Instalação de termelétrica está nas mãos de duas empresas do Vale do Iguaçu

Em reunião Copel transferiu responsabilidade e deixou claro que agora depende da união empresarial. A resposta pode sair em pouco mais de um mês

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Atualizado há 8 anos

Depois de muita discussão após a primeira reunião de “negócios” realizada em União da Vitória, em novembro do ano passado, representantes da empresa Remasa Reflorestadora S/A e Dissenha S/A se encontraram ontem com o diretor de Desenvolvimento de Negócios da Copel, Jonel Nazareno Iurk, para definir os próximos passos da instalação da termelétrica na região. O encontro foi promovido pelo deputado estadual Hussein Bakri (PSC).

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(Fotos: Divulgação/Hussein Bakri).

Na reunião as questões do fornecimento do combustível da termelétrica foram sanadas. A usina será movida à biomassa, ou seja, cavacos, pinos e eucalipto se transformam no combustível que irá mover toda a produção da termelétrica.

Ficou definido que em no máximo 40 dias a Copel deverá enviar um estudo para os empresários com os números necessários para a viabilização da termelétrica de 30, 40 ou 50 Megawatts, por exemplo. Para o diretor de Desenvolvimento de Negócios a instalação da usina é totalmente viável. “Temos que ter uma garantia de que teremos combustível por 25 anos, que é o prazo de vigência do contrato, mas acredito no potencial da região, e vamos esperar agora a resposta dos responsáveis pela produção dos cavacos para dar continuidade ao processo de instalação.”

Para Alceu Gugelmin Junior, diretor presidente da Remasa Reflorestadora S/A, ambas as empresas têm potencial necessário para a produção da biomassa, que agora depende apenas dos números para terminar o estudo. “Temos que estudar o que a Copel vai nos apresentar, porque é um investimento que temos o retorno à longo prazo, mas temos interesse em fechar a parceria,” complementou Gugelmin Junior.

A ideia da Copel é investir cerca de R$ 200 milhões na construção da usina.

De acordo com o presidente da Associação Comercial de União da Vitória (Aceuv), Daniel Breyer, a reunião foi essencial para responder as dúvidas técnicas dos empresários. “Com as dúvidas esclarecidas, agora fica mais fácil de avaliarmos a viabilidade – por parte dos empresários –  da termelétrica e assim dar um retorno para a Copel. A expectativa é que seja dada uma resposta à Companhia após/ou no mês de abril. A opinião do presidente da ACEUV é compartilhada pela presidente da Cacesul, Maria Salette de Melo. Ela comenta que com as dúvidas esclarecidas, os empresários podem avaliar da melhor maneira a proposta.

termeletricaX2A Aceuv encabeça a proposta, sendo a entidade responsável em cadastrar empresas para o fornecimento de cavaco.

Capacidade produtiva da região

Conforme pesquisa encomendada pela Copel e apresentada em reunião em novembro passado, o polo regional do Vale do Iguaçu possui 60 mil hectares num raio de 60 quilômetros e outros 327 mil hectares de área plantada num raio de 120 quilômetros. O estudo feito pelo professor e engenheiro Pedro Bom apontou dois raios de atuação, o de 60 km e o de 120 km. Cada um deles indica produção suficiente de madeira para geração de cavaco e aplicação em novos negócios.

No levantamento em campo com empresas a 60 km da regional União e Porto União foram estudadas as cidades de União da Vitória, Porto Vitória, General Carneiro, Mallet, Paulo Frontin e Paula Freitas.

No raio de 120 km as cidades de Rio Azul, Palmas, Pinhão, Inácio Martins, Rebouças, Coronel Domingo Soares, Antônio Olinto, Irati, São Mateus do Sul e São João do Triunfo. As áreas de plantio são exclusivamente de pinus ou eucalipto.

TermeletricaXCapaNo menor raio a pesquisa mostra um comprometimento da madeira de 731 mil metros cúbicos por ano de 2,6 milhões de metros cúbicos de produção anual. “Existe uma sólida composição entre os municípios da nossa região que podem produzir madeira para gerar cavacos que é a matéria prima da termoelétrica”, garantiu, na época, o engenheiro.

Na maior área de abrangência os números mudam. De 5,2 milhões de madeira que podem ser produzidas por ano, 2,8 milhões de metros cúbicos são destinados para a produção, restante, quase 2,5 milhões podem ser aplicados na termoelétrica.

A usina de União da Vitória poderá produzir mais energia que consome. Lembrando que a intenção não é a redução no preço da energia elétrica para o consumidor final. A ideia é fomentar o setor madeireiro em um segmento novo, além de investir em mais termoelétricas por parte da Copel. A empresa já trabalha com duas praças do gênero e planeja pelo menos três grandes projetos termelétricos que podem aumentar em 1,4 mil megawatts (MW) a sua capacidade de geração térmica nos próximos cinco anos.

Usinas termelétricas

A geração de energia a biomassa é renovável, permite o reaproveitamento de resíduos e é menos poluente do que outras formas de energia, como as obtidas a partir da utilização de combustíveis fósseis, como petróleo e carvão mineral. É uma energia limpa quando vista em seu balanço de carbono, ou seja, para cada árvore queimada, outra será plantada. Uma nova árvore consegue absorver todo o carbono originado da queima da biomassa utilizada.