Rede Feminina oferece prótese e sutiã especial para mulheres mastectomizadas

Por Lei, pacientes têm direito à reconstrução da mama. Mas, por medo e até por falta de informação, procedimento tem pouca procura

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Atualizado há 6 anos

Rede em União doa sutiã para pós cirurgia de reconstrução mamária....
Rede em União doa sutiã para pós cirurgia de reconstrução mamária….

A Lei da Reconstrução Mamária já tem cinco anos. Ela é de 2013 e garante às mulheres que passaram pela retirada da mama, o direito de reconstruí-la. Para lembrar sobre este direito, a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), lançou no final de abril a campanha ‘Reconstrução Mamaria #MeuDireito’. A mobilização apresenta uma pesquisa realizada em 2016 com 468 mulheres que passaram pela cirurgia de retirada da mama em função do tratamento do câncer, muitas indicadas por suas instituições à época e outras captadas diretamente pela entidade.

Um dos achados do levantamento foi que apenas 27,6% das mulheres consultadas conheciam bem a Lei da Reconstrução, sendo que as maiores taxas de realização do procedimento estão entre as mulheres que sabem do seu direito. De acordo com o DataSUS, a proporção nos últimos cinco anos é de apenas uma cirurgia de reconstrução a cada 7,5 mastectomias realizadas. Em 2016, foram realizadas 10.442 mastectomias e apenas 1.396 reconstruções.

A lei fala que toda mulher que passa por mastectomia para retirada de tumor tem o direito de realizar a reconstrução mamária imediatamente, se houver condições clínicas, ou tão logo apresente os requisitos clínicos necessários.

Hoje, conforme informações da Rede Feminina de União da Vitória, a maioria das pacientes oncológicas mastectomizadas tem conhecimento sobre a cirurgia da reconstrução de mama. “Mas, após o tratamento do câncer, muitas tem medo de passar por um novo procedimento, e ainda ocorre o mito, entre as mulheres, de que com a reconstrução do seio o câncer pode voltar”, diz, nota enviada à redação sobre o assunto.

É o caso de Gilmara Gaertner. Ela descobriu o câncer há dez anos e após o tratamento, há três anos, passou pela retirada da mama esquerda. “O oncologista foi bastante explicativo na história. Não tem como ter meias palavras. Ele disse que tinha duas maneiras e eu queria a melhor. Mas, optei por não fazer. Não queria passar por um procedimento de novo. Não tinha necessidade”, justifica. Gilmara admite que o corpo não é mais o mesmo e que um dia, pode mudar de opinião e, sim, enfrentar o centro cirúrgico de novo. “Claro, não é mais mesma coisa. Vejo que está estranho, mas no momento, não faz falta”, sorri.

Para este grupo de pacientes que assim como Gilmara prefere não fazer a reconstituição, a Rede local oferece suporte e sessões de fisioterapia. Além disso, a entidade fornece prótese removível – que se encaixa em um sutiã específico de uso diário. Tanto a prótese quanto o sutiã são doados pela Instituição.

Hoje, a Rede Feminina no Vale do Iguaçu, possui com 182 pacientes sendo atendidos em Porto União e mais 279 em União da Vitória, onde o câncer de mama ainda lidera o ranking entre as mulheres.

A LEI

Criada em 2013, a Lei nº 12.802 prevê que pacientes submetidas a mastectomia têm o direito de realizar a reconstrução mamária por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) imediatamente após a retirada do tumor. Se a reconstrução não puder acontecer imediatamente, a paciente deverá ser encaminhada para acompanhamento clínico. Em 2013, o Congresso Nacional aprovou e então presidente da República, Dilma Rousseff, sancionou a Lei 12.802/2013. A lei anterior (Lei 9.797/1999) já previa que mulheres que sofressem mutilação total ou parcial de mama (mastectomia) teriam direito à cirurgia plástica reconstrutiva, mas sem especificar o prazo em que ela deveria ser feita.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, o Brasil possui 181 serviços de saúde habilitados a fazer cirurgia reparadora de mama. Em 2012, foram realizadas pelo SUS 1.392 reconstruções mamárias, a um custo de aproximadamente R$ 1,15 milhão. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Mastologia, das cerca de 20 mil mulheres que precisam fazer cirurgia de retirada das mamas, menos de 10% saem dos centros cirúrgicos com os seios reconstruídos.

Além da lei sobre reconstrução de mama, os senadores também aprovaram a Lei 12.732/2012, que estipula prazo máximo de 60 dias para o Sistema Único de Saúde (SUS) dar início ao tratamento de pacientes diagnosticados com câncer. Sancionada em novembro pela presidente Dilma Rousseff, a lei entra em vigor no final deste mês.

Derivado do projeto de lei do Senado 32/1997, do ex-senador Osmar Dias, o texto da lei estabelece que o prazo começa a ser contado a partir do diagnóstico médico e poderá ser menor se houver indicação terapêutica. O prazo será considerado cumprido quando o primeiro tratamento for iniciado (cirurgia, radioterapia ou quimioterapia). De acordo com a lei, os estados que apresentarem carência de serviços especializados em oncologia deverão produzir planos regionais para a área.

Como é feita a reparação

Há diversas técnicas para fazer a reconstrução da mama. A escolha vai depender do caso, contudo, não são todas as pacientes que têm indicação de reconstrução, sobretudo quando o câncer é muito agressivo. A Sociedade Brasileira de Mastologia dá informações sobre as principais técnicas de reconstituição: a autóloga, realizada com tecidos da própria paciente; a heteróloga, que utiliza expansores ou próteses; e a mista, que combina as duas primeiras.

Para saber mais:

Sociedade Brasileira de Mastologia  http://www.sbmastologia.com.br/

Associação das Mulheres Mastectomizadas de Brasília  http://www.recomecar.org/

Federação Brasileira de Apoio à Saúde da Mama http://www.femama.org.br/novo/