JOC entrevista Major Neppel, novo comandante do 27º BPM

Em 16 de maio, o 27º Batalhão da Polícia Militar de União da Vitória realizou a solenidade de troca de comando. Assumiu a corporação o Major Márcio Rogério Neppel. O Jornal O Comércio conversou com o novo comandante, que nos contou sobre sua jornada na Polícia Militar, além de seus planos para o 27º BPM. Confira:

JOC entrevista Major Neppel, novo comandante do 27º BPM

Jornal O Comércio (JOC): Major, se apresente para a comunidade, fale sobre seu currículo, sobre sua trajetória dentro da Polícia Militar até chegar ao comando do 27º BPM.

Major Neppel (MN): A minha caminhada, eu digo que começou aos 14 anos de idade. Eu, quando adolescente, já tinha o desejo de ser policial militar. O meu pai é sargento da reserva remunerada, veterano da Polícia Militar, que me inspirou a ingressar na corporação. Ingressei na corporação em 1993, na Academia Policial Militar do Guatupê, e depois de três anos fui declarado aspirante oficial, tendo alçado o primeiro posto de segundo tenente em 1997.

De 1997 até o presente momento, eu trabalhei em várias unidades e regiões. Então eu tive a oportunidade de trabalhar na fronteira, em Foz do Iguaçu. Trabalhei também na região sudoeste, em Pato Branco, trabalhei também em Ponta Grossa. São batalhões que eles têm uma abrangência ampla no interior do estado, envolvendo vários municípios, e por muito tempo eu trabalhei na capital do estado, em várias unidades, como o 12º batalhão, o 13º, 23º batalhão. Trabalhei também na cavalaria, que é uma unidade especializada e histórica da nossa corporação, e trabalhei também no batalhão de patrulha escolar comunitária.

Ao longo desse tempo não tem como não somarmos uma vasta experiência, tanto no campo operacional quanto administrativo na corporação, e isso, sobremaneira, nos dá uma segurança, uma tranquilidade quando eu chego ao posto de Major e no comando de um batalhão. Para mim é muito gratificante, e como eu falei, isso nos dá mais segurança, mais tranquilidade, é claro que nesse tempo todo, além do trabalho profissional, eu fui me especializando em outras áreas. Eu sou bacharel e licenciado em Educação Física, e também sou bacharel em Direito. Além das pós-graduações que eu fiz, que realizei durante esse tempo na área do direito, na área de gestão também, formulações de gestão de políticas públicas na UEPG, então o estudo é constante, o aprimoramento é constante. E hoje, na condição de comandante, é claro que eu me sinto mais à vontade para poder gerir a segurança pública a nível municipal e até mesmo demandar novos projetos.

Alguns projetos já estão encaminhados, que são projetos de governo, como é o caso da nossa Patrulha Rural Comunitária, que já está ativa e funcionando muito bem, por sinal, mas outros projetos nós estamos iniciando, desde assumimos o comando no último dia 16, como é o caso da criação do nosso GGI, que é um grupo de gestão integrado para gerir questões mais pontuais, incidentes que por ventura ocorram na região, bem como a nossa ativação do núcleo de ensino permanente, a fim de capacitarmos os policiais em várias áreas, pois nós tivemos desde o mês de março cinco oficiais especializados em várias áreas, em várias unidades da Polícia Militar.

