Presidente do Iguaçu analisa temporada, que terminou de forma frustrante

Em sua primeira entrevista após a eliminação do Iguaçu na Divisão de Acesso, no programa União é Notícia, da Verde Vale FM, o presidente do clube, José Luís Ruski, rebateu críticas e afirmou que o clube honrou todos os seus compromissos com o grupo de jogadores. Ruski também destacou que pensa em deixar o clube antes do encerramento do mandato, em 2026.

Presidente do Iguaçu analisa temporada, que terminou de forma frustrante

Confira a entrevista na íntegra:

Jornal O Comércio (JOC): Qual é o tamanho da sua decepção com a derrota na semifinal da Divisão de Acesso?

José Luís Ruski (JLR): Estamos tentando juntar os cacos do que aconteceu. De novo batemos na trave e  tal, mas estamos aí. Nós esperamos abaixar um pouco a poeira porque tinham uns comentários meio pesados por aí. A gente tenta fazer o negócio certo e acaba levando pedrada de tudo que é lado. Nós (diretoria) vamos nos pronunciar oficialmente para acabar com esse zum, zum, zum, esse diz que me diz…isso é pior que menina fofoqueira. Realmente nós ficamos chocados com a eliminação. Porque nós estávamos lá (em Curitiba), e eu jamais admitiria que ele (o técnico Ageu Gonçalves) fosse tirar o Ícaro de campo (no jogo da volta contra o Andraus). O Ícaro estava machucado realmente. Mas tirar ele e botar o Tanque (atacante). Ali a gente se questionou, mas que que está acontecendo? Era preciso pelo menos fazer mais um gol ou segurar. Não poderia ter colocado um jogador pesadão, com quase cem quilos. Agora, não se sabe o que passou na cabeça do Ageu também, o que ele quis fazer na hora ali. Eu acabei nem conversando com ele. Até gostaria muito de conversar com ele depois de baixar essa poeira para nós vermos o que realmente passou na cabeça dele. Você veja: nós ganhando de 2 a 0 teria que segurar mais o jogo. Que nem o pessoal do interior fala: ‘jogo de campeonato é bola para o mato, né’? Mas infelizmente levamos azar e tomamos aquele terceiro gol também. O Van Dal (zagueiro) foi um dos melhores jogadores do campeonato e no fim vai me resvalar ali, cair, então é uma coisa do futebol, a gente não consegue nem explicar.

JOC: Presidente, o senhor citou que não conversou mais com o Ageu depois da eliminação. Qual é a sua avaliação do trabalho do Ageu Gonçalves e da Comissão Técnica? O senhor contrataria ele de novo para ser o treinador na próxima temporada?

JLR: É difícil viu. Ele é uma pessoa fora de série. Mas eu acho que como técnico deixou muito a desejar. Eu apostava muito nele. Trabalhou no Cruzeiro, mas como assistente técnico. Então acho que nós confundimos porque não tínhamos visto ele como técnico. Como jogador foi vencedor, pentacampeão paranaense pelo Paraná Clube. Como técnico, para mim, deixou muito a desejar. Eu esperava bem mais dele e foi até meio decepcionante.

JOC: E o grupo de jogadores? No ano passado, depois da eliminação ainda na primeira fase, o senhor fez duras críticas ao elenco. E este ano qual é a avaliação do trabalho dos atletas?

JLR: O grupo, no meu entender, foi um grupo bom. Eu sempre falei desde o começo que a gente foi buscar um pessoal que foi campeão ou foi vice-campeão por onde passou. Só que nós dependíamos da pré temporada. A nossa pré temporada eu não digo que foi curta, mas é muito atropelado. Nós não tínhamos condições de trazer os caras dois ou três meses antes por causa do salário a pagar. Só em alimentação são cerca de R$ 600,00 diariamente. Aí você tem mais alojamento, tem isso e aquilo, tem o pagamento do salário. Então o Iguaçu ele não tem alguém que banque que nem o Patriotas, por exemplo, que tem um investidor que vai lá e paga, coloca o dinheiro. PSTC e Andraus são a mesma coisa. Mas o Iguaçu era único ali no meio, o filho pobre das semifinais. Tudo isso é negócio, planejamento para tentar ver se da próxima vez conseguimos fazer isso de uma forma melhor.

Eu não sei se vou continuar, pode ser que até deixe o cargo (o mandato vai até 2026). Eu fui reeleito no ano passado, mas é um negócio que vai deixando a gente assim chateado porque não estamos acostumados com esse tipo de crítica. Eu vou ficar me incomodando, escutando besteira? Eu pago para trabalhar pelo Iguaçu, ajudo com pouca coisa, mas tiro o dinheiro do bolso. Eu não sei se vale a pena ficar levando bordoada.

JOC: O que mais lhe incomoda para o senhor chegar a esse pensamento de daqui a pouco achar que é a hora de se retirar e dar lugar a outra pessoa?

