SC tem os piores índices de vacinação infantil em sete anos

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Atualizado há 6 anos

Santa Catarina teve em 2017 a cobertura vacinal mais baixa dos últimos sete anos em crianças até um ano e não atingiu as metas estabelecidas pelo Ministério da Saúde. Uma diferença significativa em relação ao ano anterior, quando o Estado bateu praticamente todas – exceto a de poliomielite, que alcançou 92% da população, com meta de 95%. Em 2017, a taxa dessa imunização, que previne contra a paralisia infantil, caiu ainda mais e chegou a 82%.

O Estado não registra casos há mais de 30 anos e, desde 1994, o país é considerado livre da doença. Mas, nesta semana, o Ministério da Saúde fez um alerta: 312 municípios brasileiros estão com cobertura vacinal muito baixa contra poliomielite em crianças menores de um ano em 2018. Das oito cidades catarinenses que aparecem na lista, Palhoça tem a pior taxa, 28,8%. Florianópolis também está na relação, com 40,9%. A baixa cobertura aliada ao fluxo intenso de pessoas, que podem trazer vírus de países que ainda não erradicaram a doença, são fatores que compõem um cenário preocupante.

Prova disso é que Amazonas e Roraima já registraram cerca de 500 casos de sarampo neste ano. O vírus voltou ao país importado da Venezuela e, diante de um grupo não vacinado, a doença se disseminou nos dois estados.

Casos de sarampo não ocorrem desde 2013 em SC

Em Santa Catarina, o último caso de sarampo registrado foi em 2013, importado de São Paulo.  A vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, ficou pela primeira vez abaixo da meta no Estado. Apenas 85% das crianças tomaram a dose no ano passado. Isso significa que uma boa parte das crianças catarinenses está suscetível à doença.

Os especialistas apontam que diversos fatores explicam a menor procura por vacina, mas o principal estaria no próprio sucesso das campanhas e, consequentemente, na erradicação das doenças:

Há 30 anos o sarampo é raro, mas antes era uma das principais causas de mortalidade infantil. O relaxamento com as coberturas vacinais é um fator de risco para o retorno dessas doenças, porque o mundo não está livre delas — defende a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), Isabella Ballalai.

A gerente de imunização da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de SC (Dive), Vanessa Vieira da Silva, reforça que outro fator que impactou nesta queda dos índices no Estado foi a mudança no sistema de controle das doses aplicadas, que passou a ser nominal. Assim, ela considera que as taxas atuais estejam mais próximas da realidade.

Para reverter esse quadro, o caminho passa por informar ainda mais a população e exige esforço das secretarias municipais de Saúde, afirma a presidente da SBIM. Ela acredita que mudar os horários de atendimento nos postos, por exemplo, facilitaria o acesso para os pais que trabalham.

Campanha nacional

Entre 6 e 31 de agosto ocorre a campanha nacional de vacinação contra a poliomielite e o sarampo, com dia D em 18 de agosto. Toda criança entre um e cinco anos deve ser levada à sala de vacina para receber as doses, independentemente de já ter sido vacinada. Além disso, as doses são ofertadas pelo SUS e estão disponíveis o ano inteiro.