COLUNA PELO ESTADO: Sem bengalas

Foto: Adriana Baldissarelli/Pelo EstadoOs tucanos Gilmar Knaesel, ex-presidente da Alesc e ex-secretário de Turismo, e Leonel Pavan, ex-governador e ex-senador, estiveram na convenção do PP sinalizando que a federação PSDB-Cidadania deve aceitar a vaga de vice. Pavan, na melhor disposição e livre das bengalas que usou quase duas décadas, avisava que o apoio a Esperidião Amin será decidido pelos parlamentares das siglas na convenção da próxima segunda (1º). “Fomos convidados e temos essa relação perfeita com Esperidião e o PP, não deixaríamos de comparecer”, disse. Na memória, aquela disputa de 2002 em que seria vice de Amin até o último momento, quando aceitou concorrer ao Senado na chapa de Luiz Henrique da Silveira. Na agenda, a finalização de conversas de mais de ano que mantinha com Amin, Raimundo Colombo, Gean Loureiro e Fabrício Oliveira, prefeito de Balneário Camboriú.

Palanques bolsonaristas em Santa Catarina vão disputar sobre a agenda municipalista

As convenções de sábado movimentaram em torno de 10 mil filiados na Grande Florianópolis. A escolha dos convencionais definiu que a pauta da disputa estadual, no campo mais conservador, será o municipalismo e a maior ou menor distância em relação ao presidente Jair Bolsonaro (PL).

DE UM LADO, o governador Carlos Moisés concorre à reeleição pelo Republicanos em aliança com o MDB do candidato a vice Udo Döhler, ex-prefeito reeleito na maior cidade do Estado.
O MDB ainda é o maior partido de Santa Catarina, com 186 mil filiados, 99 prefeitos, 67 vices, 823 vereadores, nove deputados estaduais e três federais. Os donos de mandato, liderados pela bancada estadual, rechaçaram a natimorta candidatura do ex-prefeito de Jaraguá Antídio Lunelli, articulada pelo presidente da sigla, Celso Maldaner.
O deputado federal, a propósito, foi indicado candidato ao Senado na chapa com Moisés, mas a homologação ainda será feita pelas executivas partidárias. O também deputado federal Rogério Peninha Mendonça quase levou a indicação em proposição de última hora. Entre os convencionais, as mágoas pela condução do processo pré-eleitoral apontam que, para a vaga de senador, podem trabalhar pra fora, puxando voto para antigos aliados como Raimundo Colombo (PSD) e Dário Berger (PSB).

DE OUTRO LADO, Esperidião Amin foi aclamado candidato a governador numa convenção lotada e vibrante do PP. A aposta do ex-governador e ex-senador ao colocar seu nome “em contrato de risco”, para dar palanque original ao presidente Jair Bolsonaro e tela de TV à bancada parlamentar, foi acolhida com entusiasmo pela sigla. O PP é o segundo maior do Estado, com 128 mil filiados, e tem tudo para fechar coligação com os tucanos de Leonel Pavan, terceira maior agremiação, com quase 100 mil filiados. Junto com os tucanos seguirá o federado Cidadania (ex-PPS) de Carmen Zanotto. Contra o “pix” governista, como é apelidada a distribuição de recursos aos municípios, Amin pediu aos correligionários que o ajudem a fazer o gesto de resgatar, com honra, os prefeitos que se afastaram por gratidão a Moisés, como o de Tubarão, Joares Ponticelli.

NO MEIO DO CAMINHO, Gean Loureiro (União Brasil) e Eron Giordani (PSD) homologaram as candidaturas a governador e vice em megaevento no CentroSul, com telões gigantes, slogans e animador profissional, bem ao estilo americano. Raimundo Colombo, em isolamento pela Covid, participou de forma remota. Mas o “quarto candidato” da coligação #BoraTrabalhar”, como foi chamado João Rodrigues, puxou a fila de avalistas do PSD que inclui o ex-senador e ex-governador Jorge Konder Bornhausen, o deputado Júlio Garcia (PSD) e o prefeito anfitrião Topázio Neto.
Somando, as siglas União, PSD e Patriota contam 158 mil filiados em Santa Catarina e narrativa indecisa. A meio caminho do municipalismo, já que Eron até abril era secretário de Estado da Casa Civil, mas agora nega o protagonismo de Moisés. A meio caminho em relação a Bolsonaro, pela militância pró-vacinação de Gean Loureiro na Capital e o negacionismo de João Rodrigues em Chapecó.

Voto Molombo

Foto: Adriana Baldissarelli/Pelo Estado

O jornalista e prefeito de Ascurra, Arão Josino (PSD), penhorou apoio a Moisés na convenção do Republicanos. “O voto Molombo é um voto de gratidão, tanto a Raimundo Colombo que representa a experiência e o preparo que precisamos no Senado, como também ao governador Moisés que abriu as portas aos municípios e tem feito muito por todos”, classificou. Segundo ele, todo Vale Europeu tem registrado grandes transformações, como o investimento de R$ 65 milhões na ligação de 11 quilômetros entre Ascurra e Indaial, em paralelo a BR-470. Josino tem 30 anos de idade e 17 de militância, já que foi vereador mirim. Chegou à maturidade política no staff do governo Colombo.

[HumorAmin]
“Muitas pessoas acham que foi, mas preciso explicar que não foi pela beleza que cheguei até aqui: eu estudei! Voltei para a universidade e aprendi que sustentabilidade é para ganhar dinheiro, não para perder.” Foi com esse tempero próprio, e muito riso, que Esperidião Amin falou por 39 minutos depois de ser aclamado candidato a governador. Ele avisou que seria o discurso mais longo nessa que já considera sua melhor eleição e pretende seja a última, depois de vitória em dois turnos.

Produção e edição
ADI/SC jornalista Adriana Baldissarelli (MTb 6153) com colaboração de Cláudia Carpes. Contato peloestado@gmail.com

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