Uso de extrato de cannabis é testado em pacientes com Alzheimer no Paraná

A CBN Vale do Iguaçu entrevistou recentemente Ana Ruver Martins, farmacêutica, mestre em Ciências pela Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) e doutoranda em Farmacologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ana é pesquisadora em Cannabis e suas aplicações terapêuticas em doenças neurológicas, especialmente doença de Parkinson e Alzheimer, além de cuidadora de um paciente portador de Doença de Alzheimer.

Ana é pesquisadora em Cannabis e suas aplicações terapêuticas em doenças neurológicas, especialmente doença de Parkinson e Alzheimer

Ana Ruver Martins, farmacêutica, mestre em Ciências pela Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) e doutoranda em Farmacologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

A entrevistada também é farmacêutica responsável pela elaboração do laudo técnico e termo de assistência técnica ao paciente, do processo judicial que originou a primeira autorização legal de cultivo de cannabis no Brasil. Ana comentou durante a entrevista sobre o uso de extrato de cannabis que é testado em pacientes com Alzheimer no Paraná.

“Sou uma pessoa vivendo no estágio inicial de Alzheimer. E assim sendo, estou aprendendo a arte de perder todos os dias. Perdendo meus modos, perdendo objetos, perdendo sono e acima de tudo, perdendo memórias. Toda a minha vida eu acumulei lembranças. Elas se tornaram meus bens mais preciosos”. Memórias Lisa Genova  (Para Sempre Alice)

A Doença de Alzheimer (DA) é um transtorno neurodegenerativo progressivo e fatal que se manifesta pela deterioração cognitiva e da memória, comprometimento progressivo das atividades de vida diária e uma variedade de sintomas neuropsiquiátricos e de alterações comportamentais. A causa da doença ainda é desconhecida, porém, acredita-se que seja geneticamente determinada. A doença instala-se quando o processamento de certas proteínas do sistema nervoso central começa a dar errado.

O Alzheimer pode ser descoberto a partir dos 60 anos de idade, no entanto, existem casos em que a doença é hereditária e, há pacientes que podem apresentar os sintomas ainda jovens, já a partir dos 30 anos. “Desde pequena eu sempre gostei de ajudar as pessoas e então, quando chegou a época da faculdade, eu resolvi fazer o curso de Farmácia. Tão logo eu comecei meus estudos e me apaixonei pelas grandes possibilidades de fazer algo que eu realmente gosto e que pode ajudar as pessoas a terem uma melhor qualidade de vida”, conta.

+ Possui alguma sugestão? Clique aqui para conversar com a equipe de O Comércio no WhatsApp

Durante o período de graduação, Ana teve a oportunidade de fazer alguns estágios voluntários e ter o contato com pacientes com doenças crônicas, Parkinson, Alzheimer, crianças autistas, dentre outras situações que sempre chamaram a sua atenção. “Quando me formei farmacêutica comecei a trabalhar em uma farmácia comercial, ampliando ainda mais esse contato com diferentes pessoas e suas histórias de vida e de dor por causa das doenças tão difíceis que eram portadores. Além disso o meu avô foi diagnosticado com a doença de Alzheimer”, diz.

Desde 2017, o avô de Ana, o agricultor Delci Ruver, de 78 anos, participa de um estudo pioneiro no Brasil sobre o uso de óleo de cannabis em pessoas com Alzheimer. “Quanto ao meu avô, o projeto de pesquisa desenhado, do qual ele é o protagonista, salvou a vida dele e permitiu que ele esteja até hoje com nossa família. Graças a Cannabis hoje o meu avô vive uma vida normal para um idoso com sua idade. Isso tudo serviu de incentivo para que eu iniciasse o doutorado na UFSC. Além disso é muito gratificante poder contribuir com o conhecimento e suporte para outras pessoas que estão passando por dificuldades ou estão em processo de solicitação legal de acesso a cannabis medicinal”.

Conta a pesquisadora que os resultados do estudo feito pela Unila, em Foz do Iguaçu, mostra que após 22 meses de acompanhamento, Ruver teve uma reversão dos sintomas com melhoras no humor, sono e memória, além da doença se manter estável. O avô de Ana mora junto com a esposa, Gayer Ruver, de 77 anos, em uma área rural de Planalto, no Sudoeste do Paraná.

O estudo que avalia os efeitos do uso diário de um extrato composto por THC (Tetrahidrocanabinol) e CBD (Canabidiol), é feito pela Ana. Ruver segue utilizando as gotas do composto todos os dias antes de dormir.


A Descoberta 

A Doença de Alzheimer foi descoberta pelo médico alemão Aloysius Alzheimer. Como muitas outras doenças, ela leva o nome daquele que a identificou. O Dr. Alois Alzheimer, como era conhecido, era psiquiatra e neuropatologista. No ano de 1901, atendeu um caso que se transformaria em um capítulo importante na história da medicina, marcando também a carreira do médico.

Auguste Deter era uma mulher de 51 anos que apresentava sinais de demência. Ela foi examinada pelo Dr. Alzheimer, que a fez uma série de perguntas simples, como seu nome, idade, nome do marido e local onde morava. Ela se mostrou confusa para responder algumas das questões e definitivamente não sabia como responder outras. Como na época não existia nenhum tratamento, Auguste foi internada, e os sintomas evoluíram. Ela morreu em 1906.


Serviço

Se você conhece alguém que convive com Alzheimer em 2023 os pesquisadores estarão recrutando pacientes com diagnóstico da doença. Demais informações no endereço eletrônico https://anaruver.com

Voltar para matérias