Aparentemente inofensivos, caramujos podem transmitir doenças

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Atualizado há 6 anos

Tem gente que acha bonitinho. Tem que acha nojento. O fato é que lesmas, caracóis e caramujos, ainda que muito parecidos entre si, podem transmitir doenças aos humanos. Agora, como evitar que uma criança toque no bichinho, por exemplo? Ou, como saber se eles podem comprometer a saúde das pessoas? Sobre o assunto, o biólogo, Clóvis Gurski, que atua em União da Vitória, concedeu uma entrevista à reportagem do Grupo Verde Vale de Comunicação. Ele falou sobre a diferença entre os bichinhos e sobre como podem transmitir doenças aos humanos.

ENTREVISTA

Jornal O Comércio (JOC) – Qual é a diferença entre lesma, caramujo e caracol?

Clóvis Gurski (CG) – Os três são moluscos, da classe dos gastrópodes. A principal diferença entre a lesma e os outros dois é que ela não tem uma concha externa. Já o caracol e o caramujo são sinônimos em vários regiões do Brasil, mas, na linguagem biológica, caracol geralmente se refere aos gastrópodes terrestres e caramujos, aos aquáticos. Já as lesmas, podem viver tanto na terra como na água.

JOC – Devemos evitar contato com esses moluscos?

CG – De forma geral, sim. Existem uma variedade enorme de espécimes e alguns são extremamente perigosos, pois podem transmitir muitas doenças.

JOC – O que fazer quando encontrar esses caramujos, por exemplo? São os mais comuns aqui na região do Vale do Iguaçu?

CG – O calor e as chuvas desta época do ano facilitam a propagação do caramujo. Ao encontrar caramujos, é recomendável que ele seja recolhido, sempre protegendo as mãos com luva ou com uma sacola plástica. Os caramujos devem ser levados até um posto de saúde. Normalmente eles deveriam ir para um aterro, onde seriam triturados e enterrados. Esse controle é necessário porque o caramujo é hospedeiro de um tipo de verme que, se ingerido por seres humanos, pode causar meningite grave e hemorragia no intestino, podendo levar à morte. Por isso, é importante lavar muito bem verduras, frutas e legumes, colhidos no quintal de casa.

JOC – É necessário combatê-los?

CG – Se conseguíssemos saber quais estão contaminados. Mas como não é possível, fica o alerta.

JOC – Lesmas de quintal transmitem doenças?

CG – As lesmas parecem inofensivas, mas elas transmitem doenças aos cães e gatos. E podem ser perigosas. Elas são vetores, ou seja, carregam dentro ou fora do seu corpo bactérias, vírus e vermes. Podem ocasionar desde intoxicações alimentares até doenças bacterianas e virais. Evitar andar descalço, caso seja um local propenso a lesmas, como lugares úmidos, pois o muco é o principal transmissor da doença. Caso isso ocorra, é preciso fazer a desinfecção imediata. Elimine plantas e vegetais, caso houver criação. Elimine também ratos, pois também é um dos transmissores dessa doença.

JOC – Quais seriam as práticas de manejo de moluscos em hortaliças e plantas ornamentais, mais indicadas?

CG – O jeito é catar caramujos todas as manhãs, especialmente no tempo chuvoso que é quando eles aparecem de seus esconderijos. Catar com luvas, como já disse, depois de mortos e quebradas suas conchas, no lixo ou enterrados em buraco fundo, longe de cursos d’água. É recomendado jogar cal nos locais para evitar a propagação de contaminantes biológicas que porventura os moluscos transportem. Para juntar esses moluscos com mais facilidade, é recomendado fazer iscas. Caramujo gosta de cerveja, de leite, de berinjela, chuchu, vaso de barro de ponta cabeça, tudo isso pode funcionar com isca.

JOC – Agora nessa transição do Verão para o Outono, é mais comum o aparecimento desses moluscos?

CG – Sim. Estes animais gostam de muita umidade e calor.