Porto União registra caso importado de Dengue

Doença foi contraída na Bahia e consta em relatório periódico atualizado da Dive-SC

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Atualizado há 6 anos

Porto União está entre os municípios catarinenses infestados pelo Aedes aegypti
Porto União está entre os municípios catarinenses infestados pelo Aedes aegypti

Causou surpresa a informação da Divisão de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive-SC) que uma pessoa de Porto União contraiu Dengue em um município do estado da Bahia. Os apontamentos constam no relatório divulgado na última quinta-feira, 08, pelo órgão, em Florianópolis, contudo, se refere a Semana Epidemiológica 9, período de 31 de dezembro de 2017 a 03 de março de 2018.

A autoridade de saúde de Porto União, Marivaldo dos Reis, gestor da pasta, confirmou por telefone à reportagem do Portal Vvale, que um cidadão de Porto União realmente contraiu a doença no estado da Bahia. Segundo Reis, o paciente foi diagnosticado, se encontra acamado em casa e não há possibilidade espalhar a doença. “O período de infectabilidade do paciente já está esgotado, ou seja, aquele período em que estaria disponível o vírus da Dengue ou da Chikungunya no seu sangue já acabou. O paciente chegou a Porto União com os sinais da doença (dengue) e foi imediatamente isolado e tratado. No perímetro de sua residência não há nenhum foco do Aedes aegypti” explicou.

O secretário disse ainda que não há perigo de transmissão da doença ou dela se espalhar pela cidade. “Assim que foi notificado o caso, pedimos os testes rápidos dos sintomas, foi detectado o vírus. Nós estamos na segunda fase de confirmação, que é um protocolo exigido pela Dive-SC, para que se confirme o positivo pela doença”, informou.

Reis também disse que o perímetro da casa do paciente foi “escaneado”, ou seja, passou por uma operação pente fino. “Nós aplicamos os larvicidas em um espaço de 300 metros, que é a distância em que o Aedes atua [voa]. As casas nesse raio de atuação, também foram visitadas e foi aplicado o protocolo necessário”.

Segundo o Dive-SC, na Semana Epidemiológica 09, foram identificados 3,9 mil focos do mosquito Aedes aegypti, em 113 municípios. Em igual espaço de tempo em 2017, havia sido identificado 2,5 mil focos em 103 municípios. O número de focos de 2018 é 53,2% maior quando comparado ao mesmo período do ano de 2017.

Em relação a situação entomológica, até a Semana 09, já são 64 municípios considerados infestados, o que representa um aumento de 23,1% em relação ao mesmo período de 2017, que registrou 52 municípios nessa condição. De acordo com o relatório sobre doenças relacionadas ao mosquito Aedes aegypti, somente neste ano, Santa Catarina registrou dois casos de dengue, todos contraídos fora do Estado.

No período informado pelo boletim, foram notificados 439 casos de dengue em Santa Catarina. Desses, 343 (78,1%) foram descartados por critério laboratorial, 94 (21,4%) estão sob investigação pelos municípios e 02 (0,5%) foram confirmados, ambos importados, isto é, a pessoa foi infectada fora de Santa Catarina. Ainda, segundo o Boletim (04/18), um dos pacientes é morador de Biguaçu, na Grande Florianópolis, e outro é morador de Porto União, no planalto norte catarinense. Os locais prováveis de infecção são Mato Grosso do Sul e Bahia, respectivamente.

Redução do número de focos

Marivaldo dos Reis informou que Porto União está vencendo a luta contra os focos do Aedes aegypti. “No início do ano passado chegamos a ter 275 focos de mosquitos na área urbana do município. De fevereiro a novembro do ano passado [2017], conseguimos diminuir substancialmente o número de focos da doença. Desse total conseguimos baixar para 80 focos em Porto União”, comemora o secretário. A missão, ainda segundo Reis, é nos próximos quatros meses desinfestar o município das larvas do mosquito. Ele disse também que o setor de saúde e seus “parceiros de guerra” ainda têm muito o que fazer, mas que a situação já é bem mais tranquila em relação ao ápice das infestações do Aedes aegypti em Porto União, que aconteceu entre 2016 e o começo de 2017.

Laboratório

Porto União implantou um laboratório de qualificação e identificação. O município lança armadilhas, faz a coleta das larvas e observa se são de mosquito comum ou do Aedes. Segundo Reis, a equipe tem 16 pessoas, duas biotécnicas, capacitadas, coordenadas por uma veterinária, para identificar e classificar as larvas coletadas em tempo real. Segundo o secretário, não há mais necessidade de recorrer ao Laboratório de Florianópolis para fazer esse trabalho.

Plante essa Ideia”: Crotalárias em Porto União

A Secretaria de Saúde, em parceria com a Vigilância Ambiental, está distribuindo gratuitamente mudas de Crotalária em todas as unidades de atendimento do SUS. Elas atuam como repelente natural contra o mosquito, já que a iniciativa tem como objetivo o combate ao mosquito que pode transmitir zika vírus e chikungunya. Mais de 20 mil mudas estão à disposição dos munícipes. Para plantar, basta retirar a planta do tubete onde foi germinada e transferir para um vaso ou solo. Mas atenção: a planta precisa ser retirada do tubete antes de ser plantada.

Porto União, por enquanto, ainda considerado um município infestado, não pode se descuidar da prevenção, tomando atitudes simples, eliminando todo e qualquer local que possa reter água limpa e parada. É importante lembrar que, no mês de março, com muitas chuvas e calor intenso, o ambiente se torna propício para o desenvolvimento da larva do mosquito. Por isso, fica o alerta com as piscinas. A água deve ser observada e, se não for trocada constantemente, deve ser tratada com cloro.

Nesse cenário é que o plantio de Crotalárias chega como mais uma medida preventiva. A flor da planta atrai libélulas que são predadoras naturais de pernilongos e suas larvas. Por isso, Porto União está distribuindo mudas de Crotalárias e incentivando seu plantio em vasos, jardins e quintais utilizando o slogan “Plante essa Ideia”. Além de distribuir gratuitamente mudas à população, a prefeitura também está plantando Crotalárias em vários canteiros mantidos pelo Departamento Municipal de Urbanismo.

No Paraná

Foram notificados do período epidemiológico 31/2017 (primeira semana de agosto) a semana 09/2018 (06 de março), 14.109 casos suspeitos de dengue no Paraná, destes 9.785 foram descartados.  A incidência no Estado é de 4,35 casos por 100.000 habitantes. O Ministério da Saúde classifica como baixa incidência quando o número de casos autóctones for menor do que 100 casos por 100 mil habitantes. Os municípios com maior número de casos suspeitos notificados são Londrina (2.602), Maringá (1.631) e Foz do Iguaçu (1.249). Os municípios com maior número de casos confirmados são: Maringá (145), Foz do Iguaçu (52), e Cambé (25). A 6ª Regional de Saúde, da região de União da Vitória, com 174,9 habitantes, fez 15 notificações de casos. Nenhum deles foi confirmado de agosto de 2017 até o dia 06 de março deste ano.

Sobre a Dengue

A dengue é uma doença infecciosa febril causada por um arbovírus, sendo um dos principais problemas de saúde pública no mundo. Ela é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti infectado. A infecção pelo vírus da dengue pode ser assintomática ou sintomática. Quando sintomática, causa uma doença sistêmica e dinâmica de amplo espectro clínico, variando desde formas mais leves até quadros graves, podendo evoluir para o óbito.