SÃO BRAZ: Situação financeira do hospital ainda é ruim

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Atualizado há 7 anos

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Hospital é de caridade, acompanha a história de Porto União e agora precisa de cuidados

Embora não tenha dívidas, o hospital não tem fluxo de caixa. E é por isso que neste momento, o São Braz está ameaçado. Este é o entendimento dos vereadores de Porto União que, a pedido da direção da unidade, conversaram sobre o futuro do trabalho e atendimento com a administração da entidade há alguns dias.

Uma das principais preocupações é o pagamento dos médicos. Há atrasos na quitação do sobreaviso – quando o profissional fica em casa à disposição do hospital – e nos plantões presenciais do mês de janeiro, por exemplo (apenas 50% do valor foi pago). Sem dinheiro em caixa, a manutenção de alguns serviços corre o risco de deixar de existir.

Para o presidente do Legislativo, Luiz Alberto Pasqualin, além da falta de repasse neste ano por parte do Executivo – depois, do Legislativo – a divida do Governo de Estado é um dos principais entraves. “A dívida é de cerca de R$ 1 milhão e o governo deve também para outras 197 entidades filantrópicas”, afirma. O vereador Christian Martins, que acompanha a evolução dessa bola de neve, defende três processos para dar folego à reestruturação do hospital. “Entrar em acordo com a prefeitura, para estancar essa sangria agora, fazer uma comitiva para ir até o governo de Estado e liquidar a conta e também contar com as emendas parlamentares”, sugere. Para ele, 2017 é o ano da volta por cima, onde o São Braz vai precisar trabalhar e reconquistar a clientela, o prestigio da comunidade e incrementar todos seus serviços. “O momento é o de unir forças”, encerra.

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Presidente do hospital, Fioravante Buch Neto

O presidente do São Braz, Fioravante Buch Neto, não faz rodeios. Ele confirma que o hospital está com as contas em dia mas responsabiliza a falta de fluxo de caixa pela crise. “Nosso principal problema é que mais de 60% do faturamento é do SUS. Tudo isso gera problema porque o serviço foi prestado. A gente tem que comprar material, pagar o funcionário e necessitamos de um capital de giro grande para tudo isso”, explica. Buch Neto assumiu as rédeas do hospital em outubro do ano passado. De lá para cá, junto com a nova diretoria, ajustou valores, enxugou o quadro de funcionários. Mas ainda falta dinheiro. “Não estamos com problemas sérios ainda, mas no fio da navalha. O próximo passo é o empréstimo bancário”, afirma.

A ajuda municipal deve vir em breve. A equipe da secretaria de Finanças de Porto União garante que um estudo é feito para montar um novo convênio de repasse. Podem mudar os termos e também os valores do auxílio mensal (até dezembro de 2016, a ajuda era de R$ 50 mil, metade enviado por cada poder, Executivo e Legislativo). Caso o Estado pague sua conta, segundo o presidente, R$ 1 milhão, o folego aumenta. “É o valor do capital de giro”, defende. “Estamos com uma força-tarefa, indo à Florianópolis para cobrar o pagamento”, conta o presidente.

Maternidade

A ala da maternidade do São Braz é outra grande preocupação. A estrutura deficitária do espaço acaba refletindo na população. É que a maternidade do hospital é a única em Porto União. É a única, portanto, em Santa Catarina, mais próxima do Vale do Iguaçu. Como o número de nascimentos registrados lá é baixo, a cidade corre o risco de ter sua população retraída. Mesmo quem mora em Porto União, atravessa os trilhos para ter seu bebê nos hospitais de União da Vitória. Os “catarina”, estão deixando de existir. Conforme dados da unidade, nasceram em janeiro 32 bebês no São Braz. Só para comparar, na APMI de União, foram 138 nascimentos. E a média, de ambos os lugares, é sempre assim.

“Se fossemos apenas gestores, tratando o hospital como empresa, teríamos que fechar a maternidade, porque ela nos dá prejuízo. Mas vamos continuar com ela aberta, até superar o problema”, garante o presidente. Por mês, segundo Buch Neto, o déficit mensal da ala é de aproximadamente R$ 250 mil. “Se nós não cuidarmos do nosso paciente, vamos colocá-lo na UTI”, diz, tratando a entidade como uma pessoa doente.

Entenda melhor

A Câmara de Vereadores auxilia o hospital desde 2013. Naquele ano, o primeiro repasse aconteceu. Foram R$ 100 mil, uma parcela única. No final de 2015, as dificuldades financeiras ficaram mais evidentes. A administração da unidade pediu apoio novamente ao Legislativo de Porto União, revelando uma crise latente no caixa. Em 2016, por conta do pedido do grupo e do entendimento dos vereadores de que poderiam contribuir, ficou acordado que um repasse “meio a meio”, aconteceria todo mês. Legislativo e Executivo enviaram durante o ano todo, R$ 50 mil (R$ 25 mil de cada Poder). Neste ano, por conta da troca de prefeito e do inicio de uma nova gestão, o repasse não aconteceu ainda. Aumenta a dificuldade economica a divida do governo de Estado com o São Braz: o déficit é de R$ 1 milhão mil que, se pagos, poderiam dar folego extra para a continuação dos trabalhos do hospital. Vale lembrar que o rombo do governo é com outras 197 entidades filantrópicas de Santa Catarina.

Comitiva vai à Brasília

Nesta terça, 14, uma comitiva do Legislativo de Porto União esteve durante boa parte do dia em conversa com o superintendente de planejamento e gestão do SUS de Santa Catarina, Adriano Ribeiro. Ele acompanha o grupo em Brasilia na agenda que tenta viabilizar recursos na área da saúde. “Em especial, estamos discutindo a situação financeira complicada que vem atravessando o nosso hospital São Braz. Estamos deliberando uma audiência pública em Porto União, queremos uma posição do Estado e da União para definitivamente encaminhar uma proposta que resolva esta situação caótica”, publicou na rede social o vereador Christian Martins.