“A gente tem que ter fé e equilíbrio. Agradeço a todo mundo que torceu e rezou”

Moradora de Porto União, Márcia Martins se amparou na família, amigas e na fé para vencer a Covid-19

Arquivo Pessoal

Senhor meu Deus, quando eu, maravilhado
Fico a pensar nas obras de Tuas mãos
O céu azul estrelas pontilhado
O Teu poder, mostrando a criação
Então minh’alma canta a Ti, Senhor
Quão grande és Tu! Quão grande és Tu!
Então minh’alma canta a Ti, Senhor:
Quão grande és Tu! Quão grande és Tu!

As notas musicais da canção Quão grande és tu ecoaram pelos corredores do Hospital Vita, de Curitiba. Mais do que uma canção que representa fé e a grandiosidade de Deus, naquele momento, para Márcia Martins e seu marido – o responsável por entoar a música por meio do Pistão – o momento simbolizava a superação. Nas mãos, ela exibia com orgulho a placa com a frase “Eu venci o Covid-19” e recebia o carinho da equipe que a acolheu por 21 dias.

Em um momento em que um vírus letal nos ensina sobre a impermanência e a finitude da vida, Márcia Martins, de 60 anos, moradora de Porto União, é mais um entre tantos casos de fé, resiliência e superação. A vida é um sopro na mesma proporção que é resistência.

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Casada com o médico ortopedista Dr. Airton Martins, mãe de dois filhos, um reside na capital paranaense e o outro na distante Suécia. É avó de Maria Laura, de pouco mais de dois anos. Ao falar da neta, Márcia expõe o seu mais largo sorriso. É conhecida no Vale do Iguaçu por seu trabalho voluntário na Rede Feminina de Combate ao Câncer (RFCC), entidade que já presidiu e participa há mais de 20 anos.


O positivo e a internação

Márcia, em abril, foi diagnosticada com Covid-19. Se isolou no início dos sintomas. Sentia um cansaço. Na mesma época que ela recebeu diagnóstico positivo para a doença, a Covid-19 tirava o seu cunhado. Ele faleceu por complicações.

Com o passar dos dias, Márcia necessitou de internação. Foi levada para o Hospital Maternidade, em União da Vitória. Quatro dias depois, foi para o Hospital Vita, em Curitiba. A princípio seria internada em um quarto. Porém, ao chegar, foi encaminhada para a UTI. Lá, esteve consciente o tempo todo. Viveu com lucidez a rotina de um tratamento intensivo.

Márcia teve 75% de comprometimento pulmonar. Se submeteu ao tratamento com o aparelho Helmet (leia mais no BOX), que segundo ela era o último recurso antes de uma possível intubação.

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Recuperação

Após 21 dias internada na capital paranaense, Márcia recebeu alta. O momento foi de alegria para a equipe do hospital e familiares. Durante todo o tempo em que esteve internada, Márcia se manteve consciente e certa que precisava ter forças para vencer a doença. Durante todo o processo contou com o apoio de familiares e uma legião de amigos que mesmo distantes se uniram em uma corrente de oração para sua recuperação.

“Meu filho que mora na Suécia toca piano. E todo dia pela manhã ele me mandava uma música. São carinhos que a gente foi tendo, que dá uma vontade de viver maior ainda, a gente reage. Isso nos impulsiona”, comenta.

A Covid-19 alterou a rotina de Márcia. Hoje ela se recupera em casa. Faz fisioterapia respiratória e mantém os cuidados. Ao falar de todo o processo, Márcia, em alguns momentos, enche os olhos de lágrimas. Lágrimas de alegria por estar viva. Lágrimas de gratidão.

“A gente tem que ter muita fé e equilíbrio. Sou muito grata a todo mundo que torceu e rezou”.

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HELMET

Helmet significa capecete e é uma Interface de Ventilação Não-Invasiva (Capacete de Oxigenação e Alta Pressão). O dispositivo funciona como uma interface entre a ventilação mecânica e os pacientes. Ele é acoplado ao fluxo de oxigênio ou ao ventilador com pressão positiva.

Dessa forma, ele é uma maneira de fazer o ar chegar aos pacientes de modo não invasivo, diferentemente da intubação, que requer o uso de um tubo orotraqueal. Isto é, o Helmet envolve totalmente a cabeça dos pacientes, sendo fechado por meio de um colar hermético e macio que envolve seu pescoço. Por causa disso, outro benefício pode ser encontrado no fato de que a ferramenta não permite a disseminação do vírus nos ambientes, uma vez que impede o vazamento de grandes quantidades de gás.

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