Vale do Iguaçu voltará a ouvir o apito do trem

“Eu estava fora do País quando a locomotiva, a famosa Maria Fumaça, fez um passeio teste pelos trilhos da antiga estrada de ferro em Porto União, até a Estação Engenheiro Melo. Meu irmão, o Leocir – que é o responsável técnico da ferrovia, me enviou um vídeo e afirmou que a emoção foi grande. Disse que os empresários envolvidos com a recuperação da Maria Fumaça quase enfartaram ao vê-la circulando e apitando; à comunidade acenou em sinal de contentamento e apoio”.

Vale do Iguaçu voltará a ouvir o apito do trem

A declaração é de Élio Weber, empresário, integrante do Projeto Trem das Etnias e do Instituto Cultural Grünenwald de Porto União. Ele retornou na segunda-feira, 03, de uma Missão de benchmarking para Medellín, na Colômbia, realizada entre os dias 14 e 18 de setembro. Ele não escondeu a ansiedade para rever os trabalhos junto a recuperação da locomotiva, pois os passeios de trem, segundo o empresário, estão sendo vistos como uma aposta para o aquecimento do turismo local no pós-pandemia. “Anos depois da desativação da estrada de ferro o nosso maior desejo é o de que a comunidade volte a ouvir o apito do trem”, afirma.

Élio lembra que a Maria Fumaça se encontra hoje no pátio do Instituto Cultural Grünenwald, que fica na rua Pedro Mazurechen, no bairro São Pedro, em Porto União. “No pátio do Instituto ela (a locomotiva) estará segura. Antigamente, a céu aberto, a locomotiva servia, infelizmente, de mictório e até de dormitório para pessoas em situação de vulnerabilidade social”, diz.

Élio Weber, empresário, integrante do Projeto Trem das Etnias

Em janeiro de 2020 a locomotiva deixou Porto União com destino à Rio Negrinho (SC) por conta de um contrato firmado entre a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária de Santa Catarina (ABPF) e dos empresários que fazem parte do Trem das Etnias e do Instituto Cultural Grünenwald (que contemplam ações separadas, porém planejadas em conjunto para que a locomotiva retorne aos trilhos).

De acordo com Élio neste período teve um pedido para a prorrogação do prazo para a restauração da locomotiva junto a ABPF, porém não houve um andamento efetivo do trabalho em razão da pandemia da Covid-19. Juntamente do baque sanitário vieram outras dificuldades, como o encarecimento do preço do aço, do ferro e da mão de obra. “Muitas coisas mudaram o andamento do projeto. A pandemia parou algumas das atividades da ABPF e nesse período nós fomos lá (os empresários) para conversar com os seus representantes; conversamos por várias vezes e chegamos ao consenso de que não teríamos um novo acordo com a empresa e, que traríamos a locomotiva de volta para Porto União. Até que ela retornasse, fomos preparando tudo por aqui, conversando com empresários locais, com mecânicos e diversas pessoas que trabalharam na antiga Rede Ferroviária com locomotivas”, explica.

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A Maria Fumaça retornou para Porto União em 10 de fevereiro de 2021. Um grupo formado por empresários do Vale do Iguaçu entendeu pela manutenção da locomotiva na sua cidade de origem com a oferta da mão-de-obra local, gerenciamento e supervisão dos trabalhos frequentemente. O primeiro passo foi a locação de um barracão para abrigar a locomotiva, que neste caso aconteceu em uma parceria com a empresa Scheffer Máquinas de União da Vitória. Em seguida aconteceu a contratação de funcionários do projeto Trem das Etnias, como mecânicos, serventes e outros. Porém, agora estamos prosseguindo com a manutenção por conta própria e nas imediações do Grünenwald.

Élio Weber, empresário, integrante do Projeto Trem das Etnias

A ideia do projeto de recuperação da locomotiva aconteceu em 2009 e contou com um estudo de viabilidade técnica para a sua execução. A primeira etapa aconteceu em 2019 com a retirada dos vagões da Estação União, do tender (vagão-reboque) e da cabine “o preço do aço subiu cerca de três vezes o valor inicial orçado no início do projeto por conta da pandemia. Estamos firmes e fortes para que o projeto seja concluído”.


Missão técnica na Colômbia

A convite da equipe do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Paraná (Sebrae/PR) e da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio/PR), Élio Weber integrou a comitiva da Missão de Benchmarking para Medellín, na Colômbia, considerada como Destino Turístico Inteligente.

Élio Weber, empresário, integrante do Projeto Trem das Etnias

O empresário representou o Turismo Regional do Território Iguaçu que compreende dez municípios da região, incluindo União da Vitória e a catarinense Porto União. Participaram também empresários de outras cidades paranaenses. A iniciativa teve o intuito de conhecer as melhores práticas de gestão das Cidades Inteligentes e os modelos adotados para aplicação de projetos de inovação, tornando-a um Destino Turístico Inteligente (DTI) já consolidado, sendo Medellín a referência em Cidades Inteligentes.

Além disso, o grupo aprendeu sobre o uso dos aplicativos turísticos, como o Medellín Travel (guia oficial de viagens) e Medellín City Card (passaporte digital para parques e atrações). A visita se estendeu ao Centro de Turismo Inteligente. “A Missão foi positiva, além disso, buscamos informações sobre como o País está revertendo as sequelas do narcotráfico ocorrido até o ano de 1991”, pontuou Élio.

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