União da Vitória fica fora da Campanha de Vacinação contra a Dengue

Fator é positivo e mostra que a Regional não está classificada como “infestada”. Lançamento da campanha foi na quarta-feira e coloca o Paraná como pioneiro nas Américas

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Atualizado há 8 anos

Governador Beto Richa junto com o ministro da Saúde, Ricardo Barros lança a campanha de vacinação contra a dengue e assina termo de intenções com o laboratório Sanofi Pasteur da França para aquisição das doses da vacina. Presentes, a vice-governadora Cida Borghetti, o secretário da Saúde em exercício, Cezifredo Paes, o superintendete dos Portos, Luiz Henrique Dividino, o presidente da Assembleia, deputado Ademar Traiano, vice-presidente da Sanofi Pasteur, Guillaume Leroy, cônsul geral da França em SP, Demien Loras e demais autoridades. Paranaguá, 26/07/2016. Foto: Pedro Ribas/ANPr
Vacinas estão restritas aos paranaenses. Ministério da Saúde estuda a possibilidade de estender a campanha a nível nacional. (Foto: Pedro Ribas/ANPr).

O governo do Paraná lançou na terça-feira, 26, a Campanha de Vacinação contra a Dengue. O Estado é o primeiro nas Américas a lançar uma campanha pública de vacinação em combate ao vírus.

A meta é vacinar pelo menos 80% do público alvo, que estão centralizados em regionais de saúde com maior índice de contágio. No Dia D da campanha, que será no dia 13 de agosto, um sábado, os postos de saúde ficarão abertos durante todo o dia. A campanha segue por três semanas, até 31 de agosto, nas Unidades Básicas de Saúde dos 30 municípios contemplados. Cerca de 500 mil pessoas serão imunizadas. O Governo vai investir, com recursos próprios, aproximadamente R$ 50 milhões na aquisição da vacina.

A previsão é que a vacina seja aplicada em três doses, com um intervalo de seis meses entre cada aplicação. Além desta primeira etapa, em agosto, haverá ainda novas campanhas em fevereiro e agosto do próximo ano. Segundo o governador Beto Richa, a vacinação deste ano terá impacto efetivo no próximo verão, visto que a primeira dose já concede proteção à doença, evitando assim novas epidemias. “Temos ações concretas que vão ao encontro do interesse da nossa população. Investimos aqui R$ 50 milhões para aquisição dessas doses, mas é importante destacar os prejuízos diretos e indiretos gerados pela dengue. Foram mais de R$ 330 milhões de prejuízo com a epidemia, com mobilização do Estado para atender as famílias atingidas, pessoas hospitalizadas e compra de equipamentos, além do impacto indireto na economia afastando turistas e pessoas que deixaram de trabalhar. Não é gasto, é um investimento que fazemos na saúde pública para proteger nossa população”, afirmou Richa.

O governador destacou que o Paraná tem capacidade técnica e infraestrutura adequada para incorporar uma vacina nova no sistema público. “Somos um dos melhores sistemas públicos de saúde do País e nossas campanhas de vacinação alcançam as melhores coberturas. Tudo isso nos credencia a inovar para avançar no controle da doença no Estado.”

Por enquanto a vacina fica restrita aos paranaenses. Segundo o ministro da Saúde, Ricardo Barros, não há previsão orçamentária e nem autorização da Comissão Nacional de Incorporação de Novas Tecnologias para o SUS (Conitec) para incorporação da vacina pelo Ministério da Saúde à nível nacional.

Além da vacina a rede pública do Estado oferece testes multiplex para diagnóstico da dengue, zika e chikungunya. Outra novidade no sistema público.

União da Vitória está de fora

Contudo, esse é um fator positivo, afirma Adriana dos Santos, enfermeira da 6ª Regional de Saúde de União da Vitória. Segundo ela nenhuma das nove cidades que compõem a Regional estão com quadro de “infestada”. “Mostra que as pessoas estão tomando os cuidados necessários com relação ao mosquito”, fala.

GrXXficoXVacinaConforme Adriana apenas um caso de dengue autóctone, registrado em União, e outros sete importados fazem parte dos dados de toda a Regional. Com isso a cidade ficou de fora da Campanha de Vacinação contra a Dengue.

Um dos fatores determinantes para receber as doses está no número de pessoas contaminadas com o vírus e, também, de cidades infestadas pelo mosquito.

