“Intenção é que o aluno seja mais protagonista da sua história”

Educadora de União da Vitória explica o que muda com o Novo Ensino Médio em 2022


Patrícia Luana Schwartz Gasparoto, diretora do Colégio Técnico de União da Vitória (Coltec), vem participando de várias rodadas de estudos sobre o Novo Ensino Médio. Previsto em lei e sancionada há cinco anos, seu modelo é semelhante ao já existente em outros países, como Estados Unidos, Finlândia e Coreia do Sul.

Entre as principais mudanças que entraram em vigor neste ano estão o aumento da carga horária dos estudantes, a adoção de uma base comum curricular e a escolha dos itinerários formativos por parte do aluno. O Novo Ensino Médio entrará em vigor em fevereiro para os alunos do primeiro ano e até 2024 estará em todas as turmas do País. A mudança vai aumentar a carga horária total ao longo dos três anos que vai passar de 2400 horas para três mil horas.

Destas, 1800 horas serão destinadas às disciplinas obrigatórias da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e 1200 horas para os itinerários formativos.

O Novo Ensino Médio propõe uma reforma matriz de referência curricular dos alunos do 1º, 2º e 3º ano dessa etapa escolar. A Lei nº 13.415/2017, que institui as alterações, estabelece maior integração e flexibilidade curricular e a oferta de itinerários formativos.


Confira a entrevista:

Jornal O Comércio (JOC): É verdade que o Ensino Médio vai mudar?
Patrícia Luana Schwartz Gasparoto (PG): É verdade sim e já faz tempo que o Brasil está em negociação pedagógica, planejamento e muito estudo junto aos núcleos regionais de educação, escolas municipais, estaduais e comunidade sobre o assunto. Essas mudanças são consideráveis, pois estamos vindo de uma programação iniciada em 2020 e 2021 e que foi de muito trabalho, de estudo e de planejamento para a então implantação do Novo Ensino Médio, neste ano de 2022, conforme o Ministério da Educação.

(Arquivo/Reprodução)

JOC: Quais são as novas disciplinas do Novo Ensino Médio?
PG: Na verdade a pasta da Educação não quer mais tratar as matérias e ou disciplinas como ‘caixinhas’, ou seja, quando termina a aula de matemática aí vem a aula de história e por aí vai. O que eu quero dizer é que hoje é tudo muito divididinho e, por isso a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) pretende com esse novo modelo fazer uma educação integral, não naquele sentido de estudo pela manhã e tarde, mas sim, uma educação integral no sentido de amplitude; é fazer com que o aluno compreenda que todas as disciplinas então integradas. A principal mudança enquanto disciplina é que a língua portuguesa e matemática continuarão sendo as duas matérias obrigatórias durante os três anos. Já as demais disciplinas terão carga horária menor e com possível flexibilização no 1º Ano, no 2º Ano ou no 3º Ano. Na verdade a BNCC, que é quem norteia toda essa mudança, pretende é chamar para as áreas de conhecimento. O que eu quero dizer é que estão se substituindo o termo disciplina para áreas de conhecimento. Cada escola terá que oferecer pelo menos uma opção complementar a formação dos alunos, sendo: Linguagens e suas tecnologias; Matemática e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e suas Tecnologias; Ciências Humanas e Sociais aplicadas e Formação Técnica e Profissional. Sobre a linha da formação técnica e profissional o Coltec já apresenta essa prerrogativa, ou seja, é um colégio técnico e profissionalizante. O intuito do Novo Ensino Médio são as disciplinas unidas para acontecerem de uma forma interdisciplinar para que o aluno possa desenvolver as suas competências e habilidades em cima de projetos, de temáticas e não mais aquela ideia segmentada em que bate o sinal e sai um professor e depois entra o outro. A intenção é que os professores trabalhem junto e que os alunos possam ter essa educação integral. É um planejamento interdisciplinar nessas áreas do conhecimento.

JOC: Como será o Novo Ensino Médio em 2022?
PG: A BNCC propõe quatro eixos estruturantes e que devem ser trabalhados em cada uma das áreas do conhecimento, sendo a investigação científica, ao qual já é trabalhada junto ao Coltec; mediação e intervenção sócio cultural, ou seja, estar a serviço da comunidade por meio do aprendizado escolar; processos criativos; e por fim e não menos importante o empreendedorismo. A intenção é que o aluno seja mais protagonista da sua história e que consiga perceber as demandas da comunidade onde ele vive. A ideia é que o ensino não seja guardado em uma caixinha, mas sim, que se possa mudar a realidade do seu entorno.

JOC: Como fica a nova grade curricular?
PG: Desde que se respeitem as áreas do conhecimento e os eixos estruturantes, cada escola terá autonomia para decidir e propor a sua grade e também as disciplinas dentro daquelas áreas do conhecimento já citadas; sendo assim, os alunos poderão fazer as suas escolhas. Claro que essa grade irá passar pela aprovação do NRE (Núcleo Regional de Educação) para então entrar em vigência.


Saiba mais

  • BNCC – é um documento normativo para as redes de ensino e suas instituições públicas e privadas, referência obrigatória para elaboração dos currículos escolares e propostas pedagógicas para a educação infantil, ensino fundamental e ensino médio no Brasil.
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