INOVAÇÃO: Erva-mate do Paraná será apresentada no Japão

Produto que incrementa a economia do Estado viaja para o outro lado do mundo. Amostras da planta serão divulgadas em evento técnico

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Atualizado há 6 anos

Do Brasil para o outro lado do mundo: planta será apresentada em evento técnico no Japão
Do Brasil para o outro lado do mundo: planta será apresentada em evento técnico no Japão

Representantes da cadeia produtiva da erva-mate do Paraná apresentaram recentemente ao secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, George Hiraiwa, amostras do produto que deverão ser levadas a um evento técnico no Japão, no mês que vem. Na Feira Internacional da Indústria de Kobe serão discutidas ações de intercâmbio e parcerias entre o Japão e outros 20 países. Conforme Hiraiwa, além do produto, embarcam nesta viagem ideias inovadoras. Uma delas por exemplo, é de um pesquisador de Cascavel (PR), que sugere a extração do mate em máquinas expressas – sim, igual o café, possivelmente a partir da moagem da folha. “Estamos muito animados para levar isso ao Japão”, sorri o secretário, que já experimentou o chimarrão, forma mais comum do consumo da planta. “O sabor é muito bom”, afirma.

A erva produzida no Estado tem o diferencial da origem nativa, sombreamento, genética local, clima e solo, por exemplo. Hiraiwa destacou a força produtiva do Estado e a importância de levar esse produto para outros mercados. “Secretaria e Emater vão trabalhar em conjunto. Vamos buscar articular uma audiência pública para discutir melhorias para o setor”, diz o secretário, que assumiu o cargo na metade deste ano.

Produção do mate

Levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura, aponta que em 2016 foram produzidas 464 mil toneladas de erva-mate no Estado, totalizando valor de produção de R$ 440 milhões. Dentro desse número, o município de Cruz Machado somou 83 mil toneladas em 2016, São Mateus do Sul (65 mil toneladas), Bituruna (43 mil toneladas), General Carneiro (33 mil toneladas) e Paula Freitas (31,8 mil toneladas). A cadeia da erva-mate também gera muitos empregos. Só em São Mateus do Sul a prefeitura estima que sejam 10 mil produtores.

Ouro verde no campo

A erva-mate foi tema de matéria especial produzida recentemente pelo jornal O Comércio. Como mostrou a edição, União da Vitória, junto com os municípios vizinhos, formam uma potência na produção e, no mercado nacional, é destaque. Voltando no passado, ocupar o topo hoje é uma forma de recompensa. É que a cultura da planta, ao lado da extração madeireira, acompanha o nascimento deste núcleo urbano. Dominar o mercado compensa as histórias de tantos imigrantes que encontraram na região – e na cultura da erva – uma forma de escrever seu próprio ciclo pessoal.

A erva-mate colocou o Paraná no mapa do País e do mundo, chegando a representar 85% da economia no final dos anos 20. O ciclo econômico da planta foi um dos grandes ciclos da economia brasileira. Iniciou em 1820 e declinou junto com o restante da economia mundial na crise de 1930. Até este período, foi a base econômica dos estados do Sul. Não é à toa que, junto com a araucária, o ramo da erva-mate está no brasão da bandeira do Estado.

Diferente de outras regiões, como o Rio Grande do Sul, onde a erva-mate é cultivada “no limpo”, a céu aberto, no Paraná predomina a planta nativa, que cresce naturalmente embaixo da sombra de outras plantas. As espécies que fazem vizinhança ao erval permitem com que os raios de sol não incidam diretamente sobre a planta. O cultivo assim traz benefícios, que vão desde o auxílio na preservação de espécies nativas até o bolso do produtor: as ervateiras chegam a pagar R$ 1 pelo quilo do produto, algo bastante expressivo e rentável. Isso porque a folha da planta sombreada, que é verde-escura, tem um sabor mais adocicado e, no mercado, a característica agrada ao paladar do consumidor.

Ainda que receba o manejo dos produtores, a produção sombreada é natural, com pouca intervenção. Neste aspecto, o Paraná produz mais de 80% da erva-mate “à sombra” no Brasil. O agronegócio vem mudando o cenário político e econômico do País. Indústrias pequenas e até a agricultura familiar, como é o caso dos produtores da região da erva-mate, estão incluídas neste nicho que vem melhorando a saúde financeira do Brasil.