A cena se repetiu três vezes ao longo da última semana do mês de março e ainda irá acontecer mais seis oportunidades nas duas primeiras semanas de abril. Centenas de produtores rurais se reuniram com um entusiasmo típico de quem se orgulha por seguir sua vocação de produzir alimento. Nos dias 26, 27 e 28 de março, especificamente, foram centenas de líderes rurais das regiões Sudoeste, Oeste e Noroeste que participaram das três primeiras edições do 1º Encontro Regional de Líderes Rurais. Os eventos aconteceram respectivamente em Pato Branco, Assis Chateaubriand e Umuarama.
De evento em evento, logo após o bate papo da chegada, o clima fraterno tomou conta. Mesmo aqueles que nunca tinham se visto antes, se abraçaram em uma manhã inteira de reflexão sobre conquistas do passado, práticas do presente e estratégias para fortalecer ainda mais o futuro do sistema sindical rural. Dividida em mesas, a plateia vidrada mostrou o interesse nos temas debatidos: sustentabilidade sindical, liderança rural, sucessão no campo, entre outros.
A cada evento de debates intensos com os produtores, o presidente da FAEP, Ágide Meneguette, reforça que o trabalho de mobilização historicamente tem levado o Paraná a um papel de destaque no agronegócio. Ainda, o dirigente destacou a necessidade de avançar para manter esse posto.
“Temos motivo para nos orgulharmos. Se hoje o Paraná é visto como destaque do agronegócio, isso se deve ao trabalho feito pelos produtores mobilizados, os sindicatos rurais e a Federação. Cada um faz a sua parte nos seus municípios, o que permite ao Paraná seguir em frente. Temos que continuar com o fortalecimento de um sistema sindical nessa mesma direção na qual estamos trabalhando, sempre cumprindo um papel cada vez melhor em prol dos nossos interesses”, prioriza.
Meneguette cita conquistas como a manutenção do Código Florestal, os avanços sanitários com a caminhada rumo ao Paraná a se tornar área livre de febre aftosa sem vacinação, entre outros aspectos para exemplificar o quanto ter um sistema sindical robusto interfere positivamente na vida do produtor rural. “Eu tenho certeza que ninguém sozinho teria conseguido conquistas que viabilizam a rentabilidade, crescimento e desenvolvimento da atividade rural. Todos juntos temos relevância, representatividade e recursos para lutarmos pelos nossos interesses”, avalia.
Na abertura do primeiro evento, em Pato Branco, Oradi Caldato, presidente do Núcleo Sindical da região, também enfatiza o papel do sistema sindical no fortalecimento do trabalho dos produtores. “A mobilização sindical é algo de valor inestimável. Temos inúmeras conquistas na nossa história que só conseguimos pela participação ativa dos produtores no nosso sistema. É nosso dever encontrar formas de seguirmos com o fortalecimento dos nossos sindicatos e da Federação”, aponta.
No encontro seguinte, em Assis Chateaubriand, Valdemar Melato, presidente do Núcleo Regional dos Sindicatos Rurais do Oeste do Paraná, reforçou a necessidades dos produtores e trabalhadores rurais fazerem as suas defesas. “Só conseguimos fazer isso por meio da união da nossa categoria por seus representantes. A FAEP tem feito muito bem isso. Temos também o SENAR-PR, que treina e qualifica os produtores e trabalhadores. Precisamos nos unir cada vez mais, não apenas criticando. Precisamos de uma postura de proposição, de ideias, de ver o que podemos fazer para ajudar nossa categoria”, resumiu.
Na abertura do terceiro e último evento da primeira semana do 1º Encontro Regional de Líderes Rurais, o presidente do Núcleo de Sindicatos Rurais de Entre Rios, Braz Roberte Pedrini, destacou que o encontro foi uma forma de motivar os líderes a buscarem estratégias para a ampliação da participação dos produtores nas ações dos sindicatos rurais. “O evento veio em muito boa hora, pois vivemos um momento-chave para definirmos como nosso sistema sindical vai se manter viável. A semente está plantada. Agora vamos arregaçar as mangas, qualificar líderes com formação de qualidade e atuar com tudo o que estiver ao nosso alcance, junto com a FAEP, para incentivar nossos produtores rurais e fortalecer nossa mobilização”, antecipou.
Palestra
A programação do 1º Encontro Regional de Líderes Rurais proporcionou ao público conhecimento quanto a necessidade da formação de líderes rurais e estratégias para fortalecer o sistema sindical. O consultor do Sebrae-PR Celso Garcia levou as participantes informações a respeito do tema “O poder de influência do produtor rural na sociedade 4.0”. O palestrante apresentou um panorama da educação brasileira comparada com a de outros países para trazer elementos sobre como isso influencia na lógica de funcionamento do país. Em seguida, a exposição também levou os participantes a uma reflexão sobre como as diferentes gerações precisam encontrar uma forma de minimizar os conflitos para caminharem em uma mesma direção, cada qual exercendo suas melhores habilidades.
Ainda, Garcia tratou a respeito de como a liderança é um fator de transformação, mas com um tipo específico de papel social. “Nossa liderança precisa ser transformadora. Temos que fazer nosso papel, e não é com carinho que se faz isso. E não é diferente para nenhuma classe profissional. Ou ocupamos nosso espaço, ou alguém ocupa. Enquanto estamos aqui tendo essa conversa, outras pessoas estão fazendo exatamente isso, ocupando espaços”, alerta.
Dinâmica
No terceiro momento da programação dos encontros, uma atividade dinâmica que teve por objetivo fazer os participantes pensarem, trocarem experiências e sugerirem estratégias para melhorar a representatividade dos sindicatos rurais e do sistema sindical como um todo. Incluir os jovens à mobilização sindical demonstrando a importância de se produzir alimentos, incentivar a formação de novas lideranças, investir em qualificação no meio rural, priorizar ações de sucessão familiar foram algumas das sugestões que mais apareceram entre os presentes nos três primeiros eventos.
Durante a dinâmica, o consultor da FAEP Claudinei Alves conduziu uma atividade para a promoção de um intercâmbio de ideias entre produtores rurais para gerar sugestões em direção ao fortalecimento do sistema sindical. “Nossa percepção é de que movimento foi bastante positivo no sentido de conversar com os líderes rurais sobre a necessidade de defender suas causas, que são comuns à classe do produtor rural. Um produtor rural sozinho não consegue sanar esses problemas.
Ele precisa se unir com outros por meio de uma bandeira, uma instituição que o represente. Essa instituição é o sistema sindical”, avalia. Após os três primeiros encontros, a percepção, em todas as regiões, é de que os participantes demonstraram enxergar nitidamente a necessidade de que o produtor precisa participar, se engajar, pensando em questões do interesse do campo, mas que muitas vezes estão delegadas a alguém que vai resolver a ele. Ou seja, o produtor está engajado para deixar o sistema mais participativo.