ESPAÇO CULTURAL: Homenagem ao artesão

Uma exposição aberta dia 18 de março, pela Associação Arte do Porto, num dos antigos armazéns da Estação União, chama a atenção dos quantos  por lá transitam, a maravilhosa arte feita em madeira, pelo artesão Gilberto Martines Carrer.

Peças expostas, inmemoriun de quem descobriu na madeira, riqueza do sul brasileiro, quão pode ser ela trabalhada no artesanato, arte preciosamente admirada e tão escassa na atual geração.

Como pensamos, “arte é força imanente, não se compra e não se vende, nasce e morre com a gente”. É talento, amor e dedicação que bem se aplicam ao artesão Gilberto.

Paulista do bairro Ipiranga, em São Paulo, com seus pais Nilsa e Flávio, foi ali que nasceu e passou parte de sua infância.

Um sonhador, que desde pequeno demonstrava desejos de futuros  desempenhos em várias atribuições.

Transferindo-se a família para São Bernardo do Campo, deu ele asas ao sonho de voar. Matricula-se, conclui o curso para pilotos e recebe o brevê de aviador.

Uma profissão que causa apreensões, cabe a sua mãe interferir para  que desistisse de pilotar.

Aflora então a sensibilidade do jovem para a arte. A música também embala seus sonhos. Faz o curso de violão clássico que, concluído com brilhantismo, permite-lhe os aplausos públicos.

Estudioso das ciências, ingressa na Maçonaria e chega ao posto máximo de Venerável, Grau 33.

A espiritualidade na doutrina de Allan Kardek entra na vida de Gilberto. Herdada de sua mãe, a mediunidade é revelada e ele passa a incorporação. Responsabilidade que assume e possibilita-lhe ajudar pessoas, inclusive as mais necessitadas, pela vida afora.

Um trabalho solidário que não o inibe de ter seu próprio negócio: uma loja de consertos eletrônicos e eletrodomésticos.

Passado algum tempo o amor filial prevalece e Gilberto segue para Itanhaem no litoral, onde seus pais já estão estabelecidos. Seu progenitor, que herdara do avô materno a profissão de marceneiro, desperta no filho grande interesse pelo trabalho em madeira.

Juntos, trabalham na Marcenaria Carrer, de onde saem móveis de bom gosto planejados  e, atendendo pedidos de clientes, até com acabamentos em pátina.

A partir daí, como autodidata, descobre o artesanato em madeira e revela-se o artista.

Nesse tempo também o amor chega em sua vida. Contrai núpcias com  Cinira, a jovem com quem teria a filha Paula.

Anos depois, separado desse enlace, com a dedicação pelo trabalho em madeira, o agora artesão vêm para o sul e estabelece-se em Porto União.

Como é usado dizer, tudo tem um propósito na vida.

Conhece nessa cidade, Rosana, que vem a ser sua segunda esposa. Como ele dizia, era ela a sua “morena”.

Nasce-lhes o filho Pedro. Para Gilberto, um segundo filho que veio  completar a vida do pai amoroso, dedicado e companheiro  que  queria ser.

Acreditando que, em todo o antigo sonho há um caminho a trilhar também para a auto realização, não era mais o de ser um marceneiro ou empresário, mas ser o artesão na madeira  para revelar toda a beleza de sua alma de artista.

Quando em 31 de dezembro a população dessas duas cidades  festejava um final de 2022 e preparava-se com esperança para iniciar um novo ano, deixava o plano terrestre para seguir além, o artesão Gilberto Martines Carrer.

Deixa a saudade na partida, para familiares e amigos. Deixa a gratidão materializada nas obras de arte em madeira, que é coisa nossa, a qual  sempre  admirou e nela acreditou, como expressão da beleza se feita com amor.

Foto: Reprodução

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