MATERNIDADE: Ministério da Saúde quer entender o PORQUÊ da morte materna

Na APMI, em União da Vitória, último óbito foi registrado há cerca de quatro anos. Em Santa Catarinas, índices são positivos

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Atualizado há 7 anos

Todos os dias, cerca de 830 mulheres morrem no mundo por complicações com a gravidez ou com o parto
Todos os dias, cerca de 830 mulheres morrem no mundo por complicações com a gravidez ou com o parto

A morte materna é caracterizada por acontecer entre gestantes e mães puérperas (até 45 dias depois do parto). Para o Ministério da Saúde, três causas são consideradas as mais comuns para o óbito deste grupo. São elas, a hipertensão, hemorragia e infecção puerperal (no pré e no pós parto). Acontece que, mesmo conhecendo o perfil e as causas de morte, o Ministério quer ir além, e tentar diagnosticar melhor como e por que isso ocorre.

No Paraná, o programa Mãe Paranaense definiu uma nova estratégia que quer reduzir ainda mais os índices de mortalidade materna no Estado. Em conjunto com núcleos de Segurança do Paciente, Epidemiologia Hospitalar e Controle de Infecção Hospitalar, o protocolo vai incentivar e orientar o monitoramento das causas de quase morte em gestantes, conhecidas como near miss.

O Protocolo de Investigação e Monitoramento do Near Miss Materno foi apresentado na semana passada na sede do Conselho Regional de Medicina do Paraná, em Curitiba. O evento reuniu cerca de 200 profissionais de saúde dos 30 hospitais que atendem gestações de alto risco na Rede Mãe Paranaense de todo o Estado, além de alguns serviços de atendimento de risco intermediário e regionais de saúde.

Um destes profissionais foi Aliny Teófilo Klabunde, responsável pelo serviço de enfermagem na Asssociação de Proteção à Maternidade e à Infância (APMI) de União da Vitória. Conforme ela, o evento deixou claro o interesse do Ministério da Saúde em identificar as mães que passaram pela experiência de “quase morte”, tradução literal do termo, near miss. “Agora temos um formulário para que as mães preencham, para tentarmos identificar o perfil”, conta. “O Ministério quer que a gente identifique essas causas prováveis para que eles mensurem isso e entendam porque acontecem tantos óbitos maternos”, completo.

Enfermeira Aliny participou da capacitação: identificar causas é o trabalho da vez
Enfermeira Aliny participou da capacitação: identificar causas é o trabalho da vez

Considerando os níveis do País, de fato, os índices são altos. Já na APMI, hospital que é referência no Estado, o último caso foi registrado há cerca de quatro anos, conforme a direção da unidade. “Temos médicos aqui com muita prática no auto risco, experiência com este tipo de gestação”, comenta Aliny.

Embora o trabalho dentro do hospital seja rápido, caso seja necessária a intervenção, o suporte que começa na base, já quando a mulher identifica a gravidez, garante o sucesso da gestação: logo, de vida longa para a mamãe. “O acompanhamento do pré-natal é muito importante. A ponta é que deveria receber mais investimento porque são os profissionais ali que manejam essa mãe até o final”, avalia a enfermeira.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que todos os dias cerca de 830 mulheres morrem no mundo por complicações com a gravidez ou com o parto. Estima-se também que 88 a 98% dessas mortes sejam evitáveis. No Brasil, a taxa de mortalidade materna é de 75 a cada 100 mil nascidos vivos por ano. No Paraná este número foi de 40,63 em 2016.

Em Santa Catarina

O Estado também comemora os bons resultados do trabalho de prevenção à morte materna. Enquanto o Brasil, em 2015, teve 57,6 óbitos por 100 mil nascidos vivos de mulheres por causas ligadas à gestação, o Estado teve 30,9 óbitos por 100 mil nascidos vivos. Com relação à mortalidade infantil, Santa Catarina apresenta queda nos casos: 11,7 óbitos por mil nascidos em 2011 para 9,9 em 2015. Os números de 2015 também estão abaixo da média no Brasil, que teve 12,4 óbitos de menores de um ano de idade em cada mil nascidos vivos.

LEI DAS DOULAS

Em Santa Catarina, a Lei Nº 16.869, de 15 de janeiro de 2016, diz que as maternidades, casas de parto e estabelecimentos hospitalares congêneres, da rede pública e privada do Estado de Santa Catarina, ficam obrigados a permitir a presença de doulas durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, sempre que solicitadas pela parturiente. A presença das doulas não se confunde com a presença do acompanhante instituído pela Lei federal nº 11.108, de 7 de abril de 2005.