Produção de alho em Santa Catarina está entre as maiores do País

Técnicas de combate às doenças garantem melhor produtividade

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Atualizado há 6 anos

O alho combina com várias receitas e também é usado no tratamento de uma série de doenças. Potente como tempero, esse produto todo especial também coloca Santa Catarina em níveis de admiração. A produção está entre as maiores do País. Na verdade, o Estado está no “top três”, fruto do trabalho da agricultura forte, mas também por conta das técnicas que exterminam pragas – sem deixar danos na qualidade do produto.

A Epagri, por exemplo, deu início recentemente na segunda etapa do Programa de Produção de Alho Semente Livre de Vírus. O objetivo é produzir sementes capazes de manter a alta produtividade das lavouras de alho nobre de Santa Catarina. Renato Vieira, gerente da Estação Experimental da Epagri em Caçador (EECd), explica que o Programa está sendo retomado devido a uma reinfecção natural que vem ocorrendo nas lavouras desde a primeira etapa, necessitando de novas gerações de sementes para manutenção da alta produtividade alcançada com o uso da técnica. “Estamos tratando de um programa iniciado ainda em 2004, quando a Epagri percebeu a necessidade de aumentar a produtividade das lavouras de alho”, explica.

O Programa identificou, ainda lá no começo, que a baixa produtividade das lavouras, na época, era fruto de infecções das sementes causadas por viroses. Para se ter ideia do sucesso do projeto, em 2004, a produtividade era de oito toneladas por hectare em média. “Com a distribuição das sementes produtivas na Epagri, a produção subiu para 11 toneladas, um ganho considerável e sem aumentar o custo para o produtor”, aponta o técnico.

Até o momento, já foram beneficiadas com o Programa cerca de 300 produtores, no Estado e alguns de fora de Santa Catarina também. A meta da Epagri é fomentar a produção de novas e mais sementes.

O processo

Conforme material sobre o assunto publicado no site do Governo de Santa Catarina, o processo de limpeza começa com a seleção das melhores cabeças de alho, ainda na lavoura. “No laboratório, os bulbilhos (dentes) são separados e tratados pelo processo de termoterapia. Os bulbilhos-sementes são colocados para germinar em uma estufa à temperatura de 38°C durante 15 dias para paralisar a multiplicação de vírus alojados na semente”, continua a reportagem.

A etapa seguinte é a cultura de meristemas (tecido vegetal responsável pelo crescimento da planta), quando os pesquisadores retiram porções de células isentas de vírus localizadas no meristema, um tecido embrionário presente na base do bulbilho, próximo à região onde são emitidas as raízes.

Depois de isoladas, as células do meristema são cultivadas in vitro por cerca de 120 dias, até formar pequenos bulbos. O cultivo in vitro é realizado em duas fases: a primeira, para a formação da parte aérea da planta, dura cerca de 30 dias. A segunda, para a formação do bulbo, leva em torno de 90 dias. “Para cada fase são utilizados diferentes hormônios de crescimento”, diz Vieira.

Finalizadas as etapas de laboratório, os bulbos são colhidos e, no ano seguinte, são plantados em ambientes protegidos de insetos transmissores de vírus, para multiplicação de bulbos maiores. A última etapa é a multiplicação em grande escala, já em áreas de lavouras de produção de sementes.

O processo completo para obter sementes livres de vírus leva três anos: o primeiro ano em laboratório, o segundo em ambiente protegido, e o terceiro ano para iniciar a multiplicação de sementes em lavouras de produção.