Campanha de Vacinação contra a Influenza ainda não atingiu meta

Objetivo é vacinar 90% entre grupos prioritários; União da Vitória tem taxa de 75% e Porto União de 68%


(Reprodução/Internet)

Iniciada em 12 de abril, a 23ª Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza ainda não atingiu o objetivo de vacinar 90% dos grupos prioritários. No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, até a quarta-feira, 08, o país havia vacinado 71,10% do público-alvo.

Em números absolutos, das 55,3 milhões de pessoas pertencentes a grupos prioritários, 39,3 milhões foram imunizadas.

Entre os públicos-alvo, o que registra maior taxa de vacinação no país é o das puérperas, ou seja, mulheres que deram à luz recentemente: 79,60% das pertencentes a esse grupo foram imunizadas.

Em contrapartida, o grupo formado por trabalhadores da saúde é o que demonstra menor adesão à vacinação, com taxa de imunização de 66,50%.

O nordeste é a região do Brasil com melhor índice de vacinação, apresentando taxa de 74,60%. Na sequência vem a região centro-oeste, com 72,20%; o sul, com 71,90%; o sudeste, com 69,20%, e o norte, com 67,10%.

Quanto aos estados, o único a atingir e ultrapassar a marca de 90% de vacinados é o Amapá. Entre os 26 estados e o Distrito Federal, o Paraná aparece na 19ª colocação, com taxa de imunização de 67,40%; Santa Catarina é o 21º, com taxa de 66,90%.

Além de prevenir casos de gripe em pessoas com sistema imunológico mais frágil, neste ano a campanha ganhou uma importância dobrada por conta da Covid-19 pois, ao ser vacinada contra a influenza, os sintomas que podem ser confundidos com coronavírus são reduzidos.

Atualmente, a vacinação contra influenza pode ser feita simultaneamente com a vacinação contra Covid-19, não sendo mais necessário aguardar o período de 14 dias entre a aplicação dos imunizantes, como indicado anteriormente pelo Ministério da Saúde.


Vacinação no Vale do Iguaçu

Tanto União da Vitória quanto Porto União apresentam taxas maiores do que as estaduais, ficando na casa dos 75,20% e 68,20% respectivamente.

“A procura pela vacina neste ano de 2021 infelizmente foi menor que outros anos”, aponta o secretário de Saúde de Porto União, Marivaldo dos Reis. Nos dois municípios a vacinação está aberta para o público geral com idade acima de seis meses. Para ser imunizado, é necessário apenas comparecer em uma Unidade de Saúde.

Nenhum dos municípios registrou casos oficiais de gripe neste ano. Fernando Ferencz, secretário de Saúde de União da Vitória, explica que no município, apenas uma parte dos casos de síndrome respiratória são testadas para o vírus.

“De todos os sintomáticos respiratórios, uma amostragem vai para Influenza, pois a maioria fica como suspeita de Covid-19 mesmo. Dessa amostragem todos tiveram resultados não detectáveis”.


Vacinação na região

Entre os municípios da região da Associação dos Municípios Sul Paranaense (Amsulpar), o único que já bateu a meta de vacinação é Antônio Olinto, com taxa de 97,30%; dois municípios chegaram na casa dos 80%, sendo eles Porto Vitória (85,80%) e Bituruna (80,40%).

União da Vitória é o quarto município com maior taxa (75,20%), seguido por São Mateus do Sul (75,10%); Paula Freitas (72,40%); Paulo Frontin (71,40%) e General Carneiro (71,20%). Cruz Machado é o município da região com menor taxa de cobertura vacinal (68,70%). O índice da Amsulpar, levando em consideração todos os nove municípios, é de 75,70%.

Em Santa Catarina, dos dez municípios da Associação dos Municípios do Planalto Norte Catarinense (Amplanorte), apenas Irineópolis ultrapassou a marca de 80% de vacinados.

No município, a taxa de imunização é de 88,40%; em seguida vem os municípios de Três Barras (74,10%), Mafra (73,40%), Monte Castelo (71,90%), Itaiópolis (68,50%), Porto União (68,20%), Bela Vista do Toldo (67,60%), Canoinhas (67,30%), Papanduva (54,70%) e Major Vieira (53,50%). A taxa média entre os municípios é de 69,30%.


Cuidados com gripe e resfriado

Apesar de serem doenças com a cara do inverno, a gripe e o resfriado não deixam de marcar presença nas estações mais quentes do ano. No verão e na primavera, os principais inimigos são a troca brusca de temperaturas (sair de um ambiente climatizado e entrar em um em temperatura ambiente, por exemplo), e o ressecamento das mucosas por conta de ventiladores e ar condicionado.

