Odilon Muncinelli, o homem que imortalizou a cultura do Vale do Iguaçu nas páginas de O Comércio

“Vou morrer de beca, não de pijama”. Esse era o lema do advogado e intelectual do Vale do Iguaçu, Odilon Muncinelli, que faleceu na manhã do domingo, 09, aos 82 anos. Há 20 anos Odilon assinava neste jornal a coluna Milho no Monjolo, em que semanalmente dava visibilidade para o setor cultural das cidades. Mas a parceria com O Comércio começou ainda nos anos 70, com a coluna Lex – Notas e Comentários, espaço destinado a textos sobre o mundo jurídico.

Odilon também foi um personagem constante nas reportagens apresentadas neste jornal. Entre as diversas atividades descritas no extenso currículo do advogado, destaque para uma citada na edição de 13 de março de 1971 de O Comércio. Odilon foi secretário da Fundação Intermunicipal de Televisão, entidade criada com a intenção de disponibilizar para o Vale do Iguaçu e municípios da região o sinal dos canais disponíveis na época.

Também, conforme mostra a edição de 26 de fevereiro de 1972, Odilon foi membro adjunto da Comissão Executiva Municipal para as Comemorações do Sesquicentenário da Independência do Brasil.

No final de 1972, em 09 de dezembro, O Comércio evidenciou a atuação de Odilon na área jurídica, com a reportagem Dr. Odilon Muncinelli: Espetacular Vitória no TA, que contou aos leitores o sucesso do advogado ao pedir um habeas corpus em favor de cinco homens acusados de contravenção penal por jogarem bingo de cartela durante uma festa beneficente na capela Nossa Senhora dos Navegantes, ato considerado criminoso na época.

odilon muncinelli

Noticiamos, ainda, em 24 de outubro de 1987 que o artigo “Aquele Menino”, escrito por Odilon e publicado em O Comércio passou a integrar os anais da Assembléia Legislativa do Paraná (Alep).

Já em 1996, quando Odilon concorria ao cargo de vereador de Porto União, publicamos a seguinte mensagem escrita pelo intelectual. “Todo aquele que achar que os seus interesses estão separados dos interesses comuns ou que seu desenvolvimento pode ser feito às custas do sacrifício e exploração de outros seres humanos, é um pensador do passado e certamente terá muito pouco espaço e desenvolvimento no futuro. O desenvolvimento e o futuro exigem uma mentalidade em que a confiabilidade, a qualidade, a ética, a moral, o amor e a verdade serão os valores maiores.”

Em junho de 1997, Odilon apareceu em nossas páginas de uma forma diferente. Seu filho, Gianfranco Muncinelli, escreveu sobre seu pai, em resposta a artigos que vinham sendo publicados em O Comércio por Odilon como forma de homenagear magistrados do Vale do Iguaçu.

Em 16 de junho de 2000, data em que Odilon completou 60 anos, sua esposa, Aldair Wengerkiewicz Muncinelli, publicou nota em que parabenizou o esposo por “uma vida de trabalho, de sonhos e de realizações. Tempo em que ajudou a história de Porto União e União da Vitória; está inserido nesta História e tem registro, com muita propriedade, esta História.”

Odilon também foi um dos fundadores da Academia de Letras do Vale do Iguaçu (Alvi), sendo empossado no dia 10 de novembro de 2001, conforme mostrou reportagem de mesma data publicada em O Comércio. Odilon partiu deixando a esposa Aldair, os filhos Gianfranco e Giorgio, e os netos Enzo, Pietro, Cícero e Sarah, além de todos os admiradores que sentirão saudades do homem nascido na Beira do Iguaçu.


Texto de Gianfranco sobre seu pai, publicado em junho de 1997

Odilon Muncinelli

Gianfranco Muncinelli (Engenheiro Eletricista)

Pois é, caro leitor d’O Comércio. Normalmente você está acostumado a ver um Muncinelli ocupando uma coluna neste jornal. Hoje está vendo (ou lendo) um outro.

O Muncinelli a que me referi no parágrafo anterior é meu Pai. Pai, sim, com um P maiúsculo. Homem este das letras, que com seu estilo inconfundível e escritos maravilhosos faz história no meio forense de nossas queridas cidades.

Não é minha intenção, de maneira alguma, tentar igualá-lo. Seria uma tarefa impossível!!!. Minha intenção é apenas prestar-lhe uma homenagem, com algumas “mal traçadas linhas”. Recordo-me da edição d’O Comércio de número 2565, de fevereiro do corrente ano, onde nasceu a idéia de escrever alguma coisa em resposta. A coluna era “E QUANDO ELE SE FOR?…”. Confesso, caro leitor, que se não escrevi antes, foi porque faltou-me coragem.

Se o leitor se recorda, neste artigo o DR. Odilon Muncinelli questiona sobre quem levará a frente a árdua tarefa de escrever sobre os membros da família forense que se vão; depois que Ele se for. Quero acreditar que há um colega seu na “incubadora”. Certamente ele não quer aparecer agora. Talvez para evitar comparações; talvez por não querer ser ofuscado pelo escriba que vêm ocupando-se deste ofício; quem sabe. Mas quero acreditar que alguém irá se lembrar do senhor, meu querido Pai. É difícil de acreditar que um Homem como o senhor não será lembrado pelos seus colegas, irmãos de Fôro!!!

E se não lembrarem? Paciência…

Seus atos o farão ser lembrado por todos. Sua vida correta, honesta e profícua servirá de exemplo para muitas gerações, em particular para os Muncinelli que virão deste seu ramo. Esta tarefa é minha!!!

