os outros estão no limite”, completa.

Daiane explica que é sempre necessário ter vários tipos de sangue em estoque, mesmo quando não é tempo de férias ou recesso, pois é possível fazer trocas. “No mês de dezembro e agora em janeiro não teve tanta saída como nós achávamos que iria ter, por ser final de ano. Mas, do mesmo jeito, nós atendemos toda a região, vai muito sangue. Se tivermos em estoque um tipo de sangue, nós podemos trocar com outro Hemocentro do País pelo sangue que estamos precisando.”

O Hemocentro de União da Vitória atende as cidades da Associação dos Municípios Sul Paranaense (Amsulpar) e, também, Porto União, Irineópolis e Matos Costa, do lado de Santa Catarina. A demanda é grande para poucos doadores. “Temos os doadores fidelizados, fazemos parcerias com empresas que mandam grupos até aqui, mas não é todo mundo que pode doar, de 20 que vem, dez estão aptos.”

O sangue doado varia de 400 a 450 ml por pessoa. Esse doador, se for homem, pode doar até quatro vezes ao ano. Se for mulher são três vezes. Mas há algumas restrições, se fizer uma tatuagem são 12 meses sem doar e a mulher se engravidar ou estiver amamentando, fica mais um tempo sem comparecer ao Hemocentro.

Mas, caso não seja possível doar sangue, a pessoa tem outra chance de salvar vidas. Ela é mais difícil, uma em 100 mil, mas vale a pena tentar. “Quem não conseguir doar sangue pode se cadastrar para doar Medula Óssea, ela vai fazer uma só coleta na vida inteira e fica no banco de dados. Se alguém for compatível ela será chamada”, conta Daiane.

Nesse caso 4 ml de sangue são suficiente para ficar no banco de dados. A compatibilidade pode ser com qualquer um, brasileiro ou não. Já teve caso em Porto União que uma moradora enviou a Medula para a Suécia. “Medula não é igual a sangue que pessoas da família são comuns ser compatíveis, com a Medula 60% de compatibilidade é com pessoas que não fazem parte do círculo familiar.”

Mas, mesmo sendo um “jogo da Loteria” achar doador compatível, só em dezembro a mesma pessoa em União da Vitória conseguiu doar para dois pacientes. Neste mês, no início das coletas, um outro doador daqui foi indicado como compatível, nesta semana, mais um integra o quadro de doadores escolhidos. “Esses vão até Curitiba retirar a Medula. Eles podem doar quantas vezes quiserem, se forem compatíveis, podem doar sempre”, informa a enfermeira.

Existem duas formas de retirar a Medula. A primeira é feita por uma pulsão na região da bacia e a segunda, a mais frequente segundo Daiane, é o método por aférese. Isso significa que a coleta é feita de forma parecida com a doação de sangue. “A pessoa fica um pouco mais na mesa, cerca de quatro horas, mas é como se estivesse tirando sangue.”

Funciona assim: a máquina que faz a punção venosa retira o sangue pela agulha

(Foto: Bruna Kobus)
(Foto: Bruna Kobus)

e separa o material coletado. Só o que é necessário será utilizado. O método é feito por centrifugação devolvendo outras células ao doador.  “Não sente dor. O que devemos levar em consideração é que geralmente as pessoas que precisam da Medula são crianças. Elas não têm mais chance, elas precisam da Medula, senão vão morrer”, desabada a enfermeira. “Acho que ajudar a salvar outra vida supera a dor da doação”, rebate.

Aonde estão os doadores?

No Banco de Sangue de União da Vitória há registros de doadores frequentes, aqueles que nunca deixam de comparecer. Exemplo é o pedreiro Amarildo Ribas Gomes, de 49 anos, que em 2013 recebeu uma homenagem do Hemocentro por ter doado mais de 70 vezes. Ele começou com o gesto em 1990 e nunca mais parou. “Essa fidelização é sempre difícil, mas quando conseguimos podemos contar com os doadores. Outra barreira é a primeira vez”, lembra Daiane. Para ela muitos têm medo da dor e acabam não comparecendo para doar. A terceira barreira, talvez a desculpa mais frequente, é a falta de tempo. “Tem muita gente que não pode sair do trabalho ou que os horários não batem com os do Banco.”

Que horas funciona?

O funcionamento é feito de segunda a sexta-feira. O novo horário de atendimento, com duas horas a mais, começou em outubro do ano passado, mas ainda não teve o retorno esperado pelo Hemocentro. Com a nova medida os atendimentos são das 13 horas às 16 horas nas segundas e quartas-feiras, das 13 horas às 18 horas nas terças e quintas e, das 13 às 17 horas todas as sextas-feiras. A intenção agora é trabalhar, ao menos, um sábado de cada mês. Segundo Daiane é preciso encontrar um médico que esteja presente e decidir qual período acontecerá as doações. O objetivo é começar com o novo modelo no próximo mês.

Quem pode doar?

A primeira doação pode ser feita dos 18 aos 61 anos. Quem doa desde os 18 pode seguir com a coleta até os 69 anos. Adolescente dos 16 aos 17 anos precisam estar acompanhados dos pais.

O doador também precisa estar com a saúde em dia, caso contrário pode se prejudicar doando o sangue.

Já para doação de Medula Óssea a pessoa tem de ter entre 18 e 54 anos e assinar um termo no Banco de Sangue.

Onde ir?

O centro de coleta fica na Rua Castro Alves, número 26, ao lado do Pronto Atendimento de União da Vitória. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 3522-1365.

(Foto: Bruna Kobus)
(Foto: Bruna Kobus)

Abel Kaczoroski de 48 anos já perdeu as contas de quanto tempo é doador. Abel é do tipo raro, tem sangue AB-, justamente a tipagem que o Hemocentro mais precisa nesta semana. Ontem ele levou outra doadora. Sua filha, Laryssa Viviana Kaczoroski de 18 anos.

A adolescente estava apreensiva, era sua primeira vez no Hemocentro. “Ligaram para o meu pai pedindo que ele viesse doar pois estão precisando e ele me convidou. Decidi vir para conhecer e seguir o que ele sempre fez”, sorriu.