Além disso, os dois itens mais utilizados para refrescar os ambientes também podem ajudar a propagar o vírus que está no ar.

“O uso de ventilador e ar-condicionado pode sim ajudar na transmissão viral, já que a principal forma de contágio é através da inalação de gotículas contaminadas. Por isso, não é recomendado manter ambientes fechados somente com o ar-condicionado ligado ou até mesmo o ventilador, que podem espalhar as gotículas pelo ambiente. Se for inevitável, a recomendação é ligar o ar-condicionado ou utilizar o ventilador de teto mantendo as janelas bem abertas para a renovação do ar”, indica o médico Bruno Clivatti.

Apesar de apresentarem sintomas similares, Bruno aponta que a gripe e o resfriado são diferentes. Ambos podem causar tosse, coriza e espirros, mas na gripe o estado geral costuma ser pior, podendo o paciente apresentar também dores no corpo, mal estar e febre mais acentuada.

“Gripe e resfriado podem cursar com sintomas semelhantes porém são causadas por vírus diferentes. A gripe é causada pelo vírus influenza. Já o resfriado pode ter como causa diferentes tipos de vírus sendo que os rinovírus são os principais responsáveis. A principal forma de evitar a gripe é através da vacina que deve ser aplicada anualmente e tem uma proteção de aproximadamente 70-90%. Para o resfriado ainda não há vacina disponível”.

Segundo Bruno, as pessoas mais propensas a ter uma gripe ou resfriado são aquelas com imunidade baixa, que não fazem higiene adequada das mãos, que frequentam ambientes mal ventilados e com aglomeração e também os não vacinados.

Quanto à vacina, Bruno aponta que, diferentemente da crença popular, o imunizante não pode causar gripe.

“É importante salientar que a vacina da gripe não pode causar gripe já que é aplicada com vírus inativado. O que ocorre é que as reações da vacina da gripe podem ser semelhantes a um quadro gripal e existe a possibilidade da pessoa vacinada ser acometida por outro vírus respiratórios que a vacina não protege”.

Para evitar a contaminação, o médico indica, além da limpeza das mãos e a preferência por lugares bem ventilados e sem aglomeração, bons hábitos, como alimentação saudável, prática de exercícios físicos e sono de qualidade.

“Não faz parte da nossa prática no Brasil mas um aprendizado importante que poderíamos adquirir com a experiência vivenciada na pandemia seria o uso de máscaras pelas pessoas que estão com sintomas respiratórios. Essa atitude certamente reduziria consideravelmente a transmissão viral. Importante lembrar que a gripe também pode ser fatal ao acometer pessoas com comorbidades e imunodeficiências”, comenta Bruno.

Em caso de contaminação, o médico aponta que uma pessoa gripada ou resfriada deve repousar, ficar bem hidratada, cuidar da alimentação e utilizar medicamentos para controle de sintomas.

Contudo, como os sintomas da gripe e do resfriado são muito semelhantes aos da Covid-19, Bruno lembra que é necessário comunicar a unidade de saúde de referência caso possua algum sintoma respiratório como tosse, coriza e espirro.

“A suspeita de Covid deve ser levantada sempre que o paciente apresentar sintomas respiratórios ou tiver contato próximo com alguém com sintomas respiratórios sem diagnóstico definido. O isolamento deve ser realizado até a realização do teste para evitar a manutenção da cadeia de transmissão. É recomendado que todo paciente com sintomas respiratórios, mesmo na ausência de febre, comunique a sua Unidade de Saúde de referência imediatamente para que seja orientado a realizar o isolamento e seja agendado o teste para descartar o Covid, que deverá ser realizado a partir do terceiro até o sétimo dia do início dos sintomas”, explica.

Marivaldo reitera a necessidade de se procurar uma Unidade de Saúde em caso de sintomas gripais para que possa ser descartada a suspeita de Covid-19.

“Por estarmos em pandemia, o município de Porto União centralizou os atendimentos com suspeita de Covid-19, o qual consequentemente se confunde com gripes, resfriados ou amigdalite. Por este motivo, todas as pessoas que apresentarem algum sintoma gripal como coriza, cefaléia (dor de cabeça), febre, tosse, entre outros, devem se dirigir a Central Covid”.

Quanto à vacinação, Bruno indica que os que receberam imunizantes contra a Covid-19 também precisam ser vacinados contra a gripe, pois os imunizantes agem de forma diferente no organismo.

“Com certeza é de grande valia fazer a vacinação da gripe mesmo para os pacientes que já receberam a vacina da Covid. Cada vacina protege contra tipos diferentes de vírus, e quanto maior o número de vacinas aplicadas, menor é o risco individual de complicações e maior é a proteção coletiva contra doenças”.

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