“Mulher de fé, adorava conversar e contar histórias”

Dona Vitalina, de 87 anos, moradora muito querida em Porto União, foi mais uma vítima da Covid-19

 

COMO ERA A DONA VITALINA?

Uma pessoa alegre e de bom coração.

Ela sempre pensava no próximo e ajudava todos que pudesse. Se ela soubesse que poderia fazer alguma doação, não pensava duas vezes; se preocupava muito com as soluções para os problemas dos filhos e netos, além de auxiliar nas instituições locais, como Apae e Apadaf e, até mesmo, os moradores de rua quando passavam pedir alguma comida. Ela sempre fazia um pouco mais de comida no almoço e na janta, sempre pensando no caso de alguém aparecer de surpresa nos horários das refeições.

Baixinha e trabalhadora, foi do campo até seus dias de aposentadoria, onde assumiu um papel mais caseiro e criou aquele tradicional ambiente que hoje conhecemos como “casa da vó”, aconchegante, feliz e simples. Quem a conhecia sabe que com ela o eixo familiar estava sempre intacto e qualquer assunto poderia receber um bom conselho. Afinal, depois de 87 anos de vida, a experiência falava alto, sem ter nenhum tipo de tom considerado antiquado, pois a cabeça dessa mulher era um relógio que acompanhava seus tempos e a mantinha não apenas ativa e lúcida, mas com a mente aberta para qualquer situação”.

 

 

A descrição dela, que teve sua passagem na terra prestigiada por familiares e amigos, foi feita em conjunto pelos filhos, netos e bisnetos. Em cada frase, uma lembrança. Em cada palavra, um aperto forte no coração. Um aperto de saudade. Muita saudade!

 

Dona Vitalina, de 87 anos, foi uma moradora muito querida na Avenida Santa Rosa, em Porto União. Sua despedida do local em que estabeleceu boas amizades e uma vizinhança solidária, aconteceu no dia 30 de maio deste ano. Ela foi mais uma vítima por complicações da Covid-19.

 

A doença respiratória foi descoberta porque começaram a se manifestar os sintomas. Segundo a família, algo muito semelhante com um resfriado. Foi feito o exame e dona Vitalina testou positivo para a Covid. Em um primeiro momento, a internação dela aconteceu em leito comum por quatro dias.

 

Após, necessitou de transferência à UTI para um melhor monitoramento, com o auxílio de oxigênio, porém, sem a necessidade de intubação. Vitalina não resistiu à doença, vindo a óbito.


Risonha e de muito papo

 

 

Em conversa com filhos e netos de Vitalina, todos deixaram claro que preferem recordar dela através das boas lembranças e com um largo sorriso, ao invés de dor e lágrimas. Vitalina sempre foi positiva, risonha e de muito papo. Para ela, não existia tempo ruim.

 

Nascida em 03 de março de 1934, em Farroupilha, município no Rio Grande do Sul, e com passagens por algumas cidades da região, foi em Porto União que ela fixou moradia. Foi casada com Achyles Zin por 67 anos e ficou viúva em 2018. Mãe de seis filhos: Soeli, Marlene, Camilo, Marli, Marlei e Arlete de Fátima; tinha 12 netos, 21 bisnetos e dois trinetos.

 


O que ela mais gostava?

 

“Adorava fazer comida, conversar muito e contar histórias. Ela adorava ler e aprender sobre história em geral. Mulher de fé, amava assistir missas e rezar. Tudo ligado ao mundo católico lhe interessava muito da mesma forma que informações sobre o cinema e a música”, compartilharam os familiares.

 

Dona Vitalina sonhava em ter sido freira, mas a vida lhe proporcionou outros planos. Além disso, amava a sua família.

 

“Reuniões com filhos, netos, enfim, com todos, eram a sua alegria. Outra paixão era a terra. Plantar, podar, mexer na terra, cultivar suas plantas e hortas eram um amor que ela não conseguiu abrir mão e até antes de seus sintomas ela continuou fazendo”, disseram.


Música preferida?

 

Tinha um gosto musical muito variado.

 

“É difícil dizer uma única música, porém havia algumas: ‘Asa Branca’ ela achava linda. Por ela ter um tato muito versátil, ela ainda tinha sua alma de criança intacta e adorava ‘Ai, bota aqui o seu pezinho’. Também com seu lado religioso aflorado, ela amava a música ‘A Barca’, muito tocada em igrejas. Ela gostava muito do Padre Alessandro Campos em especial a música O que é que eu sou sem Jesus?”, recorda a família com carinho.

 

 


Mensagem da Família

SE PUDÉSSEM FALAR ALGO A ELA, O QUE SERIA?

“Diríamos algo como: Muito obrigado por todos os ensinamentos, pela vida que nos deu, por toda a paciência e tempo dedicado a todos nós. Nossa família aprendeu a ser humilde e a lidar com todos os nossos problemas graças às palavras e exemplos que ela sempre pode nos proporcionar. Você foi cedo do nosso ponto de vista, mas sabemos que depois de 87 anos de pura atividade, a canseira chega e o descanso é merecido.

Sentimos muito sua falta, mas aceitamos que sua missão aqui chegou ao fim, o que não quer dizer que seus hábitos, costumes, ensinamentos e memórias também vão chegar, pois enquanto depender de nós, continuaremos vivendo e passando tudo isso à frente. Não nos despedimos, apenas dizemos um “até logo” na esperança de podermos revê-la.

Sabemos também que está olhando por nós e depois de toda essa dedicação da sua parte, não vamos desistir perante nenhuma dificuldade, porque você nos diria que “amanhã é outro dia” e que “Deus proverá” o que for necessário.

Te amaremos para sempre.”

 


 

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