Artigo: Por que precisamos falar sobre Inteligência Artificial?

Inteligência Artificial é provavelmente um dos assuntos mais discutidos do momento em todas as esferas sociais. Desde a chegada do ChatGPT e de aplicativos de imagem com uso de IA para celular, um questionamento se tornou comum nas conversas: “você já usou IA?”.

Eu respondo essa pergunta positivamente. Como profissional de design/marketing, iniciei meu contato com Inteligência Artificial há 2 anos, mais pela curiosidade de testar alguns mecanismos de geração de imagens. Hoje, com a evolução das ferramentas, faço uso diário dos recursos de IA do Photoshop e também do ChatGPT, o que tem otimizado muito meu tempo no trabalho.

Artigo: Por que precisamos precisamos falar sobre Inteligência Artificial?

“uma Inteligência Artificial é um sistema capaz de aprender, raciocinar e tomar decisões por conta própria e é aplicável a praticamente tudo que se possa imaginar.”

O interessante é que a gritante maioria das pessoas com acesso à Internet já usou algum tipo de IA e nem sabe. Você já parou pra pensar que não é por acaso que o YouTube, o TikTok e o Instagram recomendam vídeos tão dentro do seu interesse? Sim, os algoritmos são uma das primeiras formas de contato que tivemos com a IA. Mas o fato é que agora, mais recentemente, estamos tendo a oportunidade de manipular essas ferramentas pela primeira vez, e isso não se resume apenas a usar o reconhecimento facial do seu celular ou dizer: “Alexa, aumente o volume”.

Para quem não está muito por dentro do assunto, uma Inteligência Artificial é um sistema capaz de aprender, raciocinar e tomar decisões por conta própria e é aplicável a praticamente tudo que se possa imaginar. Ou ainda, de acordo com o próprio ChatGPT: “É a capacidade das máquinas de imitar a inteligência humana.” Essa autodefinição carrega muito significado, pois reflete a capacidade exponencial e incansável de uma inteligência que não está imposta aos nossos limites de meros mortais. A título de exemplo, eu sempre faço para meus alunos o seguinte questionamento: quanto tempo você levaria para ler e absorver bem todo o conteúdo dos 10 principais livros de marketing já escritos? Considerando o tempo escasso e todas as nossas limitações eu diria que no mínimo um ano. E quanto tempo será que uma IA precisaria para cumprir essa mesma tarefa? Em apenas alguns minutos ela não só teria lido tudo como estaria apta a resumir todo o conteúdo, responder perguntas ou elaborar exercícios para você.

Pensando em todo o avanço tecnológico que isso significa, gosto de traçar um paralelo com a revolução que as mídias sociais fizeram na nossa vida e na maneira como interagimos uns com os outros. No início ficamos impressionados com as possibilidades de uma nova tecnologia e aos poucos vamos nos habituando a ela até o ponto em que se torna parte da nossa rotina. É possível observar esse fenômeno de habituação quando ficamos sem conexão com a internet e temos a sensação de que estamos isolados do mundo e impedidos de fazer qualquer tarefa. Nesse ponto da imersão nós já depositamos na tecnologia boa parte da nossa confiança de modo que ficamos expostos também aos seus revezes, e não raramente temos dados vazados, contas invadidas, sofremos tentativas de golpe e somos manipulados por desinformação.

Agora voltando à IA, como uma tecnologia digital ela segue o mesmo ciclo das Mídias Sociais: entrega grandes benefícios mas em contrapartida permite seu uso mal intencionado, e a diferença nesse caso está na proporção. Por exemplo: já é de conhecimento público que vários laboratórios têm conduzido testes com IA no desenvolvimento de medicamentos para doenças ainda sem cura, e isso é absolutamente fantástico. Pessoalmente coloco no campo da medicina minha grande aposta em relação aos enormes benefícios da IA para os próximos anos. Porém, também é de nosso conhecimento que com apenas 3 segundos de amostra é possível recriar nossa voz com perfeição e, infelizmente, já existem vários relatos de golpes de pedidos de resgate usando esse e outros recursos, como a manipulação de vídeo (deepfake).

E é por todas essas razões, as muito boas e também as ruins, que essa discussão precisa ser fomentada cada vez mais na nossa sociedade. O fotógrafo alemão Boris Eldagsen achou uma forma inusitada de fazer isso. Ele venceu o importante concurso Sony World Photography Awards com uma fotografia criada por IA. Após ser premiado, ele comunicou que recusava o prêmio e contou que havia inscrito a peça justamente com o propósito de chamar a atenção das pessoas para esse tema, e ele conseguiu.

Mas seja de forma não ortodoxa ou convencional, o fato é que precisamos mesmo encontrar maneiras de chamar a atenção para esse tema, fazer com que nossos líderes assumam um compromisso de criar mecanismos legais que nos permitam usufruir inteiramente desse recurso maravilhoso, sem correr riscos. Já aprendemos muito com os impactos do mau uso das mídias sociais, agora precisamos colocar as lições em prática.

Luiz Carlos Storck Junior é publicitário pós-graduado em Gestão de Marketing. Possui mais de 12 anos de atuação no mercado. É analista de de design na FuelTech e Professor nos cursos de Publicidade, Produção Audiovisual e Administração da UNIUV.

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