Picada da aranha-marrom não dói. Saiba como identificar

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Atualizado há 6 anos

enfermeiraNão bastasse a atenção que a comunidade precisa ter com o mosquito que transmite a Dengue – e seu sócia, como mostrou recentemente O Comércio – o final do outono ainda exige cuidados com os animais peçonhentos. Eles precisam de pouco para viver: umidade, calorzinho, cantinhos na casa. Por isso, é preciso estar de olho aberto e checar os lugares mais improváveis, como sapatos, frestas, troncos de árvores, atrás dos quadros, entre livros, roupas no varal, restos de material de construção.

Em Canoinhas, por exemplo, apenas neste ano, já foram registrados 36 casos de acidentes com animais peçonhentos. Vale lembrar que peçonhento é quem tem peçonha – o veneno, para ficar mais claro – e que tenha alguma “ferramenta” no corpo para passá-lo para alguém. Na cidade, que fica há cerca de 45 minutos do Vale do Iguaçu, os episódios envolveram especialmente a aranha-marrom, escorpião e até serpentes. Como a cidade fica próxima, a enfermeira do Ambulatório de Epidemiologia de Canoinhas, falou mais sobre o assunto com a reportagem de O Comércio.

Aranhas

Conforme Francieli da Costa Colla (foto acima), a presença e os acidentes envolvendo a aranha, ainda são as situações mais comuns. “O acidente com a aranha na nossa região, que inclui o Vale do Iguaçu, é com a aranha-marrom. Ela é banalizada, porque ela é pequena, magrinha, mas ela é uma das mais peçonhentas que tem. Dependendo do acidente, até a morte pode acontecer, se a pessoa tiver outras condições de saúde para isso. Geralmente é um acidente grave”, explica. Crianças picadas por aranha, a lesão é maior. “Porque a quantidade de veneno inoculada é a mesma, mas o peso [da criança] é muito menor [que de um adulto], o que acaba gerando uma lesão pior”, ressalta a enfermeira.

É fácil identificar o bicho: a aranha-marrom tem cerca de um centímetro, é de cor castanha clara ou escura e é magrinha. O controle do animal se dá a partir do entendimento de como é a vida das aranhas. “Elas se alimentam de pequenos insetos e material orgânico. Então, se você manter a casa distante disso, você já diminui a chance desta aranha estar ali procurando alimentos”, ressalta Francieli. A arranha não ataca: ela se defende. “Por isso o cuidado para manipular jardins e, dentro de casa, cuidar com roupas e calçados”, completa.

Quem estiver na dúvida sobre se a picada é realmente de aranha, basta olhar com atenção para o local do ferimento: dois pontinhos na pele e, posteriormente, em cerca de 60 minutos, acontece o inchaço e dor. “A picada não dói na hora. A dor começa cerca de uma hora depois, na pele e depois vai aprofundando”, ressalta a enfermeira. “Muitas vezes, a família encontra a aranha morta na cama ou perto da cama e fica na dúvida se foi picada ou não. É importante olhar especialmente pés e mãos, onde ela tem mais acesso e procurar como ficou a lesão”, lembra.

Cuidados

Para evitar acidentes deve-se manter a casa sempre limpa, removendo entulhos, madeira e materiais de construção, limpar cantos das paredes, atrás e dentro de armários e guarda-roupas, rebocar paredes e muros. É importante verificar calçados e roupas antes de vestir. Também é recomendável manter gramados aparados e os arredores da casa sempre limpos, evitando o aparecimento de animais que possam servir de alimento para serpentes, aranhas e escorpiões (como baratas e roedores).

A automedicação não é recomendada, muito menos, a aplicação de remédios ou “truques” caseiros. “Há quem passe querosene e até café em pó no ferimento. Se ocorrer a picada, a dica é sempre procurar um posto médico. Quando possível, levar o animal junto. Se não, descrever para o profissional de saúde. Vale também lavar com água e sabão e se for nas extremidades, é importante tirar anéis ou outros objetos, para evitar que em caso de inchaço, dê problema”, orienta.

PORTO UNIÃO

Recentemente, a cidade registrou dezenas de ocorrências envolvendo especialmente escorpiões. Em 2013 e em 2014, no bairro São Pedro, um foco do animal foi encontrado. Na época, a espécie foi enviada para análise na Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) de Santa Catarina. O escorpião detectado foi o Tityus Costatus. Em documento emitido pela Dive, especialistas informaram que esse tipo de escorpião “não apresenta importância epidemiológica”, ou seja, seu veneno não pode matar. Mas, já que é impossível saber se o bicho é ou não perigoso, todo cuidado é válido. Em 2018, alguns casos já foram relatados em redes sociais de moradores do bairro.

Onde levar o animal?

Quem conseguir capturar, pode levar o bicho para o serviço de saúde mais próximo. Se houver necessidade, o animal será encaminhado para uma unidade maior, para avaliação.