ENTREVISTA: Secretário de Desenvolvimento Econômico Sustentável, Luciano Buligon

“O ano de 2022 é um ano de aceleração”

O crescimento do Estado depende de muitas variantes, sendo difícil determinar expectativas. Mas, dados dos órgãos oficiais como IBGE e do Ministério da Economia atestam que Santa Catarina está com resultados acima da média nacional, informa o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico Sustentável, Luciano Buligon, que nesta entrevista exclusiva à Coluna Pelo Estado apresenta um quadro otimista para o desenvolvimento econômico e social em 2022 para Santa Catarina e fala que grande parte dos crescimentos advém de investimentos em infraestrutura que vem sendo realizado em todas as regiões, na qualificação de mão de obra,  e também na inovação, ou seja, gerando emprego e renda. Acompanhe a entrevista.

Pelo Estado: 2021 foi marcado por um crescimento no setor de serviços e no comércio varejista em Santa Catarina. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume de serviços produzidos no estado aumentou 14,7% em 2021, quando a média brasileira variou 10,9%. Qual a expectativa para este ano?

O desempenho do varejo e volume de serviços ainda enfrenta obstáculos devido aos efeitos da pandemia. Contudo, há um crescimento esperado com a normalização do consumo presencial. Em Santa Catarina, os números mostram que conseguimos retomar o crescimento de maneira célere, mesmo após a crise gerada pela pandemia. Vamos continuar trabalhando junto ao setor produtivo para que Santa Catarina se desenvolva ainda mais. No setor de Serviços, Santa Catarina teve o maior crescimento do Centro-sul do país. Um resultado que mostra a resiliência do catarinense em períodos difíceis e a resposta às ações certeiras para cuidar da economia sem se descuidar da saúde. O setor de serviços foi o último a sair da crise e é o que tem se mostrado mais dinâmico e exibindo as maiores taxas de crescimento.

Pelo Estado: Em relação às vendas do comércio varejista catarinense, que cresceu 8,6% em relação ao mesmo período de 2020, há uma previsão otimista também para este ano?

A variação do volume de vendas do comércio varejista ampliado catarinense no acumulado de 2021 cresceu 8,6% em relação ao mesmo período de 2020, sendo que veículos, motocicletas, partes e peças (26%) e material de construção (7,2%) são as atividades que mais cresceram nessa comparação. Contudo, o varejo também vai crescer pelo uso de novas tecnologias e pelas compras online. Estamos investindo e incentivando a inovação que vai contribuir ainda mais para o crescimento. Mesmo em um período de desafios, com muito trabalho e com regramentos sanitários, a indústria catarinense segue avançando. Os números mostram que estamos conseguindo retomar o crescimento, alcançando índices até superiores ao da pré-pandemia.


“Os números mostram que estamos conseguindo retomar o crescimento”

Foto: Divulgação

Pelo Estado: A indústria do turismo foi um dos setores mais afetados pela pandemia do coronavírus, mesmo assim registrou um crescimento de 18,9% em 2021, em relação 2020. Para este ano, o setor manterá essa taxa de crescimento ou haverá incremento?

As expectativas estão em alta. As agências se mostraram empenhadas nas campanhas e estratégias de divulgação e as perspectivas estão melhorando. A forte demanda reprimida pela pandemia traz uma grande oportunidade para o estado, principalmente para turistas nacionais, e os estrangeiros que aos poucos devem começar a retornar. Contudo, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, a CNC, destaca que a pandemia ainda deve frear a recuperação do setor no País, principalmente devido ao cancelamento de eventos relevantes da alta temporada do turismo, inclusive o Carnaval. Porém, Santa Catarina possui grande potencial turístico e números acima da média nacional em vários setores. As pessoas vão querer viajar para destinos com natureza, locais abertos, ainda por causa da pandemia, e nosso estado tem tudo isso: praias, serra, turismo de aventura, religioso, etc. Além disso, os investimentos em infraestrutura que estão sendo feitos em regiões turísticas também vão contribuir com essa expectativa de crescimento.

