COLUNA PELO ESTADO: Estilo próprio

Foto: Maurício Vieira/Divulgação Secom

O governador Carlos Moisés, do Republicanos, mesmo partido do vice-presidente general Hamilton Mourão, costuma atribuir à ultra-direita a narrativa que tenha rompido com Bolsonaro. Mais para atrapalhar que para ajudar, até porque nenhum governador do Brasil consegue ser próximo do presidente da República. Para o bem de SC, aliás, Moisés procura manter boa interlocução em Brasília e o Estado tem colaborado com R$ 465 milhões nas obras das quatro rodovias federais. Desde o início do governo, contudo, e principalmente durante a pandemia, Moisés rejeita a pauta bolsonarista de costumes. Em escola em Indaial (foto), ao suspender benefícios fiscais a agrotóxicos, em audiências a indígenas e com mães LGBTQIA+. “Antes de ser governador, comprava artesanato indígena, hortaliças sem agrotóxicos e aceitava pessoas com orientação sexual diferente da minha. Por que vou mudar agora?”, disse lá em 2019 em entrevista à Carta Capital.

Convenções deste sábado decidem lado que partidos ficam em relação ao governo Moisés

Com boa aprovação popular e desempenho econômico chinês, crescimento estimado do PIB em 9,8% no ano passado e pacote de investimentos de R$ 7,3 bilhões em cinco anos, o governo do Estado está no centro da disputa eleitoral de 2022. É isso que as convenções partidárias vão decidir: de qual lado as siglas estarão em relação ao pré-candidato à reeleição, governador Carlos Moisés.

Para quem ainda se diz de fora da política, o comandante bombeiro exibiu alta performance na arte do possível. Sobreviveu a duas tentativas de impeachment e a mais severa crise sanitária mundial.

O paradoxo é que Moisés parece estar onde sempre esteve: no centro de sua convicção sobre enxugar a máquina, combater a corrupção, modernizar o Estado e cuidar das pessoas. Longe do negacionismo e da intolerância.

Repare na frase dele: “Eu também não sou um minibolsonaro, sou um homem que nasceu aqui em Florianópolis, tomou banho no Poção, venho de uma família simples, consegui atingir os objetivos que tracei, voltei à cidade, e vejo que o conjunto da obra é bom”. Sabe de quando? De 13 de agosto de 2018, em entrevista concedida à NSC.

A maior diferença entre 2018 e 2022 talvez não esteja em Moisés, que de desconhecido passou a favorito, mas na política. O entorno é que mudou. É de se imaginar que, se o MDB escolher Antídio Lunelli, PP e PSDB possam voltar ao radar de Moisés e a conta do lado de cá e lado de lá do governo fique igual, ou até melhor.

Reza antecipada (foto Amin e Jorginho)
Sempre que participa de uma eleição, quando as urnas estão fechando, o ex-governador e deputado federal Esperidião Amin costuma agradecer na Gruta Nossa Senhora de Lourdes, na Avenida Madre Benvenuta, em Florianópolis. Desta vez, rezou mais cedo, na manhã desta sexta-feira, em companhia do senador Jorginho Mello. Os líderes do PP e do PL teriam retomado as conversações e reafirmado a intenção de caminhar juntos na disputa. A convenção do PP é neste sábado. Do PL, só dia 5, último prazo, às 20h.

Sobra pra todos
Se der Antídio Lunelli na convenção, tem emedebista de carteirinha que já anotou: todos são responsáveis. Na última reunião da executiva do MDB, no hotel Majestic, o ex-prefeito de Jaraguá do Sul chegou a abrir mão da pré-candidatura. Naquele momento, para essa pessoa, a reunião deveria ter terminado. Mas, dois deputados estaduais acabaram lançando Antídio para vice alegando que Moisés teria de aceitar a indicação. Até as mesas do Majestic sabiam que Moisés não aceitaria a indicação do empresário. Mas que torce muito para ter o industrial também do Norte do Estado, ex-prefeito de Joinville Udo Döhler como candidato a vice-governador. Udo, aliás, acabou participando como “penetra” naquela reunião, porque não pertence à Executiva. Naquela época, a cogitação para vice estava com o presidente da Alesc, Moacir Sopelsa.

Sem Colombo
Ex-governador e pré-candidato ao Senado Raimundo Colombo (PSD) positivou para Covid na quinta. Passa bem, tem sintomas leves, mas não poderá comparecer à convenção do União Brasil, PSD e Patriotas no CentroSul, em Florianópolis, quando será oficializada a candidatura ao governo da dupla Gean Loureiro (União Brasil) e Eron Giordani (PSD).

Quase lá
A decisão do senador Dário Berger (PSB) de concorrer à reeleição pela Frente Democrática foi anunciada quando Décio Lima participava do Congresso do PT em São Paulo. Já de volta ao Estado, o pré-candidato a governador está empenhado em conversar com o PDT de Maneca Dias e o Progressistas de Jorge Boeira. Gelson Merísio (Solidariedade) aceitaria abrir mão de concorrer a vice para facilitar o acordo. Antes da convenção de segunda-feira, Décio também terá de arredondar a conversa com Psol.

Produção e edição
ADI/SC jornalista Adriana Baldissarelli (MTb 6153) com colaboração de Cláudia Carpes. Contato peloestado@gmail.com

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