Após estudos técnicos feitos pela Secretaria da Saúde, foi definido que em 28 dos municípios paranaenses priorizados para a campanha, a população a ser vacinada abrange a faixa etária entre 15 e 27 anos. Essa faixa concentra cerca de 30% dos casos de dengue no Paraná.

As vacinas serão distribuídas nas cidades de Paranaguá; Foz do Iguaçu; Santa Terezinha de Itaipu; São Miguel do Iguaçu; Boa Vista da Aparecida; Tapira; Santa Izabel do Ivaí; Cruzeiro do Sul; Santa Fé; Munhoz de Melo; Marialva; Paiçandu; São Jorge do Ivaí; Maringá; Mandaguari; Sarandi; Iguaraçu; Assaí; Ibiporã; Jataizinho; Porecatu; Bela Vista do Paraíso; Cambé; Londrina; Sertanópolis; Leópolis; São Sebastião da Amoreira; Itambaracá; Cambará e Maripá.

As 500 mil doses da vacina da dengue serão entregues nessas 30 cidades pela Secretaria de Estado de Saúde. Nelas, a partir do dia 6 de agosto os profissionais da Saúde serão reunidos para uma capacitação. A partir de então, no dia 13 de agosto, será dada a largada de três semanas de campanha.

No caso de União da Vitória não há previsão de entrega da vacina. No caso, a orientação repassada pela Regional é de continuar com os cuidados, até agora, já realizados pela população. Entre eles tentar evitar os criadouros eliminando pontos de acúmulo de água parada.

Tecpar 

O Paraná também vai ampliar sua participação na disponibilização da vacina ao País por meio do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar). As primeiras 500 mil doses estão sendo adquiridas pela Secretaria de Estado da Saúde em compra direta com a empresa. As novas etapas da campanha (2ª e 3ª doses) serão importadas através do Tecpar, numa parceria estabelecida para a disponibilização da vacina contra a dengue no País. “A parceria com o laboratório francês Sanofi Pasteur é fruto de uma cooperação mais ampla, que envolve outras tecnologias de interesse do país, do instituto e do laboratório”, diz o presidente do Tecpar, Julio Félix.

Vacina é recomendada pela OMS e aprovada pela Anvisa

Em abril a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou o uso da vacina contra a dengue em países endêmicos, como é o caso do Brasil, reconhecendo a necessidade de ampliar estratégias de combate à doença. A divulgação da recomendação da OMS veio uma semana depois de o Governo do Paraná anunciar a decisão de adquirir as vacinas para utilização em cidades que enfrentam situação crítica para a dengue.

Segundo a OMS, o impacto da dengue em termos de custo médico e dias de trabalho perdidos é significativo. Estudos apontam custo médio de US$ 1.500 por paciente e 18,9 dias de trabalho perdidos. “Tendo como base esse cálculo e o registro de mais de 55 mil casos neste período epidemiológico, o custo estimado da dengue no Paraná chega a mais de R$ 330 milhões por ano, o que nos dá respaldo para adotar essa importante estratégia de prevenção”, explica Sezifredo Paz.

Em 1950, apenas nove países enfrentavam epidemias de dengue. Atualmente esse número chega a 100 países. O Brasil concentra 60% dos casos de dengue das Américas. No atual período epidemiológico, entre agosto de 2015 e julho de 2016, o Estado registrou mais de 55 mil casos da doença e 61 mortes em decorrência da dengue.

A Dengvaxia, vacina produzida pela empresa francesa Sanofi Pasteur é pioneira no mundo e foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em dezembro de 2015, depois de 20 anos de pesquisa e a comprovação de sua efetividade. É indicada para prevenção da dengue causada pelos sorotipos 1, 2, 3 e 4 para pessoas entre 9 e 45 anos, vivendo em áreas endêmicas.

Para garantir sua efetividade, são necessárias três doses, com 6 meses de intervalo entre elas. A primeira dose da vacina garante 70% de efetividade, mas é preciso tomar a segunda e a terceira doses para assegurar a resposta imunológica adequada. As principais contraindicações são para gestantes, mães que amamentam e imunodeprimidos.

A vacina é eficaz contra todos os tipos de dengue (4 sorotipos), oferece 93% de redução contra as formas graves da doença (aquelas que levam ao óbito, como a dengue hemorrágica) evita 8 a cada 10 hospitalizações, reduzindo os gastos com internações, e previne dois a cada três casos de dengue. Os resultados alcançados com a vacina estão em linha com a meta da Organização Mundial de Saúde (OMS) de reduzir a mortalidade por dengue em, pelo menos, 50% e a morbidade em, pelo menos, 25% até 2020.