Como é o dia a dia de um artista de circo?

Responsável por encantar crianças e adultos durante várias gerações, o Circo Nacional comemorou seu dia na quarta-feira, 27. E, neste ano, o Vale do Iguaçu teve a oportunidade de celebrar a data com a presença de um circo nas cidades.

A reportagem de O Comércio esteve no The Big Circus para acompanhar um pouco da rotina dos artistas circenses que, neste caso, vivem em uma frota composta por sete motorhomes equipados como verdadeiras mini casas. Nesses veículos adaptados, os moradores do circo contam com banheiro, chuveiro, cozinha, quarto, sala de jantar e sala de estar, tudo feito sob medida. “É uma vida normal. Hoje tem caixa d’água, gerador elétrico, então o conforto está muito melhor do que na época da minha avó, por exemplo, que morava em barracas, não tinha todo esse conforto, não tinha energia elétrica, então era mais complicado, mas hoje está mais confortável para o circense”, explica Rodrigo Botura, mágico e relações públicas do circo.

Como é o dia a dia de um artista de circo?

De família circense, Rodrigo é a sexta geração a viver dessa arte que desperta fascínio e requer muito trabalho. Atualmente no The Big Circus a equipe é formada por 30 pessoas que atuam tanto no picadeiro quanto nos bastidores. “Aqui as pessoas têm suas funções à parte do picadeiro, o que o público não vê, a parte que não brilha do espetáculo”, comenta. Durante o dia, os circenses se dedicam a organização do circo, preparativos dos alimentos que serão vendidos durante as sessões na praça de alimentação e ensaiam os números que serão apresentados. “Nós temos vários setores aqui dentro. Eu cuido do setor de comunicação, e fora isso, nós temos o setor de manutenção, nós temos a parte da burocracia, o administrativo, enfim, serviços gerais, então a gente tem hoje várias funções aqui dentro para que o público quando chegar a noite possa assistir e se deleitar com um grande espetáculo”, completa.

Vivendo da arte circense

O The Big Circus foi criado em 2020. Poucos meses após sua estreia, veio a pandemia. Foram tempos difíceis para a equipe, visto que a renda desses profissionais provém essencialmente da bilheteria. “Todos os setores sofreram muito, mas o setor cultural [sofreu] mais ainda porque foi o último setor a voltar. Nós só fomos ter a liberação para voltar quando já estava perto da normalização. Então foram dois anos angustiantes. Nós montamos o circo, ficamos parados dois anos com estrutura, com dívida, e retornamos ali em meados de 2021 no primeiro plano de flexibilização, e desde então a gente vem, enfim, trabalhando e semeando a arte circense pelo Paraná e pelos quatro cantos”, recorda Rodrigo.

A estimativa é de que mais de 20 mil pessoas tenham assistindo as apresentações do The Big Circus no Vale do Iguaçu, onde permanece até domingo, 31. Terminada a estadia aqui, a equipe seguirá para Mallet. A expectativa é rodar todo o Paraná, Santa Catarina e, quem sabe, outros estados. “O Paraná é um estado enorme, são 399 municípios, lógico que a gente não chega em todos os municípios. Pelo porte do nosso circo, a gente acaba escolhendo alguns municípios um pouco maiores, com maior número de população para poder atender a nossa estrutura. A ideia depois é talvez seguir a Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, São Paulo. Ainda existe uma especulação para que lado nós vamos”.

Arte milenar, o circo, segundo Rodrigo, é uma paixão nacional. O circense lembra a frase dita por seu colega de profissão, Orlando Orfei, de que “enquanto existir uma criança, haverá circo” para reforçar a ideia de que esse tipo de atração viverá por muito tempo. “O circo é a mãe de todas as artes, é o berço universal, é aquela arte que o pai, que a mãe, que os avós procuram quando querem se divertir junto às crianças, é o entretenimento da família brasileira. Nós estamos aqui nos atualizando com as novas tecnologias, com a modernidade, para levar sempre o melhor ao nosso público. O circo vive e sempre viverá”.

E, quando perguntado se escolheria outra vida, Rodrigo é direto. “Se eu tivesse que escolher outra vida, eu escolheria o circo, porque é um amor. Ser artista é um ato de doação, e a gente se doa todos os dias para a alegria das pessoas. Não há nada mais satisfatório no mundo do que o sorriso no rosto de uma criança. Então, se eu tivesse que escolher outra vida, eu escolheria o circo”.

Voltar para matérias