Pacientes causam prejuízo aos cofres públicos municipais

Alguns marcam consultas e não aparecem, tirando a vez de quem poderia ser atendido com o mesmo dinheiro

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Atualizado há 9 anos

As reclamações sobre as filas para consultas com especialistas revelam irresponsabilidade por parte de muitos pacientes que marcam as cirurgias e depois não comparecem para os procedimentos. O prejuízo anual para os cofres da prefeitura de União da Vitória ultrapassa R$ 31 mil em consultas e exames laboratoriais. Os dados estão nos relatórios do Consórcio Intermunicipal Vale do Iguaçu (Cisvali).

Só no primeiro trimestre de 2015, foram 173 ausências, com prejuízo de R$ 5.400,18. De acordo com o secretário de Saúde, Maurício Schewinski, em inúmeros casos, por solicitação médica, os pacientes realizam exames laboratoriais, mas não retornam para retirarem os resultados e dar continuidade ao tratamento. Dessa forma, prejudicam a si mesmos e aos demais usuários que poderiam estar fazendo a fila andar. “Ao marcar uma consulta, na maioria dos casos, com especialistas bastante procurados, e não comparecer para a referida marcação, o paciente tira a vez do outro, que supostamente está aguardando seu atendimento, e a Secretaria de Saúde paga por serviço que acaba não sendo realizado”, explica Schewinski.

Números são assustadores

A Secretaria de Saúde dispõe de cotas de laboratório e oferta essa disponibilidade conforme cada situação e requisição específica. O problema é que os exames são bancados com recursos públicos e o fato de o paciente não comparecer causa desperdício. No demonstrativo do período entre 21 de janeiro a 20 de fevereiro, fica escancarado o desperdício por parte dos pacientes. Dez pessoas faltaram a consulta do oftalmologista José Henrique Pinto de Castilho e RS 340,00 foram perdidos. Nesse período, 56 pacientes deixaram de comparecer às consultas.

De 23 de fevereiro a 20 de março, outros 53 munícipes que marcaram consultas com especialistas não apareceram. As especialidades que mais foram “abandonadas” pelos pacientes foram oftalmologia, ortopedia e dermatologia.

Fechando o primeiro trimestre, de 23 de março a 20 de abril, foram 64 faltosos. Impressionantes 11 consultas de ginecologista foram abandonadas, apesar de a prefeitura ter pago por elas pelo sistema de cotas.

Para entender a dimensão do problema foi preciso o relatório de 2014. No ano passado foram desperdiçados R$ 35.517,00 dos cofres da prefeitura dentro do consórcio Cisvali. Simplesmente 1.115 pacientes não apareceram buscar exames ou para as consultas com os especialistas.

Só em União da Vitória mais de 2 mil pessoas estão na fila de agendamento atualmente. Nas cinco primeiras posições em 2014 estão 265 pacientes que não foram ao oftalmologista, 121 pessoas que deixaram de ir em um dos ortopedistas (mais 77 em outro especialista), 64 “esqueceram” de ir no endocrinologista, 64 no pneumologista e outras 60 que não compareceram no consultório do especialista gastroenterologista e hepatite.

Evitar desperdícios

Não existe nenhuma garantia de que os usuários compareçam nas consultas agendadas e pagas pelo poder público. Não tem como aperfeiçoar os recursos para o setor, se os próprios pacientes não se conscientizam que estão desperdiçando o dinheiro que poderia estar auxiliando outros pacientes.

A Secretaria de Saúde está preocupada com essa situação e buscando a forma mais adequada de utilizar os recursos públicos. “Estamos pedindo aos pacientes que ao marcarem suas consultas, façam todo o esforço possível para comparecem às mesmas e darem prosseguimento ao tratamento” lembrou Schewinski.

Em relação aos exames o secretário solicita que cada usuário do sistema, posteriormente, retire os resultados e repasse ao profissional, para continuidade dos procedimentos.

Para o secretário, é preciso dar celeridade ao atendimento das pessoas que estão aguardando. “Quanto melhor a resposta da população à essa solicitação, mais pontual e em benefício da coletividade será a aplicação do dinheiro público”. Por mais absurdo que pareça, uma das soluções paliativas seria disponibilizar funcionários para “lembrar” os pacientes que precisam comparecer a uma consulta pelo bem da própria saúde e não desperdiçar dinheiro público.

O presidente do Conselho Municipal de Saúde de União da Vitória (CMS), Valdomiro Raizel, confirmou que teve acesso aos dados. Para ele é preciso um trabalho para conscientizar os usuários para evitar o desperdício e acelerar as filas.

A solução

De acordo com Ângela Mara Foltz, Diretora Geral e responsável pelo setor de Agendamento da Secretaria de Saúde, a questão é muito simples. “Basta que os usuários cumpram com sua obrigação. “Se o paciente pega a requisição e não vai fazer o exame e a consulta, ele já está tirando a vez de outra pessoa, mas se ele faz a consulta, os exames, e não volta para apanhar, aí sim o prejuízo é material”, disse.

A reportagem de O Comércio conversou com a paciente Jocione Litwinski, que estava agendando um exame de ultrassom. “Eu utilizo o sistema e sempre sou atendida. Lamento que tem gente que ocupa a vaga de quem precisa e nem comparece nas consultas”, revelou.

Trabalhando na conscientização a Secretaria quer chegar a um mínimo de 2 a 3% de faltas em consulta e exames.