“Mercado de vinhos aquecido no primeiro trimestre de 2021”

Enóloga de Bituruna aposta na produção da bebida e derivados para mercados internacionais


Eliane Bertoletti Gan é uma entusiasta dos vinhos.

A empresária de Bituruna (PR) há alguns anos vem estudando sobre a bebida. Com o título de enóloga em mãos, ela compartilha que o aprendizado teve início com o seu bisnono (pai do avô) e depois com o seu pai. Foi com eles que conheceu o cultivo do vinhedo até o mercado vitivinícola nacional. Segundo ela, é uma paixão que até hoje corre nas veias da família Bertoletti.

A especialista que participou de uma entrevista na CBN Vale do Iguaçu aproveitou para comentar sobre o mercado de vinhos em 2021. De acordo com ela, 2020 foi considerado o ano do vinho brasileiro, com resultados significativos para o setor. Além disso, a qualidade das uvas colhidas também foi boa, exibindo ainda uma das melhores safras da história.

Dados da Ideal Consulting (empresa de auditoria de importação e inteligência de mercado) revelam que a comercialização de vinhos finos registrou alta próxima de 100% em relação a 2019 e o consumo per capita, por maiores de 18 anos, saltou de 2,13 litros para 2,78.

Para Eliane, após um ano repleto de índices positivos, o desafio do setor em 2021 é manter o mercado aquecido, apesar das incertezas econômicas do País.


Confira a entrevista:

Jornal O Comércio (JOC): Qual é a sua opinião acerca do cenário atual do mercado vitivinícola nacional?
Eliane Bertoletti Gan (EBG): O que ocorreu foi um aumento histórico do consumo de vinho em 2020, ou seja, o brasileiro nunca consumiu tanto vinho e derivados como neste último ano de pandemia. O mercado vem apresentando crescimento nacional também para 2021.

JOC: Como a região está posicionada no mercado de vinhos?
EBG: Recentemente Bituruna aparece bem reconhecida; é chamada atualmente de Capital Paranaense do Vinho. A região vem se consolidando também no mercado de vinhos nos últimos anos e a tendência é se desenvolver muito mais. O ideal para o setor é não ficar parado. Os empresários têm se atualizado tecnologicamente na promoção da bebida e derivados da fruta, em especial na denominação da uva casca dura de Bituruna.

JOC: Como despertou a sua dedicação pelos vinhos?
EBG: Na verdade isso já vem de sangue, vem de berço; de geração em geração, desde o meu bisnono. O meu pai também nos deixou essa tradição. Atualmente, juntamente de mais quatro irmãos, tocamos a vinícola de Bituruna. Espero deixar esse legado para os meus filhos também.

Eliane Bertoletti Gan, enóloga

JOC: Na sua opinião o vinho dispõe de um ambiente com pouca participação feminina?
EBG: Na verdade esse conceito já está mudando. Hoje temos muitas mulheres enólogas (que é um profissional especializado conhecedor de vinhos e todos os assuntos relacionados ao serviço deste) e sommelier (profissional responsável pelas bebidas, principalmente, mas não unicamente, o vinho) e na gastronomia. É um orgulho estar nessa área.

JOC: É possível encontrar bons vinhos com preço convidativo?
EBG: Com certeza, sim. Hoje o mercado oferece de muitos vinhos bons e com bons preços, tanto da Serra Gaúcha como da nossa região. O Brasil apresenta reconhecimento no exterior, tanto pelo vinho quanto pelo espumante brasileiro.

JOC: Quais seus vinhos brasileiros prediletos?
EBG: (Risos) Ah! Não tenho um em especial, pois procuro estar sempre experimentando vinhos de várias regiões. Mas eu escolho o de Bituruna, o qual eu faço parte.

JOC: Qual a decisão mais difícil de ser tomada durante o processo de elaboração de um vinho?
EBG: É a chegada da matéria prima, pois quando ela não é de boa qualidade, aí sim temos que decidir se vamos usá-la para o vinho, para o vinagre ou para o suco. Tudo começa na matéria-prima de qualidade, desde o vinhedo.

JOC: O bom vinho está relacionado com uma boa safra de uva?
EBG: Exatamente e também com um bom andamento do clima durante o ano.

JOC: O que mudou no universo do vinho brasileiro nos últimos anos?
EBG: O fato de que hoje o Brasil está sendo reconhecido, até com participações e conquistas de medalhas em concursos sobre o segmento.

JOC: O que esperar do vinho brasileiro em 2021?
EBG: Eu acredito que teremos uma boa safra, pois tivemos um período com dias frios, o que amplia a probabilidade de a safra ser boa para este ano. O setor só cresceu durante a pandemia, com mais de 20% de vendas do ano passado para cá, sendo o vinho, suco de uva e derivados.

Desafio do setor em 2021 é manter o mercado aquecido, apesar das incertezas econômicas do País

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