“Ela me humilhou e eu não gosto de ser humilhado”, diz assassino confesso

O adolescente, de 17 anos, confessou o duplo homicídio à Polícia, mas autoridades acreditam que mais pessoas possam ter participado dos crimes

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Atualizado há 8 anos

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Assassino era vizinho das duas adolescentes, afirma Polícia. (Foto: Jair Nunes).

Ontem, 23, pela manhã teve fim uma das histórias mais tristes do município de Cruz Machado: o desaparecimento das adolescentes Camile Loures das Chagas, de 13 anos, e Solange Vitek, de 16.

O vizinho das vítimas confessou à Polícia que teria assassinado as jovens, a sangue frio. O também adolescente, de 17 anos, declarou estar apaixonado por Camile, mas que não foi correspondido. Ele ainda disse, em depoimento, que “não suportava ser humilhado” e ela, Camile, o humilhou.

O Delegado chefe da 4ª SDP, Douglas Carlos de Possebon e Freitas, concedeu ainda na tarde de ontem uma coletiva à imprensa, quando anunciou que o caso envolvendo as duas jovens desaparecidas no interior de Cruz Machado estava “elucidado”, faltando poucos detalhes para ser esclarecido.

Amor, ódio e morte

A morte de Camile foi descrita pelo autor do crime como sendo motivada por “amor e ódio”. Ele contou à Polícia que gostava da adolescente, cinco anos mais nova que ele. Como Camile rechaçava as suas “investidas” o menor disse que se sentiu humilhado, o que teria provocado sua ira. Com ódio, premeditou a morte da Camile.

Ele contou que abordou a adolescente no dia do seu desaparecimento, e com uma faca a levou por caminhos de difícil acesso, por 35 minutos. Depois disso, matou Camile asfixiada.

Na coletiva o delegado disse que a calça da adolescente estava do lado avesso. A ossada, supostamente de Camile – ainda falta a confirmação do laudo do exame de DNA – estava com o sutiã. O autor nega ter mantido relações sexuais com a vítima. Segundo o depoimento do adolescente, Camile foi morta por estrangulamento com uma chave de braço.

Ela sabia demais

Por outro lado, a morte de Solange Vitek foi para acobertar o primeiro crime. De acordo com o depoimento, o autor do crime desconfiava que Solange “sabia demais”. Ele contou aos policiais e representantes do judiciário que Solange teria afirmado que sabia que ele (o autor) teria feito “algo de ruim” com Camile. Foi a sentença de morte da adolescente.

DesaparecidasXX2XDa mesma forma, o adolescente abordou Solange próximo ao ponto de ônibus por volta de 6h30, do dia 25 de março, para matá-la. Segundo o depoimento, Solange foi estrangulada com a própria calça. Depois dos dois crimes, o autor levou uma vida normal, até começou a namorar novamente. Contudo, foi pego porque caiu em contradição numa conversa informal com a Polícia. Segundo Possebon e Freitas, o assassino não era considerado suspeito, até ser confrontado pela Polícia, quando confessou os crimes.

Próximos passos

A Polícia conseguiu dar celeridade aos exames de DNA, para a confirmação da identidade das duas ossadas. Um gorro (capuz) que o autor esqueceu no local dos crimes foi enviado a Curitiba, pela perícia, o que se constitui em caso positivo, uma nova prova técnica de que o menor foi mesmo o responsável pela morte das adolescentes.

No entanto o delegado afirma que a riqueza de detalhes e a frieza do jovem confirmam que se não agiu sozinho, ele esteve, sim, presente e executou as duas garotas. “Para nós isso não basta, vamos colher todos os detalhes possíveis para descobrir se o menor não teve ajuda de terceiros”, fala.

O adolescente, no entanto, segue internado provisoriamente. Em caso de condenação ele pode cumprir somente três anos de internação em centro de reabilitação para menores. A comunidade de Cruz Machado está revoltada e pede justiça.

Relembre os casos

Camile Loures das Chagas, de 13 anos, desapareceu em dezembro do ano passado, no dia 15, quando retornava para casa depois de visitar uma amiga, cerca de 800 metros de onde morava, na Linha Vitória em Cruz Machado.

O segundo desaparecimento foi o da jovem Solange Roseli Vitek, de 16 anos. Ela saiu de casa por volta das 6h40, de segunda-feira, 25 de março deste ano. Foi em direção ao ponto de ônibus, também próximo de sua casa. Como não voltou para casa, depois do horário de aula, a mãe chegou a ir até a escola perguntar pela estudante.