JOC: Major, qual é o principal desafio de quem trabalha na segurança pública?
MN: O principal desafio é trabalhar dentro de um contexto de segurança técnica e jurídica. Vamos falar do aspecto técnico. Técnico, felizmente, nós estamos muito bem. O governo tem investido, o nosso secretário de segurança, o coronel Hudson, tive a oportunidade de trabalhar com ele, isso em 2002, num antigo batalhão de polícia de guarda quando fazíamos escoltas de presos em várias regiões de Curitiba, várias áreas de Curitiba, região metropolitana, em audiências judiciais, levava o preso para consulta médica, enfim, várias situações. Depois, trabalhei com ele no 12º batalhão, isso em 2010, quando ele era comandante de uma companhia, da quarta companhia, que fica em Santa Felicidade. E, felizmente, trabalhei com ele também quando ele era nosso comandante regional, do primeiro comando regional, eu na época estava na cavalaria. Então, o coronel Hudson, ele está muito acima da média, pela forma como ele vê a corporação, e graças a ele algumas coisas, algumas melhorias têm ocorrido, e claro que a sensibilidade também do governador nesse processo, na aquisição de armamento, na aquisição de viaturas. Nós teremos agora muito em breve a chegada de um novo fardamento para a corporação, então a corporação estará sendo repaginada nesse aspecto, que é um novo fardamento. No aspecto técnico, condições de trabalho, na formação e também na especialização de oficiais e praças, isso tem sido recorrente. Agora, no aspecto da segurança jurídica, que é uma outra dificuldade, nós dependemos de todo um contexto da comunidade jurídica que vez ou outra tem mudado algumas decisões, isso tem gerado uma insegurança para o policial quando está trabalhando na ponta, na rua.

JOC: Major, aproveitando o seu gancho e também a sua experiência, gostaríamos de saber a sua opinião sobre um assunto que muitas vezes é polêmico, porque a Polícia Militar, por exemplo, prende um meliante, um bandido, mas a lei obriga a polícia a liberá-lo logo ali na frente. Tem muito infrator que é conhecido da polícia por ser um criminoso recorrente. Como que o senhor enxerga essa questão? A lei, ela muitas vezes é frouxa, dificulta o trabalho da polícia?
MN: Olha, eu infelizmente também já passei por isso, trabalhei muito tempo na rua como tenente e vi isso de forma recorrente. Tanto a polícia, a Polícia Militar, que é a polícia administrativa, a polícia ostensiva, a polícia preventiva, assim como a polícia judiciária, a polícia que cabe a apuração da infração penal, que é a Polícia Civil, elas fazem cada qual o seu papel. A Polícia Militar, ela prende e ela encaminha para a Polícia Civil, que acaba materializando aquela condução em auto de prisão em flagrante. E depois o poder judiciário, através do magistrado, ele acaba tendo que decidir pela permanência ou não daquele infrator no sistema. E daí nós vamos ter que falar da legislação.

A legislação é muito volátil, vamos assim dizer. Ela é muito frágil, ela precisa ser revista. Aí nós dependemos de quem? Do Congresso. O Congresso precisa aprovar medidas mais contundentes em relação à manutenção desse cidadão preso no sistema. E vamos pegar um gancho aqui agora, (…) sobre a questão da violência doméstica. Então vejam que a violência doméstica tem sido recorrente, tem sido alto o índice de agressões no ambiente doméstico e, infelizmente, a medida cautelar, o afastamento do lar não tem sido uma medida de eficácia. Veja que, pegando este exemplo, é preciso repensar isso, e urgente. Infelizmente, nós temos visto diariamente na mídia mulheres que têm sofrido por isso e de forma que é uma tragédia familiar anunciada. Então é preciso rever isso. Nisso que eu quero focar aqui, que é preciso rever essa legislação que é específica, no sentido de fazer mais proteção à mulher. Aí poderíamos até pensar no encarceramento, seria uma medida? Não sei. Aí é preciso estudar com mais profundidade o tema e fazer muitas reflexões para poder chegar a um denominador.

JOC: Major, falando especificamente de União da Vitória, nós temos, como o senhor citou, a questão da violência doméstica. Nos bastidores o senhor disse que se surpreendeu com o número de ocorrências de violência doméstica em toda a região aqui. Mas nós temos bons índices no combate à criminalidade? E quais são as principais ocorrências atendidas por aqui, com exceção da violência doméstica que nós já citamos.
MN: Nós temos tido uma redução. O último comandante do 27º, que era o tenente Coronel Balbino, fez uma exposição ao nosso comandante regional. Nós tivemos, comparativamente no ano passado, uma redução leve, mas tivemos uma redução em relação a furtos e roubos. Mas em linhas gerais, eu digo porque eu vim recentemente da capital do estado, a região aqui, União da Vitória, a região é uma região muito, muito calma, muito, muito mesmo. Então comparativamente à capital do estado, em que eu falo por mim, na capital do estado, não que aqui eu não ande armado, ando armado o tempo todo, eu sou policial, estando de folga ou não estando, 24 horas por dia. Mas o estado de atenção é muito mais presente, onde eu transitava como cidadão, em Curitiba, do que aqui. Então aqui você não tem, durante o turno de serviço das equipes, acompanhamentos táticos, confrontos armados, você não tem esse tipo de ação policial, o que na capital do estado é comum.

