“Igreja que sobrevive mais de 500 anos necessita ser firme em sua base”

Reforma Protestante é lembrada neste dia 31. Culto de ação de graças será celebrado na Paróquia Evangélica de Confissão Luterana Vale do Iguaçu


(Portal Vvale)

O monge agostiniano Martinho Lutero, em 1517, é considerado peça fundamental no Dia da Reforma Protestante, celebrado neste dia 31. Na ocasião, ele anunciou uma proposta de reforma da doutrina católica em frente a igreja de Wittenberg, na Alemanha. A proposta ficou popularmente conhecida como as 95 teses. Desde então, a data é celebrada pelos Luteranos e outras igrejas cristãs que tiveram como origem, mesmo que distante, a Reforma Protestante iniciada por Lutero.

De acordo com a pastora Mahira Aparecida Boettcher Bahr, da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana Vale do Iguaçu, em 2021 será celebrado o aniversário dos 504 anos da Reforma Protestante.

Para marcar a data, a Igreja de Porto União prepara um Culto de Ação de Graças no domingo, 31, às 19h30, na rua Padre Anchieta, área central. A tradição seguirá todos os protocolos sanitários de combate a Covid-19.

“De 1517 até hoje contamos com Igrejas Luteranas espalhadas pelo mundo. Um feito histórico e muito importante para a história da religião”.

(Arquivo Pessoal/Divulgação)

Segundo a pastora, a Reforma Protestante representa uma grande transformação religiosa da época moderna, pois rompeu a unidade do Cristianismo no Ocidente.

“Atualmente, os luteranos de todo o mundo comemoram o Dia da Reforma Protestante”, diz.

A Federação Luterana Mundial (FLM) tem mais de 77,8 milhões de membros em suas 148 igrejas em sete regiões. O número, com base nas estatísticas fornecidas pelas igrejas para o período que termina em 2019, mostra um aumento geral de mais de 2,2 milhões de membros desde 2017, quando o último levantamento foi realizado. O maior crescimento regional ocorreu na Ásia, onde houve um aumento médio de 9% atingindo 12,4 milhões de membros entre as 55 igrejas membros da FLM em 19 países. A região tinha 11,4 milhões de membros em 2017.

“O Luteranismo foi a primeira religião fundada durante as Reformas Protestantes – movimento liderado por Lutero”, acrescenta Mahira.


“Sempre digo que eu sou apaixonada por Jesus”

Natural de Campo Alegre (SC), Mahira assumiu a Igreja Luterana de Porto União por um período de quatro meses, neste caso, permanece na comunidade até janeiro de 2022, quando a paróquia contará com o seu pastorado definitivo.

“Já estou sabendo que quem bebe da água do Iguaçu sempre retorna ao Vale do Iguaçu, então voltarei às cidades por muitas e muitas vezes”, conta.

A religiosa representa o grupo de mulheres na fé e que acreditam na pregação do evangelho.

“Eu sempre digo que eu sou apaixonada por Jesus, que é por quem eu prego e por quem eu falo. Deus nos usa e, é muito bom falar de quem a gente ama. Nós só falamos aquilo que o nosso coração está cheio”.

De acordo com a pastora, a fé mudou muito no decorrer dos anos.

“Estamos em um mecanismo vivo e a igreja é viva e sempre vai se modificar. A Igreja Luterana é histórica. De 1517 até agora, quando teve a reforma, se passaram 500 anos. Uma igreja que sobrevive mais de 500 anos necessita ser firme em sua base. O que modificou não foi o evangelho, mas a maneira sobre como levar a palavra de Deus até as pessoas”.

Acrescenta ainda que a Igreja Luterana aprendeu a lidar com a pandemia, assim como demais segmentos pelo mundo todo.

“A pandemia foi uma reestruturação da vida de modo geral. Jamais em minha vida pensei que fossemos viver dias assim, ou seja, dias de extremos (como extremo de solidão, extremo de angústia, de dor) por conta da Covid. A igreja como sendo um mecanismo vivo também precisou se reinventar”.

Para a pastora, a preocupação com o coronavírus chegou aos templos religiosos do Brasil já em março de 2020. Houve a necessidade da suspensão de cultos e celebrações por tempo indeterminado para evitar a aglomeração e uma possível transmissão em massa do vírus entre os fiéis. Para resolver a questão, a Igreja foi até os fiéis por meio de serviços das redes sociais, aplicativos e do rádio.

“Percebemos que teríamos que ir ao encontro das pessoas. Cultos online foram realizados e ainda o são, quando necessário”.

Para ela, a pandemia está sendo uma oportunidade para redescobrir a complexidade de sermos igreja.

“Essa oportunidade nunca pode ser perdida, pois é preciso se redescobrir de alguma forma. Não podemos perder o nosso centro, que é o Evangelho, mas sim redescobertas intra e extramuros. A Igreja luterana tem sido muito percebida nesse tempo de pandemia e os pastores estão ganhando visibilidade. Na pandemia é preciso focar na ajuda material ao próximo, mas também na emocional e na espiritual. A pandemia está deixando muitas sequelas e a igreja deve olhar para isso e entender sobre como servir o próximo”.

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