Pelo Estado: O setor de transportes, também registrou um crescimento em 2021 em SC, um avanço de 18,5% em relação a 2020, qual a previsão para este ano?

Entre as prioridades do Governado do Estado está o investimento em rodovias, ferrovias, aeroportos e portos e, consequentemente, há expectativa de crescimento no setor também, setores cruciais para o desenvolvimento econômico do Estado.  Em 2022, o governo vai investir ainda mais nas rodovias estaduais. Para citar como exemplo, o Grande Oeste catarinense está recebendo o maior volume de investimento da sua história durante a atual gestão. Num intervalo de três anos, os aportes na região alcançam o montante de R$ 2,8 bilhões em áreas como infraestrutura, saneamento básico, resiliência hídrica, energia elétrica, saúde e educação. Dentro desse total, não estão incluídos alguns investimentos futuros, como aqueles anunciados para o Plano 1.000, que prevê o repasse de R$ 1 mil por habitante para as prefeituras realizarem obras estruturantes. Em 2021, Santa Catarina se transformou em um canteiro de obras. E a perspectiva é que em 2022 o volume de trabalho aumente ainda mais.

Pelo Estado: Santa Catarina também é destaque na indústria de transformação, com um crescimento de 10.3%, representando o segundo maior entre os 14 estados pesquisados, atrás apenas do Espírito Santo. Para este ano também há uma expectativa de manter esse crescimento?

O setor industrial é fundamental para o desenvolvimento econômico dos estados. É fato histórico que países com força neste setor mostraram mais crescimento econômico, o que se replica nas esferas regionais. A indústria de transformação, a construção civil, alojamento e alimentação e atividades profissionais e técnicas seguem como os empreendimentos mais atrativos. A economia industrial de Santa Catarina é caracterizada pela diversificação em diversos polos, o que confere ao estado padrões de desenvolvimento equilibrado entre suas regiões: cerâmico, carvão, vestuário e descartáveis plásticos no Sul; alimentar e móveis no Oeste; têxtil, vestuário, naval e cristal no Vale do Itajaí; metalurgia, máquinas e equipamentos, material elétrico, autopeças, plástico, confecções e mobiliário no Norte; madeireiro na região Serrana e tecnológico na Capital. Embora haja essa concentração por região, muitos municípios estão desenvolvendo vocações diferenciadas, fortalecendo vários segmentos de atividade. A indústria de base tecnológica, além de estar presente na Grande Florianópolis, também se destaca em Blumenau, Chapecó, Criciúma e Joinville. Esse potencial e os investimentos em infraestrutura de transportes vão contribuir para a indústria de transformação continuar crescendo.

Pelo Estado: As eleições deste ano podem atrapalhar ou incentivar o desenvolvimento econômico do estado?

O ano de 2022 é um ano de aceleração, com o início do fim da pandemia, conforme anunciam os especialistas da área, Santa Catarina está preparada e fortalecida economicamente. O Governo do Estado tem grandes investimentos previstos. O Plano 1000 é o maior projeto municipalista da história de Santa Catarina. São R$ 7,3 bilhões para transformar projetos engavetados em obras estruturantes que promovam o desenvolvimento e mais qualidade de vida. Este e outros investimentos vão garantir um ano de aceleração na economia catarinense que já é destaque acima da média nacional.


“Santa Catarina está preparada e fortalecida economicamente”

 Pelo Estado: Com o novo Código Ambiental em vigor, o IMA (Instituto do Meio Ambiente) terá que se adequar à nova legislação e ampliar as autorizações ambientais autodeclaratórias, entre outros serviços. Como o órgão está se preparando e quais os investimentos que estão sendo realizados?

O IMA vai investir aproximadamente R$ 2 milhões para realizar adequações tecnológicas e administrativas para se adequar à nova legislação. Porém a implantação da licença autodeclaratoria será feita com critério e cautela, de forma factível e gradativamente como já é uma realidade, visto que, já foi implantada a autodeclaratoria em outras oportunidades e agora o órgão seguirá o trabalho para atender às exigências.

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