Espaço cultural: “Grandes festas populares”

Há realmente, para mim, uma controvérsia quando ouço falar que devemos viver o presente e apagar o passado. Penso que mesmo em relação a certos chavões, “RECORDAR É VIVER”, “PASSADO É A ALMA DO POVO”, o passado sempre faz parte da nossa vida e a de um povo. Não pode e não deve ser esquecido, seja para lembrar momentos e fatos felizes, de alegria, seja para pontuar erros e tentar corrigi-los no amanhã.

Grandes festas populares

A propósito, nesse período em que acontecem os preparativos para a Festa do Steinhaeger e do Xixo, uma festa popular, na Estação União, recordo duas outras grandes festas culturais aqui realizadas, que abrangeram municípios dessa região.

A primeira, BRATFEST, a Festa do Assado nos anos 90, foi idealizada e coordenada pelo então empresário Alexandre Negendank, realizada no Pavilhão da FRICESP.

A segunda, embasada na primeira, a FESTA DAS ETNIAS, uns dez anos depois, idealizada e coordenada por professoras e realizada pelo Curso de Turísmo da UNIUV (na época FACE).

A Bratfest teve como mote reunir a cultura trazida pelos imigrantes da região, através da culinária, da música e dança oriundas da terra de pessoas aqui chegadas, concorreram para o desenvolvimento social e progressivo da população.

Iniciou com o desfile de carros, tipicamente decorados pelas etnias, onde ficavam imigrantes ou seus descendentes e o grupo de danças que os representava. Lembro-me que o Centro de Danças Porto União da Vitória, representando os espanhóis, imigrantes que tiveram influência comercial no município de Paula Freitas, teve em seu carro o grupo de danças e a senhora Maria, espanhola, que por muito tempo manteve sua banca de revistas próximo a passagem férrea no lado catarinense.

A chegada do desfile, na FRICESP, oferecia no acesso ao pavilhão o assado típico dos alemães que era a bratwurst num pão. Depois, nas refeições, a carne assada que representava a etnia, era o principal prato a ser servido.

Durante a festa, a música e os grupos representando as correntes imigratórias animavam o grande público.

No domingo, segundo dia do evento, cada grupo apresentou a sua candidata a rainha da Bratfest para fazer uma auto apresentação na linguagem original. Pelo Centro de Danças a então aluna Silvia Kochan teve que aprender espanhol para apresentar-se como candidata ao título. Final do concurso, por aclamação, venceu a candidata pelo grupo do município de Irati.

Uns dez anos mais e era realizada a Festa das ETNIAS, evento que foi o início para a criação do Instituto Cultural Grünenwald e também ao Trem das Etnias, conduzido pela 310, locomotiva que foi restaurada da antiga Estrada de Ferro Paraná–Santa Catarina.

Hoje, as vésperas da Festa do XIXO e do STEINHAEGER, podemos dizer que duas correntes imigratórias são lembradas: a alemã e a libanesa. Segundo o pesquisador Carlos Guérios, ex-morador de Porto União, foram libaneses que aqui introduziram a “xixa”, que era a carne cortada em pedaços, assada e servida em espetos. Entretanto, a dificuldade de pronúncia no uso do artigo, transformou o vocábulo “xixa” em “xixo”. Motivo pelo qual só aqui a palavra Xixo substitui o vocábulo espetinho.

Que essa festa, já em sua 15ª edição, advenha em grande sucesso, é o que desejamos. Mas que, muito em breve, seja construído um pavilhão em local acessível, para abrigar suficientemente o público em geral, bem como os standers de empresas e entidades, sem tolher sobremaneira o trânsito nas áreas centrais das cidades.

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