“Primeira escolha de ingresso do mundo adulto não precisa ser sinônimo de aborrecimento”

Psicóloga no Vale do Iguaçu comenta importância da orientação profissional para jovens e adolescentes


Como escolher uma profissão?

Em recente entrevista à CBN Vale do Iguaçu, a psicóloga Grasieli Lima, comentou sobre a importância da orientação profissional para jovens e adolescentes. Segundo a profissional de União da Vitória, muita gente fica confusa na hora de escolher qual caminho seguir, em especial os jovens que estão concluindo o ensino médio. O medo do arrependimento, a pressão da família e a ansiedade tornam as decisões ainda mais desafiadoras.

Existem diferentes formas de decidir que profissão seguir: pode ser pelo salário, influência de alguém da família que já exerce determinada profissão ou gosto pessoal. Entretanto, para pegar firme nos estudos e disputar uma vaga no mercado de trabalho é preciso que, no meio de tudo isso, haja paixão.

Segundo um levantamento feito pela Companhia de Estágios – consultoria e assessoria especializada em programas de estágio e trainee – mais de um terço dos universitários brasileiros escolheram seus cursos baseados nos benefícios oferecidos pelo mercado de trabalho; para eles, a vocação ficou em segundo plano frente às tendências profissionais.

Grasieli Lima é Pós-Graduanda em Desenvolvimento e Aprendizagem e cursando Especialização em Terapia Cognitiva Comportamental para Infância e Adolescência.


Confira a entrevista:

Jornal O Comércio (JOC): Orientação profissional: qual é a sua importância?
Grasieli Lima (GL): Hoje o termo utilizado é orientação profissional, ao invés de vocacional, que é um termo em desuso, antigo. Então, vou definir a orientação profissional, como um atendimento voltado à orientação e informação profissional que envolve uma escolha profissional. É indicado para adolescentes em conflito com a sua escolha profissional e também a sua (re) escolha ou (re) adaptação as novas profissões, assim como já aconteceu comigo. A escolha profissional faz parte do projeto de vida de uma pessoa, pois é hora de decidir quem se pretender ser, o que se pretende fazer e qual mundo gostaria de se construir. Escolher uma profissão significa fazer um projeto de futuro que vai deixar o jovem mais seguro para essa tomada de decisão, pois é algo que vai lhe acompanhar para toda a vida. Eu falo que o sucesso é a consequência, acima de tudo, de uma escolha bem-feita.

JOC: É natural querer ter várias profissões?
GL: Querer ter várias profissões é bem natural sim, pois é um grande desafio escolher uma profissão. Eu não vejo como um problema a pluralidade de possibilidades, mas sim a crescente dificuldade da nossa juventude em fazer essas escolhas. Escolher uma profissão será sempre abrir mão de outras possibilidades e, esse processo de escolha geralmente acontece aí, aos 17 ou 18 anos que tem como consequência o término do ensino médio; assim o momento da escolha é determinado sócio culturalmente, e isso não está relacionado com o pressuposto amadurecimento biopsicológico. Então, a escolha mais tardia pode trazer benefícios, mas a sociedade precisa se organizar e pensar o que fazer com os nossos jovens enquanto isso. O conselho que eu daria aos jovens é para que procurem um curso técnico enquanto aguardam a certeza do que irão cursar no futuro.

JOC: Conflitos na carreira são normais?
GL: É bem natural, até porque a fase da adolescência já é conturbada por si só, pois são várias transformações juntamente com a responsabilidade em escolher a profissão.

JOC: Como, normalmente, os adolescentes e jovens escolhem uma profissão ou curso superior?
GL: Bem, isso acontece de várias maneiras. Umas são mais maduras e outras implicadas como uma visão iludida do mundo profissional. Eu acredito que nesse processo é imprescindível um mergulho em si mesmo, pelo desejo, com uma boa olhada pelos arredores, pelo contexto e o aprofundamento na realidade, pois essa talvez seja a primeira escolha de ingresso do mundo adulto e que não precisa ser sinônimo de aborrecimento.

JOC: Buscar uma Orientação Profissional é fundamental?
GL: Buscar uma orientação profissional é fundamental, mas não em todos os casos. É possível que alguns jovens sozinhos tomem uma decisão. Nos casos em que isso não ocorra é fundamental submeter-se a um processo de orientação profissional sério e responsável, que funciona com testes, técnicas e entrevistas que ajudam o jovem a tomar uma decisão de forma autônoma, que significa a capacidade de escolher individualmente e, ao mesmo tempo se desenvolver no contexto que o cerca. Nenhum orientador pode dirigir a escolha do jovem, ele apenas auxilia; porém, quem tem a responsabilidade de escolha profissional é o orientando.

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