Espaço Cultural: Verdadeiras Histórias – Início de Tudo

Antes que esqueçamos os fatos é bom fazermos uma revisão dos mesmos e contar como foi o início de tudo.

Modificadas ao longo do tempo, esquecidas partes, contadas tantas vezes ao prazer de cada um, creio que a origem, o como tudo começou, o surgimento das ideias para realizações, assim como o final fazem parte do todo histórico para ser conhecido.

Refiro-me hoje a dois fatos iniciais que são parte da Memória de Porto União e também de União da Vitória: a composição Cidade Amiga, escolhida por ocasião do Cinquentenário de Emancipação Político Administrativa de Porto União e a Casa Cultural Aníbal Khury.

Em 1967, para festejar os 50 anos do Município, foi organizado concurso para premiar um hino e uma poesia que homenageassem Porto União.

Em setembro daquele ano, na semana dos festejos de aniversário, o concurso realizado no Clube 25 de Julho, entre os inscritos concorrentes, a comissão julgadora escolheu a música “Cidade Amiga”.

Interpretada pelos autores, Maestro Felício Domit e cantor Yvonich Furlani, mais um grupo de vozes femininas reforçando o refrão, a composição “Cidade Amiga” foi a escolhida por tratar-se de uma exaltação ao Município: sua gente e belezas naturais.

A poesia, após magníficas interpretações de alguns declamadores da área da educação local, foi escolhida “O Canto do Estrangeiro” cuja autoria foi também do poeta Yvonich Furlani.

Como bela canção “Cidade Amiga”, era de difícil interpretação popular.

Assim, por ocasião da elaboração da Lei Orgânica do Município, a então vereadora Aldair Wengerkiewicz Muncinelli, que integrava a Comissão de Educação e Bem Estar, solicitou a inclusão de “Cidade Amiga” como Hino de Porto União, aprovada que foi em 04 de abril de 1990.

Com andamento de marcha canção, foi gravada em Curitiba e distribuída pela população através dos educandários e demais instituições, hoje obrigatória de execução nas sessões da Câmara, solenidades municipais e em Instituições em geral.

Espaço Cultural: Verdadeiras Histórias - Início de Tudo

Foto: Prefeitura de Porto União

A verdadeira história de como chegou o Castelinho a ser Casa Cultural ”Aníbal Khury” iniciou com uma visita do Conselho da Mulher Executiva de União da Vitória ao Deputado Aníbal, então Presidente do Poder Legislativo do Paraná. Tinha o pequeno grupo feminino como meta, conseguir seu apoio para que a prefeitura municipal pudesse asfaltar a subida ao Morro do Cristo.

Ponto turístico e religioso, de procissão na Sexta-Feira Santa, cuja via de acesso dificultava a chegada de turistas e de visitantes em geral.

Atencioso, como sempre, quando tratava-se de atender pessoas de União da Vitória, sua terra natal, depois de uma tarde de profícuas conversas ocorreu-me, em nome do Conselho da Mulher Executiva e da Cultura dessas duas cidades, pedir-lhe que concedesse o Castelinho para que ali fosse instalado acervo das etnias formadoras da população.

O Castelinho, como ainda é conhecido, era propriedade e residência de Pedro Weinand, dos primeiros professores civis do Colégio São José e de Ely, sua esposa, que ali dirigira a primeira Escola de Datilografia na região. Residindo na capital mas conhecendo essa história e sabendo da importância, daquele patrimônio, colocara uma família incumbida de cuidá-lo.

Depois de esclarecermos as razões da visita e degustarmos uns doces sírios, presente que lhe haviam enviado de Foz do Iguaçu, atrevi-me a consultá-lo sobre a possibilidade de conceder o imóvel para a prefeitura ali instalar uma casa das Etnias onde ficariam acervos doados por imigrantes ou seus descendentes. Daqueles que foram responsáveis pela colonização e crescimento dessa região. Casa que levaria o nome de Aníbal Khury.

De pronto deu o seu aval mas com uma condição: que levasse não o seu nome mas o de seu pai, Salomão Khury. E justificou contando que seu pai viera do Líbano e fora o primeiro comerciante de União da Vitória no ramo de especiarias.

A conversa já estava findando mas ele complementou, por ser vizinha, que cuidasse bem daquela casa.

Retornando já ao anoitecer para Porto União, telefonei à esposa do então prefeito e contei da boa notícia.

Depois de algum tempo, enquanto aconteciam entendimentos para os trâmites legais de compra, ocorreu o falecimento do Deputado.

Já na gestão do prefeito Eliseu Mibach, o Castelinho, após receber alguns necessários reparos, foi inaugurado como “Casa Cultural Aníbal Khury”.

Tive a ventura de assumir por algum tempo a coordenação do Castelinho e cuidei dele como o Deputado pedira, tal minha própria casa. Muitas coisas boas então realizadas com a comunidade no artesanato, nas artes plásticas, inclusive criando uma Associação dos Artistas com várias mostras, exposições de acervos de instituições esportiva, educacional, a música revelando talentos hoje como instrumentistas ou cantores profissionais, confecção de algumas cartilhas digitadas num computador para distribuição às escolas, feiras típicas de Natal e Páscoa, encenações no jardim, curso para recuperação de acervo doado, tudo foi um trabalho gratificante de preservação e acréscimo da cultura.

Enfim não há intenção aqui de um relatório mas, simplesmente, mostrar que uma história tem a importância desde o nascimento como, no tempo em que ouvíamos alguém dizer… Era uma vez… e ia desfilando os demais fatos pertinentes para chegar ao fim.

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