11º Ciclo de Conscientização discute trabalho infantil e saúde do produtor rural

Evento reuniu 700 produtores de tabaco e autoridades locais em Ivaí e Rebouças

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Atualizado há 5 anos

Público de Rebouças prestigiou o evento (Fotos: Junio Nunes).
Público de Rebouças prestigiou o evento (Fotos: Junio Nunes).

Promovido pelo Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco) e empresas associadas, com apoio da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), o 11º Ciclo de Conscientização sobre Saúde e Segurança do Produtor e Proteção da Criança e do Adolescente reuniu um público de aproximadamente 700 produtores de tabaco e autoridades locais nas cidades paranaenses de Ivaí e Rebouças.

O evento, que acontece desde 2009, atende aos acordos firmados perante o Ministério Público do Trabalho, e já conta com a participação de mais de 25 mil pessoas de 60 municípios. O Ciclo tem como objetivo discutir temas importantes como trabalho infantil, utilização da vestimenta de colheita e cuidados no manejo de agrotóxicos.

Ciclo também aconteceu na cidade de Ivaí
Ciclo também aconteceu na cidade de Ivaí

O Brasil é o 2º produtor mundial de tabaco e o maior exportador dentro de um mercado externo que busca a produção sustentável, com garantias de que não foi utilizada mão de obra infantil ou que existiram danos à saúde e segurança dos produtores rurais. Seguindo este raciocínio, o presidente do SindiTabaco, Iro Schünke, reforça que “iniciativas como estas são importantes para conscientizar os produtores rurais sobre os cuidados à saúde do trabalhador e o bem-estar de todos os envolvidos na cadeia produtiva”.

Iro Schünke, presidente do SindiTabaco
Iro Schünke, presidente do SindiTabaco

Para o executivo, “a família é a primeira escola da criança onde valores essenciais são adquiridos, é um local de crescimento pessoal e transmissão de cultura entre as gerações”. O executivo explica que os processos mudaram, tanto na forma de se comunicar, como no modo de gerir a propriedade. “Os jovens precisam estar hoje muito melhor preparados para enfrentar os desafios da vida e o aprendizado obtido na escola é fundamental tanto para o desenvolvimento pessoal como para o profissional. A educação hoje é a melhor herança que podemos deixar para os nossos filhos”, complementa.

O gerente de assuntos ambientais da Afubra e coordenador geral do Projeto Verde é Vida, Adalberto Huve, endossa o movimento e reforça que esse trabalho coletivo de conscientização é muito importante para manter a credibilidade do setor. “Nós sabemos o quanto a produção do tabaco é relevante aqui no Sul do Brasil. Se todos nós trabalharmos em conjunto para levar o conhecimento e esclarecimento à cadeia produtiva a sustentabilidade do negócio se torna muito mais nobre, resultando num produto com muito mais qualidade”.

Os municípios de Ivaí, com uma produção de quase 5 mil toneladas de tabaco, e Rebouças, com mais de 3,5 mil, estão entre os maiores produtores da folha no Paraná, estado responsável por aproximadamente 20% do processo produtivo no País.

O Prefeito Municipal de Rebouças, Luiz Everaldo Zak, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rebouças, Vanderson de Souza Andrade, os presidentes do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e do Sindicato Rural de Ivaí, Claudinei Brylak e David Ribeiro, além de diversas autoridades locais, acompanharam a programação que iniciou com um bate-papo sobre proteção da criança e do adolescente com a participação do procurador aposentado pelo Ministério Público do Trabalho, Veloir Dirceu Fürst, e da advogada e socióloga, Dra. Ana Paula Motta Costa. Em um vídeo em formato de perguntas e respostas, eles responderam questionamentos comuns dos produtores sobre o tema trabalho infantil.

No Brasil, o decreto 6481/2008 regulamentou duas convenções internacionais, seguindo a recomendação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o que colocou o tabaco na lista de formas de trabalho e, portanto, proibidas para menores de 18 anos. O trabalho infantil se caracteriza ao utilizar crianças ou adolescentes para substituir a mão de obra adulta necessária, privando-a de educação ou de momentos de lazer.

Na sequência, o Dr. NikoTino trouxe informações sobre a correta aplicação, manuseio e armazenagem de agrotóxicos, bem como sobre a utilização da vestimenta de colheita. Conheça alguns dos pontos destacados por ele ou assista ao vídeo completo no canal do SindiTabaco no Youtube.

  • Somente utilizar agrotóxicos registrados, de acordo com a receita agronômica;
  • Manter o pulverizador em perfeitas condições de uso e sem vazamentos;
  • Durante o manuseio e aplicação de agrotóxicos, sempre utilizar o EPI;
  • Não permitir a aplicação por menores de 18 anos, idosos e gestantes;
  • Armazenar os agrotóxicos em armário feito de material resistente, chaveado e destinado somente para esse fim, com acesso restrito a trabalhadores orientados a manuseá-los;
  • Não reutilizar embalagens vazias de agrotóxicos para qualquer fim;
  • Realizar a tríplice lavagem da embalagem vazia de agrotóxico, utilizando o EPI;
  • Sinalizar áreas tratadas com agrotóxicos com placa específica para este fim;
  • Usar sempre luvas impermeáveis e vestimenta específica para a colheita;
  • Evitar colher quando as folhas estiverem molhadas pela chuva ou orvalho;
  • Dar preferência aos horários menos quentes do dia para a colheita do tabaco;
  • Além do momento da colheita, o produtor deve ficar atento durante o desponte, o carregamento e a cura/secagem das folhas.

O encerramento ficou por conta da peça teatral Rádio Fascinação, encenada pelo grupo de atores de Santa Cruz do Sul (RS), Espaço Camarim, que também interagiu com o público e relembrou os principais pontos de forma lúdica e bem-humorada.

Peça teatral Rádio Fascinação arrancou risadas dos participantes
Peça teatral Rádio Fascinação arrancou risadas dos participantes