E eu digo isso porque na capital do estado nós temos batalhões especializados que reforçam o policiamento, como é o caso do batalhão de polícia de choque, como é o caso do batalhão RONE, como é o caso do BOP. Nós temos batalhões especializados que reforçam o policiamento. Aqui nós temos guarnições reforçadas, especializadas, temos a nossa ROCAM, que é a ronda ostensiva com aplicação de motocicletas, então é uma guarnição especializada com o uso da motocicleta, para acessar locais onde muitas vezes a pé fica difícil para o policial, ou mesmo com viatura. Nós temos a própria ROTAM, que é a nossa ronda tática, e nós temos a nossa Patrulha Rural Comunitária, que eu falei há pouco, que dá uma atenção na região rural. Então também a Patrulha Rural Comunitária, por ser um programa de governo, tem gerado bons resultados. A comunidade rural tem aceitado de forma muito significativa a presença, o cadastramento das propriedades rurais, ela tem sido muito eficaz.

JOC: Major, em relação à infraestrutura do 27º, nós somos bem atendidos no que diz respeito à quantidade de policiais, de viaturas, de condições para o trabalho dos policiais? O que o senhor encontrou quando chegou aqui?
MN: É importante frisar que o nosso batalhão até pouco tempo era uma companhia independente, então ele tinha uma configuração de uma companhia. No nosso batalhão, no ano de 2023, nós tivemos um curso de formação de praças, e 86 policiais ficaram conosco da última formação que tivemos de praças, isso criou um aumento significativo para o nosso efetivo. Então quase que dobramos o efetivo, por conta desse acréscimo da última escola.

Em relação aos meios, como eu falei há pouco, armamento, viaturas, nós estamos muito bem equipados. É importante frisar que isso nós comentamos há pouco antes da entrevista, que a nossa polícia, ela trabalha, é um batalhão, mas nós trabalhamos em sintonia com a PM de Santa Catarina. Nós temos lá o capitão Pezzini, que é o comandante da segunda companhia de Porto União, então nós estamos constantemente trocando informações e atuando em conjunto em algumas ações, principalmente no que tange ao cumprimento de mandado de prisão, busca e apreensão. Há essa interação e os resultados têm sido muito produtivos.

Uma questão também que está no nosso radar constantemente, inclusive eu estou tratando disso com os nossos oficiais, é a criação de um núcleo para desencadear as operações com o apoio do setor de inteligência da Polícia Rodoviária Federal também. Nós temos nosso setor de inteligência, que nós temos à frente uma equipe muito boa, muito dedicada, a ideia é desenvolvermos operações na região, até porque nós temos coisas de fora. A ideia é desenvolvermos operações porque essa região acaba sendo rota de descaminho, de contrabando, e as nossas equipes de rádio patrulhamento, elas constantemente estão realizando abordagens, então seja onde for, seja no interior do estado, nos demais municípios que são nossa responsabilidade, como por exemplo General Carneiro, Bituruna, ou mesmo União da Vitória, então o trabalho da PM é constante, 24 horas por dia, sete dias da semana. E eu falo porque eu já estive à frente de várias tropas, de vários batalhões, como eu te falei no início da entrevista, e a nossa tropa é uma tropa muito dedicada, foram policiais novos, chegaram agora, os policiais mais experientes, eles também têm essa característica que se desenvolveu na nossa tropa, que é a perseverança.

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