PR acelera a busca pelo status de Zona Livre de Febre Aftosa Sem Vacinação

Estado se prepara há 40 anos para alcançar esse objetivo, que vai abrir mercados com remuneração melhor pela qualidade da carne paranaense

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Atualizado há 6 anos

A contagem regressiva para que o Paraná seja reconhecido como Zona Livre de Aftosa Sem Vacinação já começou. No dia 18 de junho deste ano, o diretor-presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Inácio Afonso Kroetz, encaminhou ofício ao diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), Guilherme Marques, solicitando que o órgão realize uma auditoria no Estado, visando a suspensão da vacinação e o reconhecimento como Zona Livre de Febre Aftosa Sem Vacinação.

Essa será a segunda auditoria realizada pelo Mapa no Paraná este ano. Em janeiro, profissionais do Ministério avaliaram os programas, estrutura, capacidades técnica, financeira e administrativa do nosso serviço de vigilância da sanidade agropecuária. O objetivo foi verificar se o Estado reúne condições de obter este novo status sanitário e depois mantê-lo adequadamente.

O resultado foi ótimo. O Mapa avaliou o serviço sanitário paranaense como um dos melhores do Brasil. Essa condição reforça o pleito do Estado de antecipar o cronograma para se tornar Zona Livre de Febre Aftosa Sem Vacinação em 2020, obtendo este reconhecimento junto à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) em 2021.

Segundo Kroetz, da Adapar, a febre aftosa é uma doença que mede, como um termômetro, a qualidade do serviço veterinário oficial. “Então, não se trata apenas de um título referente a uma doença, mas sim ter todo um serviço veterinário a altura, que seja capaz de garantir o Estado livre da doença sem vacinação”, afirma. Nesse sentido, o reconhecimento da OIE do Paraná como Zona Livre de Febre Aftosa Sem Vacinação será o coroamento de uma defesa agropecuária robusta e eficaz.

O Programa Nacional de Erradicação de Febre Aftosa (PNEFA) do Mapa, dividiu o Brasil em cinco blocos regionais para a retirada gradual da vacina. O Paraná inicialmente integra o Bloco V, junto com o Rio Grande do Sul, Santa Catarina (que já é área livre de febre aftosa sem vacinação), Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Ocorre que este bloco, de acordo com o cronograma estabelecido pelo PNEFA, só se tornaria livre da vacinação em 2023, um horizonte muito distante da vontade dos pecuaristas paranaenses e da capacidade do Paraná de estruturar sua defesa sanitária animal.

Além disso, existem diferenças de visão estratégica entre os Estados. Enquanto Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul têm seu grande potencial econômico na produção de aves e suínos, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul possuem foco na produção de bovinos. Por conta disso, pode haver diferentes interesses em investir na busca deste novo status sanitário. Fato evidente destas diferenças são as divisas que entraram no Estado em 2017 por meio da exportação de carnes. Naquele ano o Paraná respondeu por 14,5% da carne suína exportada pelo Brasil e 35,2% da carne de aves. Já a participação paranaense na exportação de carne bovina ficou em 1,8%. Isso indica que a cadeia da bovinocultura é importante, mas não tem tanto peso na nossa economia quanto a suinocultura e avicultura.

Essa condição se repete nos três Estados da região Sul, que juntos responderam por 84,9% das exportações brasileiras de carne suína no ano passado, 77,5% das exportações de aves e só 5,1% de carne bovina. Aguardar que todo Bloco V se estruture para retirar a vacina não é estratégico para os produtores paranaenses, uma vez que o Estado já tem todas as condições técnicas para isso. Dessa forma, o pleito do Paraná é que o Estado siga, de forma independente, o mesmo cronograma do Bloco I, que seria reconhecido como área livre da doença sem vacinação em 2021.

Mercado premium

A partir da conquista deste novo status sanitário, o Paraná poderá buscar novos mercados que pagam mais pela qualidade da carne. Apesar da espécie vacinada contra a febre aftosa ser a bovina, os impactos se refletirão em todas as cadeias de proteínas animal e vegetal, principalmente na avicultura e suinocultura, atividades nas quais o Paraná é tido como referência nacional e mundial na produção, tanto na qualidade como na quantidade.

Como maior exportador de aves e segundo maior rebanho de suínos do Brasil, o Estado teria grandes vantagens com a retirada da vacinação. “Esse reconhecimento de Zona Livre da Febre Aftosa Sem Vacinação, na verdade, é um atestado de que temos um bom sistema de defesa”, observa o diretor executivo do Fundo de Desenvolvimento da Agropecuária do Estado do Paraná (Fundepec), Ronei Volpi. Segundo ele, há mais de 40 anos o Paraná busca o fim da vacinação no Estado. “O último caso de aftosa no Brasil foi registrado há mais de 12 anos, já é hora de darmos este passo”, avalia.