Moradora de União da Vitória conta como superou a Covid-19 durante a gravidez

Segundo ela, momento pediu calma e fé para superar os medo

Arquivo Pessoal

“Minha história é um tanto quanto interessante.
Aos 43 anos, não imaginava que ainda pudesse me tornar mãe pela segunda vez. Tudo aconteceu de repente. Inexplicavelmente. Eu, já com um filho de 23 anos de idade seria mãe novamente, porém, agora de uma menina. Situação não foi planejada, mas que abracei com toda a minha alma de mulher. Tive apoio dos meus pais e do meu filho, Hector Ruan. Havia trocado de emprego. Depois, perdi o emprego. Um turbilhão de emoções. Nesse entremeio, iniciei o pré-natal para esperar a minha filha Manoela, o que aconteceu em 12 de novembro de 2020. Este já era o terceiro mês de vida da bebê”.

…tudo estava indo bem na vida da Cláudia Letícia Cordeiro Pinto, moradora de União da Vitória. Do desemprego, ela conseguiu uma oportunidade de trabalho em janeiro deste ano…

“Estava tomando todos os cuidados para evitar o contágio da Covid-19. Porém, no dia 9 de abril, comecei com uma canseira e pedi folga no trabalho. Fui até o Posto de Saúde do Rocio, em União da Vitória. Até então, diziam que eu era uma gestante de muita disposição. Juntamente com a canseira, apresentei coriza e não conseguia parar em pé. Uma enfermeira disse que poderiam ser sintomas da Covid-19. Fiquei muito fraca de repente. Realizei o teste da Covid e testei positivo; a família entrou em desespero. Da UPA fui encaminhada para a Maternidade de União da Vitória. Nesse período, comecei a sentir falta de ar. Fiquei internada na Maternidade (APMI) por uns cinco dias que pareceram uma eternidade”.

Cláudia confirmou apreensão diante da situação por ela já superada. A sua filha Manoela nasceu no dia 7 junho, às 18h55, de parto normal. Hoje, mãe e bebê passam bem.

“É muito difícil para uma grávida receber notícias tristes sobre a Covid, como as relatadas no Brasil. É muito perturbador. Eu rezava muito, muito e muito. Deus sempre estava do meu lado, eu sentia isso a todo o momento”, afirma.

Arquivo Pessoal

De acordo com o ginecologista e obstetra no Vale do Iguaçu, Ary Carneiro Junior, a pandemia do coronavirus mudou muitas coisas e o processo de maternidade não foi exceção. Segundo ele, a Covid-19 é uma infecção respiratória aguda causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, potencialmente grave, de elevada transmissibilidade.

“O que a gente observa é que a pandemia foi um desafio e algo que veio com agressividade muito grande não apenas à população em geral, mas também no campo da ciência, que levou a uma insegurança momentânea. No tocante a maternidade não foi diferente. A Covid, com todo o efeito devastador na sociedade, e é algo que tem que ser encarado pela sociedade mundial como uma gripe que tem complicações em vários sistemas do ser humano, em especial no trato respiratório. Quando falamos das gestantes, a medida em que ela (grávida) evoluiu durante o seu período gravídico, principalmente acima da sua 34ª semana, pelo próprio volume fetal, uterino, placentário e de liquido amniótico, faz com que se comprima as hastes intestinais contra o mediastino, consequentemente colocando contra a parede torácica, que é limitada pelas suas musculaturas dificultando à pessoa na sua respiração, em especial na fase final gestacional. Como consequência, se o aparelho respiratório for mais atingido pela Covid é um fator preocupante do que possa vir a ocorrer”, diz.

Arquivo CBN Vale do Iguaçu

Foi o que aconteceu com a Cláudia no oitavo mês da gestação, que por vários momentos, em função da Covid, apresentou falta de ar.

“Além da fraqueza excessiva e das dores de cabeça, eu fiquei por uns 20 dias sem dormir. Quando começava a faltar ar, eu acordava e não relaxava mais.Quando recebi alta hospitalar foram os meus pais que cuidaram de mim. Eu tinha medo de necessitar de um parto normal de emergência e não ter forças para ganhar a Manoela. Eu tinha fome, porém não tinha forças para engolir. Realizei um ultrassom morfológico (que é um exame capaz de avaliar a saúde e o desenvolvimento do bebê), que testou que a Manoela havia parado de se desenvolver. Então, ela precisava que eu me alimentasse”.

De acordo com Ary, atualmente, as entidades como o Ministério da Saúde entenderam que as grávidas deveriam ser consideradas grupo de risco para Covid-19. Por causa das mudanças nos corpos e nos sistemas imunológicos, os especialistas afirmam que as gestantes podem ser severamente afetadas por algumas infecções respiratórias.

Arquivo Pessoal

Diabetes, obesidade, tabagismo, asma e hipertensão são apenas alguns dos problemas que podem colocar em risco a gravidez.

“A melhor coisa a fazer é tomar todas as precauções necessárias para evitar a contaminação pelo vírus. Se você estiver grávida ou tiver recém-dado à luz e se sentir doente, procure assistência médica imediatamente”.

Os óbitos de grávidas e puérperas (mulheres que tiveram filho recentemente) chegaram a 642 em 2021. Os dados foram atualizados em maio, pelo Observatório Obstétrico Brasileiro Covid-19 (OOBr Covid-19). Com esse número, o ano de 2021 já tem mais mortes maternas do que o registrado em todo o ano passado no país (457 mortes). Segundo o OOBr Covid-19, desde o início da pandemia, uma a cada cinco gestantes e puérperas mortas pelo novo coronavírus não teve acesso a unidades de terapia intensiva (UTI) e 33% não foram intubadas, perdendo assim a chance de serem salvas.


SAIBA MAIS

Gestantes devem ser testadas em relação à COVID-19?

Recomendações da OMS são que as gestantes com sintomas da Covid devem ser priorizadas para testagem.

Covid pode ser transmitida da mulher para seu bebê ainda por nascer ou recém-nascido?

Ainda não sabemos se uma gestante com COVID-19 pode transmitir o vírus para seu feto ou bebê durante a gravidez ou o parto. Até o momento, o vírus não foi encontrado em amostras do líquido amniótico ou leite materno.

Mulheres infectadas pela Covid podem amamentar?

Sim. As mulheres podem amamentar se assim o desejem. Elas devem praticar a etiqueta respiratória durante a amamentação, usando máscara quando disponível; lavar as mãos antes e após tocar o bebê;

Rotineiramente limpar e desinfetar superfícies que tenham tocado.


 

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