Medo: “Procedimentos para doação de medula são seguros”, afirma bioquímio

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Atualizado há 6 anos

 

banco de sangue 00Em União da Vitória, o Banco de Sangue oferece o cadastro dos interessados para doação de medula óssea. Ocorre que, quando a compatibilidade acontece, as dúvidas da intervenção cirúrgica acabam gerando medo e, logo, a interrupção de todo o processo. Para quem dependia daquele transplante, pode ser o fim de uma espera lenta e, muitas vezes, sem esperança.

O bioquímico do Banco, Alessandro Savi (foto ao lado), garante que o procedimento é seguro. Para ele, mitos e falta de informação ainda interferem. “Muitos pensam que vão doar e se prejudicar. Mas isso não acontece. As três modalidades para coleta são todas seguras”, garante. Conforme Savi, para ser um doador, basta doar uma pequena amostra de sangue e preencher uma ficha cadastral. “Isso vai para o Ministério da Saúde e o exame fica no site. Quando aparece algum paciente compatível, a pessoa é chamada para doação”, explica.

Tanto a doação de sangue quanto o cadastro para ser doador, é voluntário. Contudo, quem se predispõe a isso, deixa evidente que quer ajudar. Por isso, ainda surpreende, inclusive as equipes de saúde, as desistências de quem é compatível (no caso da medula). Vale lembrar que as chances de compatibilidade são pequenas: entre irmãos, é de cerca de 25% a 30%. Já entre desconhecidos, é de um para cada cem mil. Tipagens mais raras, é um caso em cada um milhão. “Claro que a pessoa tem o direito de se negar posteriormente, mas a gente pede que quem não tem esse interesse, que não faça a doação”, pontua.

O Brasil é associado a outros países e, por isso, um doador nacional pode ajudar quem precisa além das fronteiras. Os dados do doador ficam no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redom).

No País, são feitos cerca de 1,5 mil transplantes de medula óssea por ano. Desses, cerca de 150 são os chamados não aparentados. Sempre há chance de rejeição, quando as células da medula óssea do doador não reconhecem os órgãos do receptor.

Tem dúvidas? Vamos esclarecer!

A página do Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) traz informações detalhadas sobre a doação de medula. Antes é preciso entender que a medula é um líquido que fica dentro dos ossos. Lá, são produzidos os componentes mais importantes que formam o sangue. Os glóbulos brancos, agentes de defesa do organismo; os glóbulos vermelhos, que carregam oxigênio para as células do corpo; e as plaquetas, que compõem o sistema de coagulação. E não é a mesma coisa que medula espinhal:  esta, é formada de tecido nervoso que ocupa o espaço dentro da coluna vertebral e tem como função transmitir os impulsos nervosos, a partir do cérebro, para todo o corpo. Então, para deixar claro, medula espinhal e medula óssea são diferentes.

E como será o processo de doação? Antes de qualquer coisa, a pessoa compatível fará um exame clínico para confirmar o seu bom estado de saúde. Não há exigência quanto à mudança de hábitos de vida, trabalho ou alimentação. A doação é feita por meio de um procedimento no centro cirúrgico, com anestesia geral ou peridural, de aproximadamente 90 minutos, em que são realizadas de 4 a 8 punções com agulhas nos ossos da bacia (cristas ilíacas), para que seja aspirada parte da medula. Retira-se um volume de medula em torno de 15 ml por quilo de peso doador, podendo chegar até 20 ml por quilo. Esta retirada não causa qualquer comprometimento à sua saúde e você recebe alta no dia seguinte à doação.

Há um outro método de doação chamado coleta por aférese. Nesse caso, o doador faz uso de uma medicação por cinco dias com o objetivo de aumentar o número de células-tronco circulantes no seu sangue. Após esse período, a pessoa faz a doação por meio de uma máquina de aférese, que colhe o sangue da veia do doador, separa as células-tronco e devolve os elementos do sangue que não são necessários para o paciente. Não há necessidade de internação nem de anestesia, sendo todos os procedimentos feitos pela veia. A decisão sobre o tipo de doação é exclusivamente dos médicos.

Uma das indicações para o transplante é a anemia aplástica, doença que se caracteriza pela falta de produção de células do sangue na medula. Ou seja, a medula para de funcionar. A outra indicação é a leucemia, um câncer que afeta a velocidade de produção e a própria função dos glóbulos brancos.

EM DESTAQUE PARA SABER MAIS

  • A doação é um procedimento que se faz em centro cirúrgico, sob anestesia peridural ou geral, e requer internação de 24 horas.
  • A medula é retirada do interior de ossos da bacia, por meio de punções.
  • O procedimento leva em torno de 90 minutos.
  • A medula óssea do doador se recompõe em apenas 15 dias.
  • Nos primeiros três dias após a doação pode haver desconforto localizado, de leve a moderado, que pode ser amenizado com o uso de analgésicos e medidas simples.
  • Normalmente, os doadores retornam às suas atividades habituais depois da primeira semana após a doação.
  • A decisão sobre o método de doação mais adequado é exclusiva dos médicos assistentes, tanto do paciente quanto do doador, e será avaliada em cada caso.
  • Medula espinhal e medula óssea são diferentes.

 

Doação de medula