JLR: É um monte de coisa que falam. Dizem que foi vendido o jogo, que a diretoria só contratou “bagre”, só trouxe jogador que não condiz com o nome do Iguaçu. Pode trazer o melhor profissional do futebol que você quiser, se você não tiver dinheiro, você não consegue ter um bom time. Nós não temos condição de pagar R$ 13 mil para um jogador. Eu não tenho condição de pagar um atacante como o Liliu (do Paraná Clube), que ganha R$ 25 mil por mês. Eu tinha jogador aqui ganhando R$ 1.500, R$ 2.000, essa é a realidade do Iguaçu. E vai lá no clube ver o que tem de contas para pagar, as despesas mensais. Veja bem, hoje o pessoal foi embora, todo mundo na sua casa e foi pago tudinho, bicho, salário, décimo terceiro, férias, tudo proporcional, nós não devemos nada para ninguém. E tem mais uma, estamos com R$ 60 mil em caixa. Agora todo mundo quer pegar o Iguaçu. Claro, mas por que não pegaram lá atrás, como eu peguei há dez anos, que estava no fundo do poço, com mais de R$ 800 mil de dívida que eu paguei? Agora é fácil criticar. Mas deixa isso aí, já passou, já aconteceu, é vida nova. Só estou dizendo que o problema do Iguaçu é o dinheiro, queira ou não queira é o dinheiro. Eu podia fazer um time dez vezes melhor, mas hoje estaria escondido, não teria dinheiro para pagar os caras. O que que eu ia fazer para pagar os caras? Veja bem, o bicho do jogo da semifinal com o Andraus, eu ofereci R$ 100 mil. Era R$ 100 mil para os jogadores classificar. E R$ 25 mil para o treinador. Ou seja, quase R$ 130 mil. Como é que os caras vão vender o jogo? Para com isso cara. Isso é papo de criança.

JOC: Presidente, não se faz futebol sem dinheiro. Falta apoio de uma forma geral aqui na região para que o Iguaçu faça um time melhor na próxima temporada?

JLR: Tendo apoio, meu amigo, aí o negócio vai embora. Você veja bem, o pessoal criticou que o ingresso subiu na semifinal. Subiu R$ 10. Você não tem ideia do que eu ouvi de besteira por causa de dez reais. Quer dizer, como é que você quer fazer um time, meu amigo? Aí não tem como. A realidade do Iguaçu é essa, não temos dinheiro para fazer um time competitivo, não tem. Eu faço um time que eu não perco para ninguém, mas eu preciso de dinheiro, me bota dinheiro na mão. E outra, eu não fico devendo para ninguém, não gosto disso de deixar conta para trás.

JOC: O presidente da Federação Paranaense, Hélio Curi Filho, esteve presente em um jogo do Iguaçu aqui em União da Vitória. O que o senhor ouviu dele?

JLR: Sim, ele esteve no jogo de ida contra o Andraus. Nós conversamos bastante e ele ficou entusiasmado com a torcida, ele não imaginava assim o poderio da nossa torcida. Mas falta apoio à Divisão de Acesso. Veja bem, o campeão esse ano não vai ter nada, premiação zero. Então, veja o custo que você tem, nós gastamos quase R$ 700 mil com esse campeonato. É dinheiro para caramba compadre, e não ficamos devendo um centavo. Eu nunca tinha visto o Iguaçu com dinheiro em caixa. Nunca vi, eu sempre acompanho o Iguaçu desde sua fundação. Então a gente está tentando fazer um trabalho de base também, com quatro, ou cinco jovens vindo aí, mas não é do dia para a noite que vai colher os frutos. Tem promessa até de venda, pode ser que aconteça alguma coisa, empréstimo, para entrar um dinheiro no Iguaçu.

JOC: O senhor citou as críticas, mas também tiveram elogios.

JLR: O que me deixa triste é que às vezes uma maçã podre pode estragar um monte de de frutos. E você não merece aquilo ali, entende? Eu acho que a gente fez um trabalho de gente grande. Então você não merece o que estão falando, é besteira. O pessoal antes de falar essas abobrinhas, que procurem ver o que que realmente está acontecendo no clube. Vai lá ver, vai lá pedir para ajudar, colabore, entre de sócio. Nós estamos brigando aí com o sócio torcedor, já faz cinco, seis anos, nós não temos cem pessoas de sócio torcedor, quer dizer, onde é que está o amor pelo Iguaçu? Cadê? É R$ 25,00 a mensalidade, onde é que está esse amor pelo Iguaçu? Eu não sei, é amor para ir lá e só criticar no campo? Se metade dos torcedores que vão ao estádio se associassem, daria para fazer um time melhor. Aí sim, aí você tem que ser cobrado mesmo, porque aí opa, peraí, você tem um dinheiro. Imagina dois mil associados, R$ 50 mil por mês, mais a venda de camisas, mais as placas, aí sim, aí vamos fazer um time que presta, vamos trazer jogador de dez conto, melhora a qualidade do elenco. Mas precisa ter dinheiro, sem dinheiro você não faz, nós não fazemos milagre. De novo eu falo isso, falei o ano passado e falo de novo. Fomos terceiro no Paraná, terceiro na segunda divisão, com jogadores de dois conto. Nossa folha salarial dava R$ 50 mil. O Patriotas tinha uma folha de R$ 300 mil, o Paraná Clube de quase R$ 400 mil, como é que você vai competir?

JOC: Presidente, o momento é de pensar, de colocar a cabeça no lugar. E o que o senhor projeta para o futuro? O senhor disse que não sabe se vai continuar no cargo.

JLR: Vou pensar até o final do ano. A gente vai conversar muito com a diretoria, vai conversar com os patrocinadores, ver como vamos tocar, ver se outra pessoa gostaria de administrar. Muitas vezes os caras criticam, perguntam, onde é que você errou? Eu digo, acho que eu errei de trazer o Iguaçu de volta. Porque ninguém queria pegar e agora que a gente trouxe, todo mundo quer meter o pau na gente, então é complicado. A maioria do pessoal, graças a Deus, são pessoas conscientes, mas tem, como eu te falei, um pessoal no meio aí que parece que gosta de criticar, né? E não ajudam em nada, pode ter certeza que quem mais critica são aqueles que não ajudam em nada, só querem destruir o trabalho da gente. Vamos ver, vamos fazer algumas reuniões e ver se conseguimos seguir trabalhando para que o Iguaçu suba de divisão, estamos batendo na trave. O amor é muito grande, a gente fala em sair, mas a paixão pelo Iguaçu é mais forte. Vamos aguardar.

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