SAÚDE ANIMAL: Termina a última campanha de vacinação contra a Febre Aftosa

Paraná encerra ciclo de vacinação contra a doença. A partir de agora, controle se intensifica, para a abertura de novos mercados

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Atualizado há 5 anos

FEBRE AFTOSA: Nesta etapa, animais com até 24 meses de idade, foram vacinados (Foto: Arquivo/JOC).
FEBRE AFTOSA: Nesta etapa, animais com até 24 meses de idade, foram vacinados (Foto: Arquivo/JOC).

Termina oficialmente neste dia 31 de maio, a última campanha de vacinação contra a Febre Aftosa no Estado do Paraná. Após anos de trabalho, o status de área livre da doença sem vacinação, foi concedido. Na região Sul, o Paraná agora empata com Santa Catarina, que desde 2007 mantém a doença longe – e dispensa o uso de medicamentos. Em setembro, o Ministério da Agricultura publica um ato normativo que mudará o status do Estado para Área Livre de Febre Aftosa sem Vacinação, e a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) reconhecerá a condição do Paraná em 2021.

No Vale do Iguaçu, o escritório regional da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), trabalha com um cronograma em dia de vacinação. Até segunda-feira, 27, 70% do rebanho foi vacinado. Nessa edição, todos os bovinos e búfalos com até 24 meses foram vacinados. “A erradicação da doença sempre foi nosso objetivo. Já avançamos muito e vamos retirar”, comemora o supervisor regional da unidade, Osny Kaseker. Conforme ele, essa evolução sanitária é sinônimo de novos – e prósperos – negócios. “Isso é uma garantia de qualidade do rebanho paranaense, o que vai garantir a conquista de mercados internacionais”.

Esse parece realmente ser o futuro do Paraná. Por exemplo, um estudo divulgado em março pelos técnicos Marta Oliveira Freitas (Adapar) e Fábio Peixoto Mezzadri (Deral/Seab) mostra que o novo status pode dobrar as exportações de carne suína no Paraná, chegando a 200 mil toneladas ao ano. O cenário é previsto se o Estado conquistar apenas 2% do mercado potencial, liderado por China, Japão, México e Coreia do Sul, que pagam mais pelo produto com reconhecida qualidade sanitária, e representam 64% do comércio mundial de carne suína. As cadeias produtivas de carne bovina, aves e leite também serão beneficiadas com o acesso a mercados que remuneram melhor. “Isso é um prêmio para todos os envolvidos”, afirma Kaseker.

Com o fim da vacinação, o Paraná vai trabalhar apenas com o controle dos animais. A partir de agora, mais do que nunca, a participação do pecuarista, com anotações e repasse das informações sobre o rebanho, dentro de prazos e padrões, será fundamental. “E o nosso (dos técnicos) trabalho será apenas o controle. É uma prerrogativa para que consigamos e mantenhamos o status”, lembra o supervisor.

Preparação

Uma comitiva da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento e da Adapar percorreu, nos últimos dias, os municípios do Estado para promoção dos fóruns, ‘Paraná livre de Aftosa, sem vacinação’. “Levamos aos municípios uma oportunidade de esclarecer os benefícios da suspensão da vacinação no Paraná e tirar as dúvidas sobre os procedimentos que serão adotados”, afirmou o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara. Segundo ele, os produtores são fundamentais nesse processo e precisam estar informados sobre as práticas necessárias em sua propriedade. “O Paraná tem condições técnicas para garantir a defesa agropecuária e possibilitar, com a suspensão da vacinação, a entrada do Estado nos melhores mercados de proteínas animais”.

O diretor-presidente da Adapar, Otamir Cesar Martins, conforme matéria sobre o tema disponível na Agência Estadual de Notícias, avalia que os fóruns atingiram seu objetivo, mostrando os caminhos que o Paraná seguirá após a suspensão da vacinação. “Tivemos participação efetiva da iniciativa privada, e o público recebeu bem as informações, tanto no que diz respeito à escolha do Paraná pela antecipação da retirada da vacina quanto aos reflexos econômicos que a mudança trará ao estado”, diz.

Para o gerente de Saúde Animal da Adapar, Rafael Gonçalves Dias, o Paraná está preparado para o diagnóstico rápido da doença, que não se manifesta desde 2005. Para isso, estão sendo feitos treinamentos, análises do trânsito de animais e o fortalecimento de barreiras nas divisas do Estado. Segundo ele, cargas em trânsito de animais vacinados poderão transitar pelo Paraná desde que passem por pontos de ingresso estabelecidos pela Agência. A Adapar tem 33 postos de fiscalização.