De qualquer maneira, seus escritos estão aí para firmar que o Dr. Muncinelli passou por este mundo, mostrando seu respeito pelos seus amigos e colegas que já se foram. Mais que isso, ele mostra diariamente seu respeito pelos amigos e colegas vivos. Quantos deles passam por seu escritório a procura de ajuda… e sempre encontram. Esse exemplo de vida é eterno.

Se o seu amor e dedicação para com o seu ofício são ímpares, seu amor e dedicação para com a sua família são incomparáveis. Apesar da convivência com os filhos ser dificultada pela distância, nunca deixou de passar a força e o estímulo necessários para que eles atingissem seus objetivos. Mesmo longe, procura (e consegue) transmitir todo o afeto e amor de Pai.

Já escreveu um livro (certamente irá escrever outros mais). Já teve um filho (dois, para ser exato). Já plantou uma árvore. Certamente, querido Pai, alguém haverá de lembrar-se…

E se não lembrarem ainda assim?

Aí a tarefa sairá das mãos de um Advogado e irá para as mãos de um Engenheiro!!!

Obrigado por tudo, querido Velho. Feliz Aniversário.

Ilha de Santa Catarina. 16 de junho de 1997


Primeira edição da coluna Milho no Monjolo, publicada em 11 de abril de 2003

As imagens do Contestado

A Coordenadoria de Extensão e Cultura da Universidade do Contestado (Canoinhas) selecionou, ontem (dia 10), os trabalhos apresentados ao Concurso “As Imagens do Contestado”e que serão expostos na 1ª Mostra de Desenhos Infantis. Pena que somente foram admitidos trabalhos de alunos do ensino fundamental das redes estadual, municipal e particular de ensino do município de Canoinhas. Pena mesmo!

Nome de rua

Pela Lei nº 3041/2003, do dia 20 de março de 2003, fica denominada de professor Isael Pastuch, uma das vias públicas de União da Vitória.

Dona Cegonha

Oportuna a lembrança da minha confreira profª Leni Trentin Gaspari, que, na Sessão Solene da Academia de Letras do Vale do Iguaçu, em homenagem aos 113 anos de União da Vitória, falou, e muito bem, a respeito da Sr.ª Carlota Pioli. Disse ela (a oradora): “Em União da Vitória muitas mulheres contribuíram para a construção da história da nossa cidade, todavia, neste momento, vou falar sobre uma mulher que dedicou-se a atender a população feminina de Porto União e União da Vitória por um período de 50 anos, como parteira. Trata-se de Carlota Balmberger Pioli, carinhosamente chamada por “Dona Cegonha”.

Nostalgia

O texto “Nostalgia”, lançado no jornal A Cidade da última semana. Me chamou a atenção pelo importante registro histórico e sentimental que fez acerca dos trens, dos ferroviários e da saudade que deixaram. No referido texto, o autor, Darci Nunes, citou alguns nomes de antigos ferroviários, ressalvando uma centena de outros. Aproveitando a deixa, e intrometendo-me no assunto, tomo a liberdade para lembrar o nome de Wenceslau Albino Wengerkiewicz, o meu pranteado sogro, que “já tomou seu lugar no trem do Criador”.

No ano de 1979, quando o inesquecível amigo Ari Milis pretendia lançar o livro “Tradição de Avô para Netos: Cinqüentenário de jornalismo da Família Milis nas Cidades Gêmeas do Iguaçu”, ele falou de Wenceslau Albino para lembrá-lo como um “símbolo da laboriosa classe ferroviária, pelas suas inegáveis qualidades de homem simples, honrado e trabalhador”.

Diploma

Muita gente está preocupada, e reclamando, porque até o momento ainda não recebeu o prometido Diploma referente a participação no 2º Simpósio do Contestado realizado no mês de novembro do ano passado. Promessa é dívida!.

Lançamento

Sexta-feira última, dia 4, foi lançado o livro “Resgate Popular Paranaense”, contendo uma coletânea de contos, lendas e crendices acerca do nosso Iguaçu e da Região. Faltam-me outros detalhes.

Aplausos

Apesar de não possuírem diplomas de Jornalistas, aplausos para os meus amigos Leocádio José Vieira, o Cadinho (do Caiçara) e Cláudio Ferreira, o índio (da Folha do Contestado) pelos seus profícuos trabalhos na nossa imprensa, onde de maneira correta e incansável, cada um ao seu modo, fazem o registro da história do nosso futebol, o “esporte das multidões”.

Estação União

Desde o ano de 1941, portanto, há mais de sessenta anos, a nossa Estação Ferroviária está denominada de Estação União. Assim entendo que, tradicional e legalmente, não é viável a mudança do seu nome, porque, a Estação União pertence para dois estados (Paraná e Santa Catarina), e inclusive, a rigor, faz a linha de fronteira entre eles, conseqüentemente, a mudança de seu nome não pode ser objeto apenas de um ato unilateral, porquanto, afronta aos mais comezinhos Princípios do Direito.

Ademais, ao que tudo indica, os antigos, ferroviários que de fato e de direito têm voz e vez, nem sequer foram consultados e ouvidos a respeito da pretendida mudança do nome da Estação União, que brevemente está para acontecer (se já não aconteceu), via Câmara de Vereadores de  União da Vitória.

Assim, Nobres Edis, em frente à tradição e em razão do direito, essa pretendida mudança de nome da sexagenária Estação União merece um estudo mais apurado e uma reflexão mais demorada. Espero que assim se faça.

A última

“Jamais diga uma mentira que não possa provar”. (Millôr Fernandes)

Beira do Iguaçu, 11 de abril de 2003.

Odilon Muncinelli é membro da Academia de Letras do Vale do Iguaçu.

Voltar para matérias