OPINIÃO: “Quem deve ser o meu vereador?”

Sou adepto de um conceito bastante simples: o legislativo municipal é berçário de políticos, se uma cidade não produz bons vereadores, terá, na sequência, déficit de representatividade. É na Câmara que se geram bons nomes para o Executivo, para as assembleias estaduais e para cargos importantes, tanto locais como de outras esferas, ampliando a área de influência do município e, sempre, se revertendo em inúmeros benefícios para a região.
Exceto pela herança genética, atalho congestionado e indevido da nossa política, basta observar a política nacional e verificar que a quase totalidade de nossa classe política aprendeu a arte nas câmaras, como se fossem escolas de política.

Tenho, com insistência, defendido a importância do voto ao legislativo, muito eficaz como fator de equilíbrio das administrações públicas. Bons prefeitos se tornam melhores e a cidade pode ser protegida pelos vereadores sempre que a escolha apontar para péssimos gestores.

Registro fundamental: as funções primordiais do vereador são a função legislativa e o dever fiscal que, em conjunto, definem os deveres essenciais dos eleitos, embora, reconheço, o nosso país injusto, sempre com boa parcela da população fora do guarda-chuva de proteção das políticas públicas, torna ainda necessário o papel assistencialista do legislador, além da função de intermediação das demandas localizadas junto ao poder central.

Face ao exposto, fica a dúvida: qual o perfil adequado do vereador que devo escolher para me representar?
O ideal é que a Câmara consiga conjugar todos os perfis listados. Reconheço a necessidade, circunstancial, do vereador assistencialista, enfatizo a importância da representação geográfica, a ponto de ser defensor intransigente do voto distrital misto, além de saber que especialistas, em especial de áreas fundamentais, como saúde, educação, economia, infraestrutura e geração de emprego, serem imprescindíveis na composição do legislativo.

Se tem tantas possibilidades, a quem devo escolher? Reconhecendo que todos terão muitas opções de voto, entre conhecidos, parentes e amigos, a sugestão é que dentre esses, que você dispõe de acesso e liberdade, a escolha recaia sobre alguém com capacidade de atender a mais importante das alternativas listadas, ou mais de uma delas, se possível.

Em se tratando de gente digna, ética e qualificada, o seu perfil de atuação pode ser variável que, esteja certo, você estará bem representado e terá orgulho do seu voto.

Por outro lado, se deseja jogar fora seu voto, basta que escolha candidatos que não tem personalidade para se impor e ter discernimento de votar segundo o interesse de seus representados, ou sua consciência, se eximindo do papel de vereadores e se transformando em meros empregados do prefeito com cargo remunerado pela Câmara, algo extremamente comum e prejudicial aos eleitores e ao município.

Não sei qual a sua prioridade, mas tenho certeza de que, dentre os postulantes, sempre haverá gente digna, ética e que saberá honrar sua escolha. Leve o voto para vereador a sério, esteja certo de que é a melhor maneira de assegurar eficiência e equilíbrio no outro voto, aquele que concentra o debate e as atenções, porque a nossa cultura se acostumou com o prefeito patrão, prefeito totalitário e, caso ainda se recorde, a tal da tão desejada nova política, nos impõe que este novo prefeito seja apenas o gerente do projeto que a população aprovou nas urnas.

Em qualquer hipótese, no início do processo eleitoral municipal, desejo que o bom senso prevaleça, sem o ódio e a polarização ridícula que caracterizaram a disputa de 2022.

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