Transformações e mudanças acontecem naturalmente

Existe uma reflexão de Alvin Toffler, que diz: “a mudança é o processo pelo qual o futuro invade nossas vidas”. Quando eu li a frase desse extraordinário escritor e futurista norte-americano fiquei pensando quão profunda ela é, pois só vivemos plenamente nosso momento presente quanto trabalhamos para a construção de nosso futuro, bem como, quando deixamos as transformações e mudanças acontecerem naturalmente.

Transformações e mudanças acontecem naturalmente

Mas essa frase tem uma profunda relação com o trabalho de dezenas e dezenas de homens e mulheres que fazem – ou fizeram – parte diretamente de nossas vidas e que ao longo de mais de um século deixaram um legado para nossa comunidade.


O passado, as transformações e mudanças

No começo do século passado, a grande transformação com a chegada da ferrovia, que foi a ferramenta que impulsionou o início do progresso da então cidade de Porto União da Vitória, as regiões do Vale do Rio do Peixe (dividida em 1916) e o Centro-Sul do Paraná, além de outras regiões.


Tempo das grandes indústrias madeireiras

Grandes e poderosas indústrias madeireiras, que tinham na fartura das imensas florestas de araucárias, imbuías e cedros, sua principal matéria prima, foram, na verdade, as principais responsáveis por um ciclo da vida de várias gerações.

+ Histórias do Vale do Iguaçu na coluna Uma Visita ao Passado

Mas as grandes indústrias que tinham na madeira nativa a razão principal de existir, com a redução das imensas florestas e as legislações governamentais criadas para proteger o que restava, foram aos poucos encerrando suas atividades.


O surgimento de um novo ciclo

Era um ciclo que estava terminando. Pelo menos umas 10 grandes simplesmente desapareceram, com o surgimento de novas já mais diversificadas (a maioria dos próprios filhos), que passaram a utilizar os reflorestamento do pinus elliotii (pinheiro americano e canadense) e eucaliptos (australiano), que alguns empresários visionários acreditavam que poderia se adaptar bem em nossa região. E deu certo! Aí, a constatação da mudança de um ciclo para outro, com resultados positivos.

A agricultura, nessa que chamo de nossa macrorregião, porque atinge grande parte do Paraná e de Santa Catarina, e que servia somente para a subsistência familiar, hoje ocupa áreas com grandes produções de milho, soja e até trigo.


O fim da ferrovia, que foi tão importante

A ferrovia enfraqueceu porque o principal produto que garantia sua subsistência – o transporte da madeira e de passageiros –, e porque surgiram as rodovias asfaltadas, com caminhões, automóveis particulares e ônibus cada vez mais modernos.

Da ferrovia, só nos resta preservar parte de seu patrimônio, como a histórica Estação União, símbolo da união de dois municípios e estados, com uma história inolvidável.


Mudanças marcantes, com as linhas aéreas

Se na década de 30, 40, 50 e 60, com o primeiro aeroporto na região do Pintado (Porto União) e depois o José Cleto (União da Vitória), com até três linhas aéreas, temos agora o Voe Paraná e a possibilidade de em um futuro não muito distante da utilização do aeroporto Maria Magalhães (Porto União), que conta inclusive com iluminação.

É preciso lembrar que naquele período, a ligação por rodovia a Curitiba, Canoinhas, Mafra, Joinville e São Francisco do Sul, que nem imaginávamos que um dia seriam asfaltadas, eram verdadeiras aventuras. A solução eram os trens. Daqui a Curitiba, passando por Canoinhas e Mafra, eram cerca de 20 horas. Daqui a Ponta Grossa, cerca de 12 horas.


Foram muitas as transformações e que vão continuar

Quantas mudanças e transformações, ao longo dos últimos 100 anos (dos quais 78 são meus), ocorreram e vão continuar sempre, em todos os segmentos.

Energia, hospitais, escolas, bares, lanchonetes, agências bancárias (Inco, Banestado, Comercial, Nacional, Bamerindus, Besc…, terminaram seus ciclos ou encerraram suas atividades). Aí surgiram, nem tenho ideia de quantos, mas são muitos, com destaque até para mais uma agência do Banco do Brasil, em Porto União. Lotéricas, bancos cooperativos, etc.


Mudanças na área do comércio

E as mudanças, recorrentes em tudo, acontecem, principalmente quando vemos tradicionais estabelecimentos comerciais, cujos proprietários foram até destemidos nos seus projetos, fechando as portas, mas deixando um legado que deve ser respeitado por todos, não só pelas gerações mais antigas, mas também pelas mais novas e as que virão.

Mas demonstramos satisfação quando vemos que na área ocupada por uma indústria madeireira está uma grande loja, em Porto União.


Homenagem àqueles que foram os pioneiros

Em ruas, praças, escolas e outros logradouros públicos, estão os nomes de verdadeiros heróis que comandaram ciclos de desenvolvimento econômico de Porto União da Vitória.

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E muitos, agora, que já cumpriram com seus propósitos, abrem espaço para outros, que certamente fazem parte de um novo ciclo. Assim é a vida!


Sentimento de saudades

Claro que ainda sinto saudades, por exemplo, das lanchonetes que frequentava (mas dezenas de outras surgiram), bem como dos supermercados Unterstell, Passos, Kliemann (e outro que não lembro o nome) e agora recentemente dos Supermercados Glória, mas seus proprietários merecem nosso respeito, porque foram pioneiros, abrindo espaço para uma geração de empresários como o jovem Clemente Bahniuk, um arrojado filho do sul do Paraná. Não se pode negar, também, o visível crescimento de outros empreendimentos do ramo, comandados por famílias de nossas cidades – Chipitoski, Weber e Zeizer.

E, com certeza, nessa área que gera renda e emprego, que são os supermercados, a expectativa é que vão surgir muitas novidades. Repito: é a vida!

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