TABLETS E SMARTPHONES: Na medida certa, uso pode ser saudável

Para as crianças, exposição demais é prejudicial

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Atualizado há 5 anos

(Foto: Pixabay).
(Foto: Pixabay).

Pergunte à uma criança o que ela consegue fazer: jogar no celular ou amarrar o tênis? Um curioso estudo realizado pela AVG Technologies revelou que na faixa etária entre os três e cinco anos, mais crianças são capazes de operar jogos de computador (66%) ou utilizar um smartphone (47%) do que de amarrar os próprios tênis (14%) ou nadar (23%). Os dados são da última pesquisa da série de estudos ‘Digital Diaries’, realizadas desde 2010 pela AVG Technologies, fabricante de softwares de segurança para computadores e dispositivos móveis. Foram entrevistadas mais de seis mil mães em dez países, incluindo o Brasil, para traçar um panorama de como as crianças utilizam dispositivos tecnológicos e a internet.

A pesquisa mostra ainda que muitos pais estão criando uma vida digital para seus filhos antes mesmo que eles possam andar, falar ou mesmo antes de terem nascido. Os dados globais apontam que 81% das mães já postaram fotos de seus filhos na internet. No Brasil, o número é ainda maior: 94% das mães já admitiram a prática, e a maior parte das fotos foram postadas antes do bebê completar um ano de idade.

Não há como fugir da tecnologia. Cada vez mais, ela invade as casas, escolas e interfere nos hábitos familiares. Mas, um pouco de cuidado vai bem. Esse foi o alerta da gestora de Educação Infantil, Shirley Szeiko, na entrevista que concedeu ao jornal O Comércio e à CBN Vale do Iguaçu há poucos dias. “Nossos lares foram invadidos por aparelhos eletrônicos que se espalham por todos os lados. Desta forma, as crianças nascem e crescem em um ambiente diferenciado, onde estão expostas às diferentes formas de estímulos digitais”, pontuou.

Para a profissional, no caso da Educação Infantil, por exemplo, explorar o tablete como ferramenta no cotidiano da Educação Infantil pode otimizar, colaborar e inovar a aprendizagem. “Além da busca de informações e realização de pesquisas tem a mobilidade de organizar as crianças em grupos, sentados em roda ou em espaços abertos, fora da sala de aula”, completa. Os tablets estão sendo utilizados nas etapas do projeto, como fonte de pesquisa e escrita e nas atividades desenvolvidas em sala de aula, ajudando na coordenação motora, concentração e no trabalho com as letras do alfabeto e números”, aponta.

Como suporte na educação, seja qual for a idade, a tecnologia pode ser usada com consciência – e apropriada. É como a vida já ensina, em todos seus aspectos: tudo o que é em excesso, faz mal.

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ENTREVISTA
Jornal O Comércio (JOC) – O uso da tecnologia por parte das crianças, é um beneficio ou perda da infância?
Shirley Szeiko (Shirley) – É um tema bastante discutido hoje em dia. Isso depende do uso que os pais e educadores fazem dele. Você pode oferecer aplicativos de acordo com a idade das crianças, por exemplo, mas se passa de um limite é ruim. Se ele vira rotina, é ruim. É preciso tomar cuidado em relação à isso.

JOC – Como avalia a pesquisa da AVG Technologies?
Shirley – Isso mostra a questão do excesso no mundo da tecnologia.

JOC – Como a tecnologia pode ser benéfica?
Shirley – O uso é benéfico em alguns pontos, quando é usado para um conhecimento específico, por exemplo, para desenvolver algum aprendizado. Passando esse tempo, influencia na rotina da criança.

JOC – Existem limites para serem colocados a todo tipo de mídia?
Shirley – Com certeza. A criança tem que exercitar a linguagem, a comunicação e quando ela fica exposta demais, ela não observa o mundo ao redor dela. Ela deixa de olhar o espaço onde ela está.

JOC – Qual seria o tempo ideal para ficar diante da tela?
Shirley – Dependente da idade. Até os dois anos, seria bom não ter acesso. A partir dos três anos, o limite máximo seria de 60 minutos, mas quanto menos, melhor.

JOC – As escolas têm incentivado o uso de aplicativos de celular? Como os pais gerenciam isso com os filhos?
Shirley – A escola usa, mostrando essa relação com o aprendizado. A família pode criar combinados, acompanhar o aplicativo, fazer uma relação com algo importante. Não é apenas largar nas mãos das crianças.